Cerca de 50 milhões de brasileiros usam o serviço de saúde privado, através das operadoras de planos de saúde e odontológicos. O crescimento pela procura deste tipo de serviço acontece em decorrência dos problemas da rede pública de saúde, que apresenta dificuldade na gestão estratégica, ou melhor, na falta dela.
?No Brasil, a assistência médica pública é deficitária, pois não há hospitais, médicos e estrutura para atender toda a população, que não encontra um serviço digno e qualificado?, explica a presidente da Consultoria de Gestão de Saúde Victory, Vera Bejatto. Com a dificuldade em agendar consultas, receber tratamento e realizar exames na rede pública, os brasileiros buscaram contratar planos de saúde. ?Hoje em dia, da forma como a saúde pública está, é indispensável que, tanto as pessoas físicas quanto as empresas, contratem o serviço?.
Apesar dos milhões de brasileiros preferirem planos de saúde, milhares de usuários registraram reclamações referente a assistência à saúde ao Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor no ano passado. Para Vera Bejatto, que está no mercado de saúde há mais de 30 anos, os feedbacks negativos são na maior parte das vezes pautados graças a falta de conhecimento do contrato e das coberturas que foram contratadas.
O que mais incomoda os contratantes e gera inúmeras reclamações são os reajustes. Estes estão ligados com a quantidade de consumo que o cliente faz do plano e do custo médico hospitalar. ?A Variação de Custo Médico Hospitalar (VCMH) é quase quatro vezes mais elevada do que o IGPM (registro da inflação de preços, desde a matéria-prima até os serviços finais). Isto, portanto, eleva substancialmente os custos da assistência médica privada?, diz Bejatto.
A Variação de Custo Médico Hospitalar expressa a variação do custo médico hospitalar per capita das operadoras de planos de saúde. Por exemplo, em um grupo de dez pessoas, duas agendam uma consulta, cada uma custa 100 reais. Ao dividir o valor per capita, o resultado é de 20 reais. Este é o VCMH.
De acordo com a Presidente da Victory, o que mais eleva a Variação do custo médico hospitalar são as internações e materiais especiais (OPME), que costumam levar quase 50% do custo assistencial global. A outra metade dos está ligada com as consultas eletivas e em pronto-socorro, exames básicos e especiais, procedimentos ambulatoriais, as despesas administrativas/operacionais e os impostos.
Para que o reajuste não eleve, além das operadoras combaterem o aumento do CMH, é preciso que os usuários dos planos de saúde usem conscientemente os serviços médicos, como utilizem o pronto-socorro apenas em casos de urgência ou emergência; façam todo o tratamento com um único médico; guardem os exames para evitar repeti-los ou realiza-los em excesso e não faltem às consultadas já agendadas.
O objetivo dos planos de saúde é auxiliar o serviço de saúde público, enquanto este não consegue cobrir as necessidades da população. ?Sabemos como as finanças públicas são administradas no país, então sabemos que os planos privados irão continuar no mercado mesmo que o governo melhore sua capacidade de gerir recursos da saúde pública?, afirma Bejatto, que deixa um conselho a todos: ?É um alívio saber que, quando estamos doentes, temos um plano que cobre as despesas e ainda nos dá um atendimento digno e imediato. Não dá para arriscar ficar sem um plano de saúde?.