Lama, muita lama. Foi isso que os consumidores que compraram ingressos para o Rep Festival encontraram quando chegaram no local dos shows no último sábado no Rio de Janeiro.
Nas redes sociais, o evento ficou como um dos assuntos mais comentados durante o final de semana e as críticas não eram nada positivas. Até cobra e sapo foram flagrados pelo público. O Rep Festival aconteceu em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, após o local ser trocado pelos organizadores faltando apenas dez dias para o evento, que inicialmente aconteceria na Barra da Tijuca.
A distância entre a Barra e Guaratiba é de cerca de 30 quilômetros. Vídeos, fotos e depoimentos mostraram um cenário caótico, fruto de uma total desorganização dos responsáveis pelo festival. Algumas atrações esperadas, como o rapper Matuê, desistiram de se apresentar. Cantores reclamaram que o microfone estava dando choque.O segundo dia de shows foi cancelado. Os ingressos custavam até R$500 reais.
Nesta segunda-feira, o Procon Estadual do Rio de Janeiro instaurou um ato sancionatório contra os organizadores do Rep Festival, entendendo que além da mudança de local a poucos dias do evento representar um desrespeito aos consumidores, o novo local não estava em condições de receber o público e as pessoas foram colocadas em risco. O fornecedor terá 15 dias para apresentar defesa e poderá ser multado em mais de R$12 milhões, após análise do faturamento da empresa já solicitado pelo órgão de defesa do consumidor fluminense.
As denúncias e reclamações recebidas pelo Procon-RJ, comprovadas através de fotos e vídeos feitos pelos consumidores, relatam que o local do evento encontrava-se insalubre, coberto de lama, dificultando a locomoção e acessibilidade, havendo, inclusive, o registro do aparecimento de cobras no espaço destinado ao público. As grandes filas para embarque nos ônibus que conduziriam ao evento, bem como atraso de mais de três horas para o início dos shows, também foram objeto de reclamações.
“Já havíamos realizado, antes do evento, notificação para esclarecimentos quanto à alteração do local de realização, que ainda não foi respondida. E agora, com os últimos acontecimentos, se tornou imprescindível a instauração de ato sancionatório, tendo em vista que, apesar das fortes chuvas que aconteceram no Estado e que estavam previstas, um evento, que se anuncia como o maior festival de Rap do Brasil, com expectativa para abrigar mais de 60 mil pessoas, deveria estar estruturado, assegurando ao consumidor a proteção à vida, saúde e segurança, garantindo aquilo que foi ofertado, o que não aconteceu”, aponta Cássio Coelho, presidente do Procon-RJ.
Entre os motivos que levaram a abertura do processo sancionatório contra os organizadores do evento estão o desrespeito a direitos básicos, a prestação de serviço que acarretou riscos à saúde e segurança dos consumidores, protegidos pela constituição e pelo código de defesa do consumidor, além do não cumprimento da oferta.
O Procon-RJ alerta que os consumidores que se sentiram prejudicados podem acionar o órgão por meio dos canais de atendimento disponíveis no site da autarquia: www.procon.rj.gov.br.
Os organizadores
O Rep Festival informou em nota à imprensa que as fortes chuvas danificaram a estrutura do evento e que, por isso, o segundo dia de festival foi cancelado. A direção disse também que o cancelamento foi pensando na segurança e na mobilidade das pessoas e haverá ressarcimento para aqueles que compraram o ingresso para domingo.
O evento informou também que, apesar do atraso na programação no primeiro dia, a maior parte dos shows foi entregue com excelência dentro das condições apresentadas. Sobre a escolha do local, o Rep Festival disse que a mudança não foi por opção, mas sim por obrigação.
A Prefeitura do Rio informou que a produção pediu para que o evento ocorresse no Parque Olímpico em maio do ano passado e em janeiro desse ano, mas as duas solicitações foram indeferidas.
Segundo a prefeitura, o Rep Festival conseguiu alvará para realizar o evento em Guaratiba porque cumpriu todas as exigências dos órgãos. O município esclareceu que não foi patrocinador do Rep Festival e que não determina o local onde o evento vai ocorrer.
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