O Open Finance está revolucionando o mercado financeiro ao permitir o compartilhamento de dados entre instituições financeiras e fintechs. O sistema completa, nesse mês de fevereiro, quatro anos apresentando avanços notáveis e transformações profundas na rotina dos consumidores.
Entre os progressos mais marcantes, o Open Finance proporciona maior transparência nos serviços financeiros. E isso faz com que os consumidores acessem informações detalhadas sobre suas contas e transações. Por consequência, os usuários ficam mais empoderados, o que também aumenta a confiança nas instituições financeiras, uma vez que a clareza nas informações é fundamental para a construção de relacionamentos sólidos. Ademais, a inovação é um componente chave do Open Finance.
Prova disso é que as instituições podem desenvolver novos produtos e serviços mais adequados às necessidades dos clientes, aproveitando dados e práticas de mercado atualizadas. Isso resulta em uma maior personalização das ofertas, onde o cliente recebe soluções financeiras que se alinham mais precisamente às suas expectativas e objetivos. Só para exemplificar, ao integrar dados bancários com plataformas de comparação de crédito, um consumidor pode identificar rapidamente as melhores taxas de juros. Dessa forma, a experiência do cliente não só se torna mais rica, mas também mais informada e consciente.
Além disso, a personalização dos serviços é uma vantagem significativa. Com o acesso a dados financeiros, as instituições podem oferecer soluções adaptadas ao perfil e comportamento do usuário, promovendo recomendações de produtos mais relevantes. Isso profissionaliza o atendimento e estreita o relacionamento entre cliente e instituição, criando um ciclo de maior fidelização e satisfação.
Avanços no quarto ano do Open Finance
Murilo Rabusky é diretor de negócios da Lina Open X, especialista em Open Finance. Em sua opinião, a evolução do PIX integrado ao Open Finance trouxe novas funcionalidades, como pagamentos recorrentes e transferências inteligentes, que tornam a gestão financeira de indivíduos e empresas mais simples. Ademais, segurança e a conveniência foram aprimoradas com a implementação de pagamentos por biometria e aproximação.
“A crescente utilização de Inteligência Artificial e Machine Learning foi outro marco, possibilitando a personalização de serviços financeiros, como análises de risco de crédito e ofertas personalizadas”, comenta Murilo. Além disso, a colaboração entre Open Finance e Open Insurance (Sistema de Seguros Aberto) vem avançando, permitindo a criação de seguros sob medida com base no comportamento dos usuários.
“As fintechs estão utilizando IA e dados compartilhados para promover a inclusão financeira. E isso está fazendo com que elas consigam oferecer crédito de maneira mais precisa e acessível. Essa metodologia, por consequência, já resultou em custos mais baixos e taxas de recuperação de crédito até quatro vezes maiores. Em síntese, funcionalidades como pagamentos automáticos via PIX e gestão financeira integrada auxiliam os consumidores a organizarem suas finanças e economizarem”, esclarece Murilo.
Desafios
Mas, nem tudo são flores nesse cenário. A pesquisa Datafolha, encomendada pela Zetta, revela que 45% da população bancarizada no Brasil conhece o termo “Open Finance”. Entretanto, somente apenas 5% se consideram bem informados sobre o assunto, enquanto 55% nunca ouviram falar do sistema. O conhecimento sobre Open Finance é maior entre pessoas com melhores condições econômicas, maior escolaridade e pertencentes a classes econômicas mais elevadas.
Eduardo Lopes, presidente da Zetta, comentou sobre a falta de conhecimento de algumas pessoas sobre o Open Finance, destacando que essa nova estrutura é projetada para ser “quase que invisível”. Ele explicou que o Open Finance permite a conexão de dados que resulta em novas funcionalidades e produtos, que muitas vezes são utilizados sem que as pessoas saibam que são baseados nessa estrutura.
Um olhar para o consumidor
Nesse sentido, um dos principais obstáculos do Open Finance é demonstrar seu valor imediato aos consumidores. Esses, por sua, vez, consoante Murilo Rabusky, desconhecem seus benefícios ou temem os riscos associados ao compartilhamento de dados financeiros.
Neste sentido, Rabusky destaca a necessidade de criar casos de uso que ilustrem claramente as vantagens, como a personalização de produtos e a simplificação de processos, além de enfatizar a importância de uma comunicação clara e da educação financeira. “O desconhecimento sobre o conceito impede a adesão, em contraste com sistemas já consolidados como o PIX”, aponta o especialista.
Em outras palavras, para avançar, é fundamental unir reguladores, instituições e consumidores em uma agenda voltada à educação, segurança e benefícios concretos. Por fim, para o futuro, sua expectativa é que, até 2025, a integração do Open Finance com outros setores amplie a personalização e inovação no mercado, posicionando o Brasil como um líder global no futuro do sistema financeiro.