A Ipsos divulgou os resultados de sua mais nova pesquisa: “Os Perigos da Percepção”. Realizado em 40 países, o estudo mostrou que a maioria deles têm sérios problemas com percepções erradas em vários assuntos. Por exemplo, entrevistado de todos os países pensam que sua população é menos feliz do que afirma ser. A maioria dos países aceita melhor homossexualidade, aborto e sexo antes do casamento do que imaginam. Em relação à desigualdade social, eles acham que as riquezas são menos concentradas do que realmente são.
Infelizmente o Brasil não só não é diferente como não está em uma posição legal. Nós ocupamos o sexto lugar no ranking “Índice da Ignorância”. Ou seja: o brasileiro tem uma percepção bastante distorcida da realidade.
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Para formular o ranking, a Ipsos considerou a diferença entre as respostas fornecidas pelos entrevistados do estudo (percepções) e os dados oficiais de cada país (realidade). Quanto maior a diferença entre percepção e realidade, pior é a classificação do país. Todas as questões têm o mesmo peso.
Os piores lugares ficaram para Índia (1º), China (2º), Taiwan (3º), África do Sul (4º) e EUA (5º). Holanda, Grã-Bretanha, Coreia do Sul, República Tcheca e Malásia, respectivamente, estão em outro extremo, com as opiniões mais precisas sobre os dados de seus países.
Pós-verdade
“Uma leitura geral da pesquisa mostra um mundo (e particularmente o ocidental) mais cheio de medo e intolerância do que é justificado pelas realidades. É muito 2016. A pesquisa também reforça o porquê de “pós-verdade” ser a palavra do ano. A pós-verdade é definida por Oxford Dictionaries como circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crença pessoal. E esta é exatamente a explicação para muitos dos padrões que vemos em nosso estudo”, analisa Bobby Duffy, diretor da Ipsos Mori, unidade da Ipsos no Reino Unido e responsável pelo levantamento “Perigos da Percepção”.
Brasil
Nosso sexto lugar no tal ranking da ignorância se justifica. Quando o assunto é distribuição de renda, por exemplo, os brasileiros acham que os 70% mais pobres possuem 24% da riqueza do país, mas na realidade só possuem 9%. No quesito felicidade, os entrevistados responderam que apenas 40% dos brasileiros estão felizes, mas o número correto é 92%.
Os brasileiros também superestimam o número de pessoas no país que acham a homossexualidade moralmente inaceitável (51%), quando muitos menos pensam assim (39%). Na Indonésia, país mais intolerante ao tema, o número é subestimado: pensam que o número é 79%, mas na verdade é 93%.
Da mesma forma, os brasileiros superestimam a preocupação com o sexo antes do casamento no Brasil. Não casar virgem é considerado moralmente inaceitável por 35% da população, mas os entrevistados pensam que esse número é 43%.
Já em relação ao aborto, acontece o fenômeno oposto: os brasileiros que responderam à pesquisa pensam que 61% consideram a interrupção da gravidez inaceitável, mas na realidade o número é 79%.
Para se ter uma ideia, até mesmo quando o assunto é religião a percepção não é correta. Os entrevistados brasileiros acham que o país tem uma população mulçumana muito maior do que realmente tem. Atualmente, menos de 0,01% da população no país segue a religião de Alah, mas a percepção é de que são 12%.