O momento é de cautela para o varejo de móveis e eletroeletrônicos. Foi-se a época de ouro e o protagonismo há, pelo menos, seis anos. Desde então, a derrocada de um dos maiores segmentos varejistas foi nítida, acompanhando de perto, e à risca, os indicadores econômicos do Brasil.
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Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio, medida pelo IBGE, o segmento de móveis foi, ao longo de praticamente uma década, o motor do varejo brasileiro, mas seu fraco resultado nos últimos anos ajudou a abalar esse desempenho. De 2004 a 2013, com exceção apenas do ano de 2009 – quando o Brasil foi afetado pela crise mundial do subprime nos Estados Unidos –, o setor teve desempenho superior à média do varejo restrito. O segmento puxava o mercado varejista como um todo pelo incentivo e pela popularização do crédito, grande aliado da categoria.
“Houve durante esses dez anos um período de expansão dessa atividade e um verdadeiro ciclo de crescimento. A partir de 2015, a economia brasileira vai ladeira abaixo, e o segmento de móveis e eletroeletrônicos também cai e demora a voltar por causa da desconfiança do consumidor”, analisa o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes.
Juntando o desempenho anual de 2015 e 2016, houve um acúmulo negativo nas vendas de 26,7% do varejo de móveis e eletroeletrônicos, contra perdas acumuladas de 10,5% do varejo restrito no mesmo período. Em 2017, o varejo restrito, enfim, apresentou crescimento de 2% e o segmento de móveis e eletro, 9,5%, de acordo com o IBGE.
Porém, Bentes diz que os primeiros resultados de 2018 demonstram que não há o que se comemorar tão cedo, uma vez que o resultado do ano passado foi influenciado pelos saques das contas inativas do FGTS. “Acredito que foi uma situação artificial. Se houvesse recuperação, de fato, isso seria denotado nos primeiros meses de 2018, o que não aconteceu”, afirma o economista da CNC. Até junho deste ano, o segmento de móveis e eletroeletrônicos cresceu apenas 0,6% no acumulado do primeiro semestre.
Apesar disso, grandes empresários do ramo demonstram expectativas positivas para um futuro próximo e acreditam em uma retomada do crescimento. A principal convergência de ações desse segmento é a imersão nos processos internos, a fim de otimizar toda a operação para preparar o terreno, e, sobretudo, a manutenção de preços baixos, embora as dificuldades sejam inúmeras para tornar essa tarefa executável para o cliente final.