A Covid-19 reconfigurou totalmente a forma como Millennials e Gen Zers se relacionam com as marcas e como consomem seus conteúdos, serviços e produtos.
Desta forma supõe-se que a abordagem das empresas deve mudar vertiginosamente para atender não apenas as novas demandas logísticas e sanitárias, mas também para corresponderem aos novos valores da população.
A Consumidor Moderno conversou com a consultora norte-americana Amelie Karam, especialista em Millennial Mindset, para entender melhor como as mudanças globais estão afetando as gerações mais jovens ― e como as empresas e marcas devem se comportar para não perdê-los de vista.
Hype do momento: “em estoque”
Enquanto era possível observar jovens muito leais e antenados às marcas e seus hypes e trends, agora vemos uma enorme busca por dois valores totalmente novos para essas gerações: praticidade, significado e estoque.
“Eles já buscavam por significado nas marcas, mas agora também querem estoque disponível, conveniência, relevância, segurança e acessibilidade. Querem coisas que deem conta das necessidades atuais, porque estamos vivendo em um mundo totalmente desconhecido”, conta Amelie Karam.
Além dessas palavras, outras que se sobressaem quando as gerações Y e Z falam do que buscam nas marcas são diversidade, inclusão, sustentabilidade e revitalizações urbanas, segundo a especialista. Isso ocorre, principalmente, porque esses consumidores precisam enxergar a si mesmos e aos outros nas marcas e empresas para que sejam capazes de desenvolverem identificação e confiança.
“Eles querem enxergar a fundo o que as marcas têm para oferecer; quais são suas motivações e o que elas fazem para ajudar o mundo, a nação e as pequenas comunidades. Assim são capazes de ver não somente eles mesmos nas marcas, mas também a humanidade em si representada”, diz.
Ressignificação do dinheiro
A essa altura do campeonato, Millennials e Gen Zers já se deram conta de que não dá para ficarem sentados esperando por um grande evento global que irá causar uma revolução e transformar todo o planeta ― é preciso que eles próprios sejam parte ativa dessa mudança, mesmo que seja para cobrar atitudes mais responsáveis das marcas ou de seus governantes.
Um dos reflexos desse movimento “para fora do sofá”, segundo Amelie, é a resinificação da economia. A consultora diz que Millennials estão muito menos favoráveis a gastar dinheiro de modo frívolo após os acontecimentos globais de 2020. “Como muitos Millennials perderam os empregos ou tiveram redução salarial na pandemia, eles não estão apenas poupando dinheiro, mas também olhando para esse assunto com outros olhos”, afirma.
Graças ao enorme senso de responsabilidade social, Amelie espera boas boas coisas no futuro advindas dessas gerações, tanto em termos de economia quando de responsabilidade social e valores individuais.
Comunicação é a chave
Quando Millennials dizem que querem comunicação com as marcas, eles dizem isso em um sentido muito literal. Ou seja, querem ouvir e se comunicar com as corporações como porta-vozes, e não com seus líderes e CEOs individualmente.
Para Amelie, é importante que marcas e organizações tenham uma missão bem-estruturada e saibam intimamente como transmitir essa mensagem. A especialista cita, por exemplo, que Millennials não estão particularmente interessados em ouvir líderes empresas falando sobre suas visões pessoais, uma vez que essa visão não necessariamente reflete as ações da empresa que lideram. “Eles querem saber sobre a marca e não sobre o líder. Esses discursos de “Eu acredito nisso ou naquilo”, quando ditos por CEOs, não parecem funcionar bem”. A comunicação institucionalizada é a chave, portanto.
“Especialmente durante a Covid-19, Millennials querem que suas marcas compartilhem o que estão fazendo para contribuir com a situação: o que estão fazendo para manterem seus funcionários seguros e quais atividades estão engajados para contribuir para um mundo melhor.”
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