Acuado, um pouco escondido e assustado. É essa a postura que o Brasil tem assumido ? tanto diante do espelho, ou dos cidadãos que vivem no país, quanto perante o cenário internacional. A sensação do brasileiro é de que a situação fica pior a cada dia e mês.
Mas, se olharmos para dados concretos, quais mudanças enxergaremos no Brasil? A Ipsos Public Affairs, área da Ipsos especialista em pesquisa social e reputação corporativa, realiza há dez anos o estudo Pulso Brasil. Por meio dele, acompanha tendências político-econômicas e sociais do país.
Depois de uma década, então, a instituição realizou uma retrospectiva da pesquisa no período e trouxe informações sobre o Brasil ? inclusive em comparação com as condições de 2015.
O cenário atual foi uma surpresa para algumas empresas, como conta Alexandre de Saint-Léon, CEO Ipsos no Brasil. ?No começo do ano, participei de uma reunião com economistas de instituições bancárias. A perspectiva era mais otimista em relação à economia, principalmente porque apostavam em um ajuste fiscal?, diz.
A Ipsos, porém, não estava tão otimista, pois apostava que o governo não teria apoio político ou dos cidadãos na aplicação de ajustes. E a Ipsos acertou. Esse é apenas um exemplo do quanto a empresa é capaz de enxergar.
Temido cenário
Para a pesquisa Pulso Brasil, são realizadas, mensalmente, 1200 entrevistas, em 72 municípios espalhados pelo Brasil. O estudo acontece desde 2005. E, ao olhar para os dados econômicos obtidos a instituição percebeu alguns pontos negativos. O tão comentado valor do dólar comercial é um exemplo disso. Em 2005, quando o estudo começou a ser realizado, a moeda valia R$ 2,34. Em 2010, chegou a R$ 1,67. Neste ano, porém, até a finalização da análise da empresa, havia chegado a R$ 3,98.
Esse é apenas um dos valores que compõem o cenário do Brasil de hoje e que, é claro, refletem no comportamento do consumidor. Nesse sentido, o Índice Nacional de Confiança, obtido pela Ipsos junto à Associação Comercial de São Paulo, apresenta uma queda de 34 pontos em 10 anos. Em 2015, alcançou 81 pontos. Ou seja, o consumidor está muito menos seguro neste ano.
Tipos de consumidores
Apresentado esse contexto, a Ipsos dividiu os consumidores em quatro grupos:
? o pessimista ? vê o cenário de forma preocupante e sem perspectiva de melhora
? o desesperançoso ? não está confiante em relação ao futuro, apesar de achar que a economia está razoavelmente boa
? o confortável ? acredita que a situação não está ruim e continuará dessa forma, ou um pouco melhor
? o otimista ? confiante sobre a melhora, está em uma situação pessoal boa
Feita essa divisão, a Ipsos observou que, em 2005, os pessimistas compunham 19% dos entrevistados. Ao longo dos anos, esse número melhorou. Em 2010, chegou a 6%. Atualmente, porém, voltou a crescer ? e alcançou 18%.
É evidente que o cenário é um tanto complicado ? tanto para quem quer comprar, quanto para aqueles que desejam vender. Mas, nesse mesmo período de tempo, o Brasil também colecionou números positivos. Essa transformação, entretanto, foi feita na área social.
Falaremos mais sobre isso nos próximos textos, a serem publicados nos próximos dois dias. Não deixe de conferir!