É necessário viver um dia após o outro. Esse ditado popular nunca fez tanto sentido para o Banco Neon. Após confirmar ter recebido um aporte de R$ 72 milhões em uma rodada de investimentos na quinta-feira (3), a instituição teve a sua liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira.
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O posicionamento para a decisão foi publicado no site oficial do BC e também no site do Banco Neon, que precisou sair do ar após o decreto. “Considerando as graves violações às normas legais e regulamentares que disciplinam a atividade da instituição financeira, bem como o comprometimento da situação econômico-financeira”, disse Ilan Goldfajn, presidente do BC, na nota.
Segundo a assessoria do BC, os motivos que levaram à liquidação extrajudicial foram o patrimônio líquido negativo da instituição e também o “não cumprimento de medidas para evitar fraudes e lavagem de dinheiro”. Quando uma empresa apresenta patrimônio líquido negativo, quer dizer que os prejuízos dela superam tanto os lucros quanto os recursos aportados pelos sócios da empresa. Logo, está à beira da insolvência.
Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa do Banco Neon afirmou que o Banco Neon e a Neon Pagamentos SA, que detém as contas digitais e as emissões de cartões pré-pagos, são empresas diferentes e que formam uma joint-venture.
Ainda de acordo com a empresa, serviços como cartão de débito e saques continuam funcionando. Transferências, no entanto, estão fora do ar por ora. O aplicativo do banco também está bloqueado. Segundo posicionamento, a Neon Pagamentos já está em busca um parceiro financeiro para suportar a operação.
Fundo Garantidor de Crédito
Por conta da liquidação extrajudicial, que é uma intervenção feita pelo BC para garantir o funcionamento e resguardar os clientes de instituições financeiras, o Banco Neon está sob intervenção. Os clientes que possuem dinheiro no banco poderão reaver as suas quantias por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
O FGC é um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores quando uma instituição financeira vai à falência, liquidação ou, como no caso do Banco Neon, sofre uma intervenção do BC. O valor assegurado pelo fundo é de até R$ 250 mil.
Quem tiver acima desse valor, segundo a assessoria do Banco Central, entrará na fila de credores do Banco Neon. Atualmente, o banco tem 600 mil usuários e, de acordo com a instituição, um pequeno montante possui mais do que R$ 250 mil em suas contas.
O Banco Neon afirma que os seus canais de atendimento nas redes sociais (Facebook e Twitter) estão abertos para tirar quaisquer dúvidas dos clientes.
Abaixo, o posicionamento completo do Banco Neon:
Referente à liquidação extrajudicial do Banco Neon S.A (atual denominação do antigo Banco Pottencial) divulgada hoje pelo Banco Central, a Neon Pagamentos esclarece que é uma pessoa jurídica distinta do Banco Neon, com bases acionárias e administradores independentes. Portanto, o anúncio não interfere na administração da Neon Pagamentos, que inclusive recebeu aporte recente de fundos de venture capital.
A Neon Pagamentos ressalta que os recursos depositados em contas de pagamentos dos clientes encontram-se disponíveis para saque e compras por meio de cartão de débito e não serão afetados pela liquidação extrajudicial do Banco Neon.
Em 2016, a Neon Pagamentos e o Banco Neon firmaram um acordo operacional com o objetivo de oferecer contas de pagamento e serviços financeiros relacionados ao mercado. Assim, alguns dos serviços financeiros intermediados por meio do Banco Neon estão temporariamente indisponíveis, como: pagamento de boletos, envio e recebimento de transferências, utilização do cartão de crédito, resgate de Certificados de Depósitos Bancário (CDB) e recarga de celular.
A Neon Pagamentos já toma providências para contar com novo banco liquidante para regularizar a prestação de seus serviços e reforça o compromisso de manter clientes e mercado informados.