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De terceiro pai a cuidador de idosos: novas funções da tecnologia digital

De terceiro pai a cuidador de idosos: novas funções da tecnologia digital

Você terceirizaria a educação do seu filho para um robô? E a saúde dos seus pais? Antes de responder, veja a evolução das tecnologias associadas ao bem-estar

A CES 2023 é um evento gigantesco que se espalha por toda a cidade de Las Vegas e provoca reflexões menos pelas tecnologias que exibe e mais pelas implicações que estas mesmas tecnologias trazem para a sociedade, o comportamento e o funcionamento dos mercados.

Acompanhar eventos como o CES, que difundem tecnologias e protótipos de Lifestyle é sempre uma desafio quando projetamos essas ideias para a realidade brasileira. Ainda assim, nosso propósito em Consumidor Moderno, mais do que criar e alimentar fetiches sobre as possibilidades da tecnologia, é tentar mostrar como elas podem ser viáveis dentro das condições e dos contextos possíveis considerando a nossa cultura e condições.

Quando falamos no uso da tecnologia como instrumento de educação familiar, abordamos um assunto que está presente em milhões de lares do país, nas capitais e até mesmo em pujantes cidades do interior. É pertinente discutir como a tecnologia pode contribuir para a educação de crianças enquanto mal temos professores de ensino fundamental disponíveis para elas.

A CES 2023 explorou essa discussão ambivalente, o uso de ferramentas digitais no Interior das casas e como ela pode – ou não – complementar as atribuições dos pais também ajudar o cotidiano de pessoas idosas.

O terceiro pai

É possível pensar na tecnologia onipresente nas residências como um “terceiro pai”? Essa é uma reflexão necessária para educadores, psicólogos, antropólogos e cientistas sociais que realmente se importam em dimensionar os impactos da adoção e imersão em tecnologias e conectividade em nossa sociedade e como elas podem moldar ou sugerir comportamentos diferentes.

Dados do Pew Research Center mostrados durante a CES 2023 revelaram o comportamento contraditório dos pais diante do uso de tecnologia pelos filhos. O estudo compreende os EUA, mas os insights encontram correspondência evidente com a organização familiar no Brasil, ainda que ponderada pela assimetria e desigualdade de renda.

O que destacamos é a expressiva e precoce adesão das crianças aos smartphones e os conflitos sentidos pelos pais por conta disso.

  • Praticamente 7 em cada 10 pais de família acreditam que seus filhos estão mais propensos a ter problemas de relacionamento no futuro por causa do uso do smartphone;
  • Em compensação, 95 das crianças americanas de até 11 anos já tem um smartphone;
  • A penetração de dispositivos de telas ou que se ligam a elas é universal entre as crianças, seja a TV, utilizada por mais de 70% das crianças até 2 anos, passando pelo celular, tablet e os consoles de jogos;
  • O uso intensivo de telas, ainda que não seja compreendido em toda a sua dimensão, associado simplesmente à “tecnologia” ou às “redes sociais” (com índices de 28% e 29% no estudo), moldam a crença de que o exercício da paternidade hoje é muito mais difícil do que há 20 anos;
  • O viés aqui é que não é a “tecnologia” por si, ou o acesso às “redes sociais” que dificultam a educação e, sim, a inabilidade dos pais em lidar e confrontar seu papel em uma realidade digital. Isso porque os jovens da Geração Alpha, nascidos a partir de 2010, não se ligam em redes sociais (a exemplos dos irmãos da Geração Z, nascidos entre 1995 e 1999). Seu campo de atenção multitela é o game e seu espelho são jogos comunitários como o Fortnite. Aliás, os Alpha também já são chamados de Geração F (Fortnite, o jogo de ação rápido e vertiginoso, baseado em avatares que atiram uns nos outros com armas especiais);
  • A própria Geração Z já entende que a ideia de “rede social” é obsoleta porque valoriza o individualismo. Ela prefere ambientes sociais de conexão e networking, como o Discord, o Twitch e o TikTok, este associado à autoexpressão espontânea e momentânea, assino como o Instagram;
  • A criação de dispositivos de IA orientados à educação twmbém se populariza com rapidez. O melhor exemplo é o ROYBI Robot, um robô dotado de IA para educar crianças em linguagem e habilidades STEM. O robô recebeu prêmios e reconhecimentos mundo afora pela forma de interagir com as crianças.

Assim, é nítido que a tecnologia digital chegou para ficar como elemento indissociável da educação e formação dos jovens, com consequências ainda em consolidação. Como afirma o filósofo e ex- trader de sucesso, Nassim Taleb, autor de best sellers influentes e que causaram incômodo, como “A lógica do Cisne Negro” e “Arriscando a própria pele”, em seu novo livro, “A cama de Procusto”: “O sonho de ter computadores que se comportam como humanos está se tornando realidade, com a transformação de uma única geração de humanos em computadores.” Para ele, a obsessão na permissão do uso de tecnologias na educação e no desenvolvimento dos jovens pode estar contribuindo para o uso massivo de medicamentos que auxiliem “as crianças a se adaptar às disciplinas escolares e não remodelar essas disciplinas para que se adaptem às crianças conectadas”.

Por outro lado, será inevitável conviver com a vida híbrida desses jovens. Já existem inclusive projetos avançados de “Metaversidades” (Metaversities), ou universidades que também oferecem aulas e extensões no metaverso. Isso porque a pandemia mostrou claramente que o uso do Zoom como plataforma de EAD é simplesmente obsoleto.

O papel dos pais, de formadores e formadores do caráter de seus filhos não pode ser terceirizado a dispositivos. Ao mesmo tempo, é necessária um olhar mais denso e estruturado para o uso saudável da tecnologia, compreendendo limites de tempo para esse uso, intercalados com atividades lúdicas, leituras, monitoramento constante. Criar filhos sempre foi trabalhoso, desde a aurora da humanidade. Está apenas diferente agora.

Tecnologia, longevidade e bem-estar

Outra área de estudo é o papel das tecnologias digitais na longevidade. De que forma dispositivos, aplicativos e novos negócios podem colaborar para uma vida mais longa, mais saudável e ativa? Os dispositivos vestiveis, associados a inúmeros apps já permitem monitorar diversas condições de saúde dos públicos de várias faixas etárias, aí incluídos pressão, ritmo de batimentos, respiração, diabetes, coalhes on-line, programas nutricionais e de qualidade de vida.

Oportunidades de negócios no mundo das health techs, surgem a todo momento, considerando as tendências instaladas de vidas mais longas e preocupações com o bem-estar social e mental. Os robôs que funcionam como cuidadores de idosos já são comuns e irão se multiplicar, oferecendo diversas habilidades para suprir a necessidade acompanhamento e monitoramento de idosos com a saúde fragilizada, física ou mentalmente. O desafio de prolongar a vida humana, superando pandemias, desastres naturais e decadência física está colocado para inúmeros empreendedores e é um desejo de centenas de milhões de pessoas.

A busca por auto-otimização, uso de elementos e complementos que permitam extrair e potencializar a melhor versão de cada pessoa vão modelar tentativas de criação da tendência que denominamos de “Eugoritmo” em 2022. A procura pelo algoritmo que defina e responda às preferenciais individuais por conhecimento, afeto, carreira e vida social está em curso.

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