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O País que não tem desemprego. Nem emprego

O País que não tem desemprego. Nem emprego

Como explicar desemprego tão baixo num país que gerou em julho menos de 12 mil postos de trabalho?

Há 20 ou 30 anos, diante de um rápido processo de urbanização, as mulheres decidiram ter poucos filhos, e isso teve como resultado a escassez de jovens para trabalhar nos dias de hoje. No outro extremo, a população brasileira envelheceu rapidamente, o que reduziu ainda mais a oferta de trabalho, pois a maioria dos idosos é inativa.Ou seja, a oferta de trabalho está diminuindo com velocidade maior do que a da geração de empregos.

Isso significa que menos pessoas procuram emprego, o que faz reduzir a taxa de desemprego. Se o Brasil tivesse hoje o número de pessoas procurando emprego que tinha há oito ou dez anos, o desemprego estaria acima dos 8%. Estudo recente documenta esses fenômenos com uma metodologia rigorosa (André de Queiroz Brunelli, Two decades of structural shifts in the Brazilian labor market, Brasília: Banco Central do Brasil, paper 348, 2014).

No âmbito da fertilidade, a taxa caiu dramaticamente, de 3,9 filhos por mulher, em 1982, para 1,7 filho, em 2012. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida passou de 63,4 anos para 73,9 anos, indicando o referido envelhecimento da população.Entre 1982 e 2012, o grupo de crianças de 0 a 14 anos passou de 37,6% da população para 24,6% – uma queda de 13 pontos porcentuais.

É isso o que se reflete nos dias de hoje no número de jovens que deveriam estar procurando trabalho, e não o estão porque não existem. No outro extremo da pirâmide populacional, os idosos com mais de 65 anos passaram de 4%, em 1982, para 7,2%, em 2012. Quase dobraram.

Como a maioria não trabalha, tivemos aí uma outra redução da oferta.Mas nos dois grupos há um fenômeno adicional que acentuou a redução da oferta de trabalho. Entre os jovens que têm condições de trabalhar, muitos estão prolongando sua permanência na escola, adiando a sua entrada no mercado de trabalho. Isso é bom, pois teoricamente melhora o capital humano.

Entre os idosos com 65 anos e mais há o fenômeno inverso, ou seja, uma aceleração da saída do mercado de trabalho, influenciada pelos benefícios crescentes da aposentadoria e pelos valores generosos dos programas sociais do governo.Tais fatores se conjugaram para fazer reduzir a taxa de desemprego, mesmo com a geração de poucos empregos.

De janeiro a julho deste ano, foram criados cerca de 650 mil empregos e tudo indica que, ao longo do ano, o Brasil venha a gerar cerca de 1 milhão de empregos – bem menos do que os 2,5 milhões criados em 2010.O que esperar para os próximos anos? A dinâmica demográfica até aqui registrada tende a continuar, porque é de natureza estrutural.

O número de crianças até 14 anos cairá ainda mais, chegando a 20,1%, em 2022, e o de idosos subirá, chegando a 10,1% nesse mesmo ano.Com a persistente redução da oferta de trabalhadores, a taxa de desemprego só subirá no caso de o País amargar uma recessão prolongada decorrente do estado catatônico dos investimentos e sofrer um duro golpe na geração de empregos. A situação é preocupante. 

Convém lembrar ainda que, para o mesmo crescimento de PIB, a capacidade de gerar empregos vem diminuindo (José Paulo Chahad e Rafaella Gutierre Pozzo, Mercado de trabalho no Brasil na primeira década do século XXI: evolução, mudanças e perspectivas. Revista Ciência e Trópico, 2014).

Isso decorre de automação e melhoria da produtividade em setores específicos, como são os casos da agricultura, agrobusiness, veículos e bancos.Com esse quadro em vista, tudo indica que, mais cedo ou mais tarde, a taxa de desemprego do Brasil subirá, e não haverá força demográfica que seja capaz de revertê-la.

*José Pastore e José Paulo Chadad são membros do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP.

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