Ao longo dos anos, os carros deixaram de ser apenas um meio de locomoção. Nos dias atuais, além de locomover, muitos modelos têm a capacidade de oferecer diferentes funções para a rotina pessoal e profissional dos usuários, como personalização (para pessoas portadoras de algum tipo de deficiência), oportunidades de trabalho (veículos de aplicativo), além de muito conforto e segurança.
Entretanto, não pense que os avanços pararam por aí. Em um breve futuro, além de modelos elétricos e autônomos (aqueles que não precisam de motoristas), os veículos serão regados por outras grandes inovações tecnológicas, como realidade aumentada, biometria, inteligência artificial (IA) e fabricação 3D.
“Além de toda a conectividade, estes carros ainda serão baseados em energia totalmente renovável e carbono neutro, o que é uma contribuição para evitar o agravamento da já urgente crise climática”, relata Luis Bismarchi, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, a FIPECAFI, vinculada à Universidade de São Paulo (USP).
No caso dos veículos autônomos, André Ricardo Vieira, CEO da consultoria de gestão para locadoras e concessionárias Solution4Fleet, comenta que os mesmos trarão mais praticidade para a vida dos usuários. “Será possível realizar diversas tarefas do cotidiano, como pagar contas, fazer compras, responder e-mail, etc. Tudo isso embarcado e conectado direto ao veículo”, detalha.
Marketplace no setor automobilístico
Uma das grandes apostas do setor automobilístico é o marketplace, também conhecido como uma espécie de shopping center virtual, onde o usuário pode comprar ou vender um determinado produto. Como explica André Ricardo Vieira, esse tipo de comércio poderá ser utilizado como uma nova forma de renda para o motorista.
“Acredito que teremos aplicativos de gestão de veículos para que, de forma autônoma, possa haver uma programação em que os carros, por meio de serviços, por exemplo, possam te levar ao trabalho e depois disso fazer viagens com terceiros. Com isso, o usuário poderá ganhar dinheiro com essas viagens enquanto trabalha”, descreve o CEO da Solution4Fleet.
Para André Ricardo Vieira, o principal benefício do marketplace no setor automobilístico é justamente a questão da lucratividade. Afinal, o carro deixará de ser uma fonte apenas de gastos.
Além da questão da uberização autônoma dos veículos, “as empresas e pessoas também poderão criar outros negócios para gerar renda, como anúncios publicitários nos automóveis, tornando-os grande outdoors ambulantes”, elucida o CEO da Solution4Fleet.
Por fim, André Ricardo Vieira analisa que outra vantagem é a experiência do cliente, que será totalmente imersiva. “Eles poderão efetuar compras, sendo impactados por anúncios de venda, branding e muito mais”, finaliza.
Cuidados necessários com o marketplace
Assim como toda ferramenta tecnológica, a projeção do marketplace no setor automobilístico também deverá ser trabalhada com muito cuidado, adaptando ou, até mesmo, modificando alguns parâmetros normativos.
“Será preciso trabalhar cada vez mais questões de segurança e proteção de dados, pontos que também podem refletir na segurança do trânsito. Dependendo dos formatos que forem criados, certamente novas leis de trânsito deverão ser desenvolvidas para que a sociedade se adapte diante deste novo cenário”, esclarece André Ricardo Vieira.
Para finalizar a questão dos cuidados, Luis Bismarchi diz: “Precisamos discutir nossos modelos de mobilidade urbana enquanto celebramos os avanços tecnológicos para o carro e outros meios de transporte, pois nosso desafio é qualitativo, de estilo de vida e de desenvolvimento, e não tecnológico”.
Outras grandes apostas para o futuro
Apesar de todos os benefícios citados, André Ricardo Vieira avalia que o carro do futuro não será exclusivamente um marketplace, mas que tal espaço virtual será uma importante ferramenta de tecnologia no setor automobilístico.
Ademais, Luis Bismarchi, considera que o verdadeiro veículo do futuro não será voltado apenas para uma pessoa, mas sim para uma configuração de plataforma.
“Você migra a perspectiva do carro como um produto para o carro como uma possibilidade dentro do ecossistema de soluções de mobilidade, em que as pessoas optarão por um tipo de veículo para cada situação em que estiverem. Isso traz uma mudança de configuração no modelo de negócios das montadoras e na dinâmica do tráfego das cidades”, esclarece Luis Bismarchi.
As novas necessidades da população
Diante do cenário apresentado, um ponto que deve ser esclarecido é: de que forma surgiu essa necessidade populacional por novas tecnologias no setor automobilístico?
Para André Ricardo Vieira, essa demanda nasceu do desejo de as pessoas otimizarem o próprio tempo, no caso “ao pagar contas, realizar compras, enviar relatórios, enfim. Tudo isso enquanto estão indo para o trabalho, de forma integrada e segura”.
Além disso, o CEO da Solution4Fleet comenta que outros pontos importantes para o nascimento dessa demanda estão relacionados à segurança no trânsito e à busca por tecnologias menos poluentes.
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O futuro já tem data?
Após apresentarmos algumas das tecnologias que estarão envolvidas no carro do futuro, é preciso saber: tal projeto automobilístico já tem uma data específica de lançamento?
Bom, de acordo com André Ricardo Vieira, “as mudanças acontecem constantemente, porém, tornam-se perceptíveis quando começam a ficar escaláveis e acessíveis para todos. Um exemplo disso são os carros elétricos, que hoje são mais comuns, no entanto, ainda são pouco acessíveis para a sociedade”.
O CEO da Solution4Fleet acredita que entre 2030 e 2035, muitas tecnologias automobilísticas já estarão disponíveis em larga escala para a sociedade. Segundo André Ricardo Vieira, a Alemanha, a França e os Estados Unidos são países já praticam grandes testes e investimentos no mercado automobilístico. “Neste momento, estamos andando a passos curtos, porém, certamente, com a normalização de um cenário político global, estaremos no protagonismo desse mercado em pouco tempo”, diz sobre o Brasil.
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