Com um espaço voltado exclusivamente para debater assuntos relacionados ao metaverso, a MetaMundi Xperience Arena, o Rio Innovation Week discutiu como a Web3 e o Metaverso impactam a indústria audiovisual, tanto para produtores, distribuidores e organizadores de festivais, quanto para as salas de cinema e para o próprio público: os consumidores.
Participaram do debate Bruno Beauchamps, fundador e CEO da Filme Filme, primeira plataforma de streaming totalmente brasileira; e Walkiria Barbosa, diretora do Festival de Cinema do Rio. Foi consenso entre os participantes do painel que o metaverso surge para trazer novas possibilidades para o mercado audiovisual, sem comprometer as salas de cinema.
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Apesar de toda a expansão do streaming e dos mais diversos formatos que as produções audiovisuais assumiram, principalmente com a pandemia, para o consumo em casa, nada se iguala à experiência oferecida dentro das salas.
Assistir a um filme em uma tela enorme, com a pipoca de cinema, acompanhado de várias pessoas com reações diferentes a cada cena, é uma experiência única. A expectativa é que essas duas experiências coexistam. Para que isso seja possível, é necessário que os profissionais do audiovisual saibam explorar as oportunidades e ao mesmo tempo, que a população comece a entender melhor esse universo da Web3.
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O consumidor do streaming e novos formatos de consumo
Desde que lançou a Filme Filme, Bruno Beauchamps se atentou às principais dores dos consumidores de streaming. Uma delas, talvez a principal na época, era que as pessoas passavam mais tempo escolhendo o que iam ver do que de fato assistindo à obra escolhida.
A Filme Filme ofereceu outro formato, parecido com as salas de cinema, com lançamentos todas às quintas-feiras e um modelo de busca inspirado no Spotify.
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Hoje, após uma experiência bem sucedida com o NFT em um momento de crise, a Filme Filme planeja lançar sua própria sala de cinema no metaverso. Com direito a bomboniere digital, entrega de comida e bebida em 20 minutos e até mesmo a própria criptomoeda, para que os membros da comunidade possam fazer transações no marketplace da plataforma e explorar todo o ecossistema criado por eles, o lançamento está previsto para o próximo ano.
“O mais importante para nós que fazemos audiovisual é a construção de uma comunidade. Isso aconteceu em várias salas de cinema de rua, em que as pessoas iam até à sala e só na hora escolhiam algum filme em cartaz para ver. Essas pessoas saíam de suas casas e iam até lá pela experiência. Hoje consigo ver isso na Filme Filme. Ir para o metaverso é uma forma de potencializar a nossa comunidade, oferecendo uma experiência que aborde todos os nossos sentidos”, explicou Bruno.
Não será o fim das salas de cinema
Walkiria Barbosa, diretora do Festival de Cinema do Rio, enfatizou que apesar de todas as possibilidades do metaverso, um formato não destrói o outro e que as salas de cinema vão voltar a ser ocupadas.
Segundo ela, esse momento de “esvaziamento das salas” já aconteceu em vários momentos ao longo da história do audiovisual, mas que essa inércia passa e que as novas tecnologias vão sendo incorporadas.
“São formatos complementares. As plataformas de streaming querem lançar seus filmes na sala de cinema para garantir uma experiência que só a sala dá. Por outro lado, os produtores podem se apropriar do metaverso e enxergar novos caminhos. Nele você tem a possibilidade de ampliar o seu público, entregar para muito mais gente do que cabe em uma sala, desenvolver e comercializar bonecos dos seus personagens através do NFT, ter mais segurança e possibilidades de financiamento através do blockchain”, exemplificou Walkiria.
A diretora contou o case do Festival do Rio, que na última edição já teve um modelo híbrido, acontecendo não só em salas de cinema, mas também em uma plataforma de streaming americana que já nasceu no metaverso.
“Sempre achei que o nosso mercado no modelo tradicional, com o surgimento das novas janelas, poderia se tornar um formato antigo e obsoleto que precisaria se transformar. Até porque você não consegue conectar o mundo inteiro em um evento físico. A nossa parceria com a Filmocracy foi muito bacana, tinham vários prédios, a gente fazia debates, reuniões, tinha sala de espera, as pessoas assistiam aos filmes como se estivessem juntas no mesmo lugar. Foi uma experiência única que vamos aperfeiçoar para próxima edição”, anunciou.
Walkiria deu ainda uma dica para os produtores independentes. “Hoje a sala de cinema é apenas uma das janelas. Tem muitas outras oportunidades”, comenta.
“Com o metaverso, o produtor independente pode fazer coisas que a Disney faz, a maior do mundo. É uma descentralização do processo. É preciso ter a consciência de que não existe mais neste mundo aquela coisa de: eu vou produzir um filme. Quem está pensando assim vai ficar ultrapassado. Temos que produzir um conteúdo, que vai ter um conjunto de conteúdos em volta”, enfatizou a especialista.
Rio Innovation Week
O Rio Innovation Week 2022, considerado um dos maiores eventos de Inovação e Tecnologia da América Latina, está acontecento no Píer Mauá, na região portuária do Rio de Janeiro. Com mais de 700 palestrantes e cerca de 200 empresas expositoras, a ideia do evento é debater o futuro de diversos segmentos do mercado e da sociedade, incluindo o varejo, o entretenimento, a indústria audiovisual, a educação, o esporte e a saúde, por exemplo. O RIW está em sua segunda edição, começou no dia 8 de novembro e vai até a próxima sexta-feira (11/11).
A MetaMundi Xperience Arena é um espaço 100% dedicado à Web 3.0 organizado pela MetaMundi, agência multisserviços que cria pontes arquitetônicas, artísticas e experienciais entre marcas e o Metaverso. A arena reúne especialistas do universo Web3 para rodadas de debates, painéis e cases de sucesso sobre temas variados como avatares, música, arquitetura, marketing, comunicação, arte, indústria, moda, cripto, finanças, DeFi, tecnologia blockchain, aspectos jurídicos, educação tecnológica, governança, entre outros.
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