A Microsoft anunciou nesta segunda-feira (12) a compra da Nuance Communications, empresa de Inteligência Artificial que desenvolve soluções de inteligência artificial com foco no reconhecimento de voz. O negócio, avaliado em US$ 19,7 bilhões e que representa a segunda maior aquisição da Microsoft – atrás apenas do acordo com o Linkedin em 2016 —mostra que o mercado de voz está realmente em ascensão.
A companhia tem como objetivo reforçar seu pacote de aplicativos corporativos que utilizam a tecnologia de voz, além de aumentar seu alcance no setor de saúde, uma vez que a Nuance conta com um portfólio bem desenvolvido na área.
A Nuance tem como um de seus produtos mais conhecidos o Dragon Medical One, software capaz de transcrever a fala e que consegue aperfeiçoar seus comandos à medida que se adapta à voz o usuário. A tecnologia foi licenciada para diversos aplicativos, entre eles a Siri, assistente digital da Apple.
A companhia também conta com outras soluções inteligentes no setor de saúde, que incluem reconhecimento de fala clínica, transcrição médica e soluções de imagens médicas, como o Dragon Medical One, o Dragon Ambiente Experience e o PowerScribe One.
Essas soluções da Nuance são utilizadas por mais de 55% dos médicos e 75% dos radiologiostas nos EUA e em 77% dos hospitais do país.
Tecnologias de voz disparam, mas ainda trazem preocupações
As empresas têm cada vez mais adotado tecnologias de voz ou voice computer em suas estratégias de mercado. A ferramenta, que já vinha despontando há pelo menos dois anos, teve seu crescimento acelerado desde a chegada da pandemia, período marcado pelo distanciamento social e, consequentemente, pela adoção de tecnologias sem toque.
Segundo pesquisa da Speechmatics, mais de dois terços das empresas de tecnologia já pensam em estratégias que utilizam tecnologias de voz ou já incluíram em seus planos maneiras e implementar a voz nos negócios conforme o avanço da tecnologia.
Só nos Estados Unidos, existem mais de 100 mil Voice Apps. Entre os mais famosos estão a Alexa (Amazon), Assistant (Google), Siri (Apple), Cortana (Microsoft), Bixby (Samsung), e AliGenie (Alibaba). No Brasil, a tecnologia também está em ascensão: houve um crescimento de 47% do uso de assistentes de voz no país desde o início da crise sanitária em 2020, segundo pesquisa da consultoria de data science Ilumeo.
Apesar do aumento da aceitação a essas ferramentas, ainda existem preocupações sobre privacidade e riscos de vazamentos de informação. Isso pode ser explicado pelo fato de dois dos principais Voice Apps já terem apresentados problemas dessa natureza: A Alexa (Amazon), que teve uma falha de segurança descoberta em 2020 que poderia culminar acesso de dados pessoais de usuários; e o Google Assistente, que foi pivô de um episódio de vazamento de dados em 2019 provocado por funcionários terceirizados da empresa.
Segundo a pesquisa da Ilumeo, eventuais vazamentos de informação são tidos como uma barreira para a adoção da tecnologia por apenas 22% dos entrevistados. Já para 33%, a maior barreira é a própria Inteligência Artificial, que ainda peca em alguns momentos e não entendem o que é pedido, enquanto 43% acreditam que o preço elevado dos produtos é o maior empecilho.
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