Dezembro de 2017 foi emblemático para o bitcoin. No dia 11, a mais conhecida das criptomoedas alcançou a cifra de US$ 18,2 mil por unidade e, de quebra, elevou também o valor de moedas similares. O alvoroço só não foi maior porque 24 horas depois a moeda digital perdeu quase 23% desse valor. Estaríamos diante de uma nova bolha? Verdade ou não, o fato é que a alta do bitcoin mostrou a relevância do blockchain, de quem ele deriva. Para entender melhor esses dois universos, conversamos com Carl Amorim, country executive do Blockchain Research Institute no Brasil. Confira:
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Consumidor Moderno – Afinal, o que é blockchain?
Carl Amorim – Blockchain é a metade que faltava da internet. Hoje, transmitimos arquivo, informação ou conhecimento. Faltava a criação de uma internet de valor; algo que realmente transmitisse um ativo dentro de uma rede. Quando envio um documento e ele é replicado em diversos arquivos, tenho apenas um monte de lixo. Tudo mudou em 2008, quando Satoshi Nakamoto publicou um “paper” sobre a gestão de uma moeda digital. Foi aí que surgiu o bitcoin e, na sequência, o blockchain. A criptografia não foi a grande sacada dessa ideia, que já existia. A genialidade foi a mudança de um processo centralizado para um modelo distribuído. Nesse modelo, é a internet quem confere credibilidade a um ativo e não uma empresa ou instituição.
O que muda, na prática, com o blockchain?
Ele permite que você mande um ativo para alguém e garanta que esse ativo não seja duplicado. Isso serve para um título imobiliário, uma identidade, um voto, uma obra de arte. Passo a comercializar esse ativo no sistema “peer-to-peer”, ou seja, não preciso mais de um cartório para fazer o registro de imóveis nem do governo para emitir uma moeda.
O que garante a segurança do uso dessa tecnologia?
Muita gente diz que é por causa da criptografia. Isso é uma meia verdade. Os alemães aprenderam na Segunda Guerra Mundial que a criptografia pode ser quebrada com o passar do tempo. Para fraudar o blockchain, você precisa quebrar essa criptografia em um determinado prazo. Hoje, a cada dez minutos surge um novo bloco por meio das transações que estão sendo realizadas dentro do blockchain. O novo bloco acopla-se ao anterior, formando assim uma cadeia.