Trabalhar em uma empresa que ofereça benefícios pet, que podem incluir desde auxílio para compra de ração a licença-adoção ou por luto, parece ser só o sonho de tutores de animais de estimação, os famosos “pais de pet”. Mas políticas corporativas deste tipo já existem e estão se tornando cada vez mais comum.
Impulsionadas pelo mercado pet aquecido, as empresas têm passado a considerar a experiência dos seus colaboradores em relação aos seus animais. Afinal, nos últimos anos houve um aumento significativo de pessoas que contam com cães e gatos em casa. De acordo com o Censo Pet IPB/2022, a população doméstica de animais de estimação aumentou em 6% para felinos e a canina 4%.
Isso fez do Brasil o terceiro país em número de animais domésticos: são 149,6 milhões deles espalhados pelos lares brasileiros. Considerando os dados, o que os novos benefícios revelam é que nem o mundo corporativo pode mais ignorar que os animais domésticos estão, sim, sendo considerados parte da família.
“O impacto da pandemia provocou uma mudança de comportamento. Os tutores estavam mais próximos de seus pets e puderam perceber os benefícios da interação humano-animal. Hoje em dia, eles possuem uma preocupação maior sobre o bem-estar de seus animais”, comenta Natália Lopes, médica veterinária e gerente de comunicação e assuntos científicos da Royal Canin Brasil.
Seria a PetX – experiência pet – a nova tendência dos animais domésticos, que agora chega também às corporações?
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Animais de estimação se tornam protagonistas
Uma vez que os animais de estimação já são tidos por muitos como membros da família, empresas que consideram esta relação no momento de construir suas políticas de benefícios acabam demonstrando sensibilidade à nova tendência: pets são agora protagonistas.
Não só está em jogo o bem-estar dos colaboradores e o que eles esperam do local de trabalho, mas o incentivo a uma cultura organizacional que busca um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Também há o reconhecimento sobre os efeitos que a relação humano-animal pode trazer à saúde mental e física.
Uma pesquisa da HABRI (Human Animal Bond Research Institute) em colaboração com a Mars Petcare, por exemplo, identificou que 80% dos tutores de pets se sentem menos solitários por causa dos bichanos. “O reconhecimento do papel significativo dos pets na vida das pessoas têm impulsionado essa mudança de comportamento. À medida que mais empresas adotam políticas voltadas para os pets, é possível que essa tendência se fortaleça e se torne ainda mais comum no mundo corporativo”, afirma Juliana Gonçalves, diretora de RH da Royal Canin Brasil.
Da mesma forma, os próprios tutores têm se tornado mais conscientes das necessidades dos animais que adotam ou compram, buscando soluções que atendam às suas demandas específicas. Então, faz sentido que a preocupação chegue ao que se espera das companhias para as quais trabalham.
O que as empresas podem oferecer para tutores de pets?
Com escritórios pet friendly, a Royal Canin, companhia de ração e produtos para pets, foi uma das primeiras no Brasil a adotar benefícios voltados aos animais de estimação de seus colaboradores.
Segundo a diretora de RH da empresa, o ponto de virada para o fortalecimento de políticas internas deste tipo foi a percepção geral do valor emocional agregado ao papel de ser um tutor de pet e da importância dos animais de estimação na vida das pessoas. Além disso, a própria evolução do mercado pet fez com que eles fossem cuidados e valorizados mais do que nunca.
Assim, o que as empresas podem oferecer aos tutores de pet?
Licença-pet: desde 2018, a Royal Canin concede a Licença PETernidade, equivalente a oito horas ou um dia de trabalho, para novos tutores que adquirirem um bichano por meio de ONGs ou criadores. O objetivo é incentivar a posse responsável.
“Tornar-se tutor deve ser uma decisão consciente e planejada. Ao permitir que os funcionários tenham tempo para cuidar e se ajustar à chegada de um novo animal de estimação em suas casas, demonstramos compreensão e empatia em relação às necessidades e responsabilidades dos colaboradores”, comenta Juliana Gonçalves.
Licença por luto de pet: implementada em 2022 na empresa, pode ser usada pelo tutor que passa pela perda de um animal de estimação. Ela permite que o colaborador tenha um tempo adequado para lidar a perda de um parceirinho. Afinal, para a diretora de RH da Royan Canin, esta pode ser uma experiência emocional semelhante à perda de um ente querido.
Auxílio-pet: colaboradores e novos tutores recebem um auxílio da empresa para compra de alimentos para os animais domésticos.
Escritório pet-friendly: em dias específicos, as pessoas podem levar seus pets ao escritório. “Com isso, proporcionamos um ambiente de trabalho mais inclusivo, que reconhece e valoriza a importância dos animais de estimação na vida de seus colaboradores”, complementa Juliana Gonlçavez.
PetX e reflexos no mercado de animais domésticos
A importância das novas políticas corporativas voltadas à experiência dos pets e seus tutores caminha junto do crescimento deste mercado, que tem se expandido desde um aquecimento considerável na pandemia.
De acordo com o Radar Pet do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN), 30% de cães, gatos e outros animais de estimação foram adotados ou adquiridos no período pandêmico. Isso fez com que o Brasil fosse não só um dos países com mais pets do mundo, mas também um dos mais lucrativos.
Em 2021, por exemplo, o mercado de animais de estimação brasileiro faturou R$ 51,7 bilhões, segundo o censo do IPB. Já o SEBRAE estima que hoje existem mais de 285 mil empresas voltadas para os animais domésticos no Brasil.
Neste caso, a experiência pet começa a se refletir nas oportunidades de negócio: as empresas vão das mais tradicionais, como casas de banho e tosa, pet shops, clínicas veterinárias e passeadores/adestradores, a outras que revelam a criatividade do nicho, como creches, SPAs, organização de festa para pets, refeição natural, hotéis, pet sitter (babá) e serviço funerário e plano de saúde.
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