Na última quarta-feira, o time de futebol feminino do Corinthians estreou no campeonato brasileiro em Itaquera. Além do impacto da estreia e da vitória por 4×1, as jogadoras entraram em campo com uma bandeira: #CaleOPreconceito. Ao invés de exibir patrocínios nas camisas, elas estamparam frases machistas comuns nas redes sociais como “Futebol feminino só vai ser bom quando acabar” e “Mulher é na cozinha e não no futebol”. A ideia é fazer uma provocação para que as empresas patrocinem o time e usem suas marcas para cobrirem essas frases de ódio.
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Grazi, capitã do time e autora do primeiro gol na estreia do Brasileirão, conta que ela mesma já ouviu esses comentários e está confiante no impacto da campanha. “A gente está acompanhando nas redes sociais, repercutiu bastante. São frases verídicas, situações que já vivemos. Eu posso falar isso, a gente espera que sirva de exemplo para outros clubes e que ações como essa aconteçam mais e mais”.
Para divulgar a campanha, o time paulista fez um vídeo, como uma carta aberta, onde as próprias jogadoras leem esse tipo de comentário. Ao mesmo tempo, as atletas fazem uma crítica à falta de investimento na modalidade e reforçam a importância de as empresas olharem para o esporte.“Quando uma marca investe no futebol feminino ela silencia o machismo”, afirma uma das frases divulgadas no vídeo.
150 vezes menor
A falta de incentivo ao futebol feminino não é novidade no Brasil. As atletas sofrem com baixos salários, desinteresse das marcas e praticamente nenhuma estrutura de base. No campeonato brasileiro, por exemplo, fica clara a diferença feita entre o futebol masculino e o jogado por mulheres. A premiação da competição em 2017, pagou pouco mais de R$18 milhões de reais para o campeão masculino. Esse valor é 150 vezes maior do que os 120 mil reais pagos ao time vencedor do brasileiro no futebol feminino.
A iniciativa das jogadoras do Corinthians tem como objetivo denunciar o preconceito no esporte que fica claro tanto nas declarações reais coletadas na internet, quanto na falta de investimento. “Esperamos movimentar marcas, torcedores, amantes do futebol e personalidades em torno da causa, mudando para melhor, quem sabe, o cenário do futebol feminino no Brasil”, diz Rafael Pitanguy, VP de Criação da Y&R, agência parceira do clube paulista na campanha.
Regulamentação
A partir de 2019, a Conmebol exigirá que todos os clubes participantes da Libertadores e Copa Sul-Americana tenham equipes femininas ativas tanto no time principal, quanto nas categorias de base. Quem não tiver um time feminino disputando competições nacionais oficiais será proibido de jogar partidas da Conmebol. O regulamento foi apresentado aos clubes em janeiro do ano passado e até hoje mais da metade dos times da Série A do campeonato brasileiro ainda não se adequou à nova regra.