A inclusão e acessibilidade são aspectos cruciais no mundo contemporâneo, não apenas como um compromisso ético, mas como uma estratégia de negócios inteligente.

A adoção dessas práticas pode aumentar significativamente o alcance e a relevância de uma marca, proporcionando uma experiência mais positiva para um público diversificado.

Ana Celina Irulegui Bueno, especialista em marketing, compartilhou suas ideias sobre como as empresas podem incorporar marketing inclusivo e acessibilidade digital em suas estratégias.

O que é marketing inclusivo?

O marketing inclusivo visa atender a um público diversificado, reconhecendo e valorizando suas diferentes características e necessidades.

“A cada novo momento de mercado surgem nomenclaturas que ao meu ver nada mais são do que movimentos que as marcas e profissionais acabam fazendo para atender novas exigências do consumidor, do mercado e da sociedade”, explica Bueno. “Com a maior conscientização em relação à pluralidade e com o quinhão de reconhecimento às características individuais e grupais que vem conquistando, se tornou imperativo buscar falar e oferecer produtos e serviços atendendo ao maior número de públicos possível”.

Em essência, o marketing inclusivo busca criar campanhas que reflitam a diversidade da sociedade, indo além de meras representações simbólicas e adotando uma abordagem genuína e abrangente.

Adotar o marketing inclusivo traz múltiplos benefícios para as empresas. Primeiramente, melhora a percepção da marca, mostrando ao público que a empresa se preocupa com questões sociais e está comprometida em atender a todos de maneira justa.

Além disso, pode aumentar o engajamento e a fidelidade dos clientes, já que consumidores tendem a apoiar marcas que se alinham com seus valores.

Boas práticas para acessibilidade digital

A acessibilidade digital é fundamental para garantir que todos os usuários possam acessar e interagir com o conteúdo de um site ou aplicativo. Ana Celina destaca que a primeira atitude para garantir a acessibilidade é construir na cultura da empresa um compromisso com a acessibilidade em todos os sentidos.

“O olhar para a criação já vai buscar considerar várias questões que vão desde ouvir atentamente a maior diversidade de público, entender suas dificuldades e necessidades, detalhar a jornada de relacionamento dessas pessoas com a marca e a partir disso, então, começa a necessidade de entender e buscar se utilizar de recursos que, hoje, já são muitos”, reforça a especialista.

Entre as práticas recomendadas, estão:

• Responsividade e navegabilidade dos sites;
• Descrição de imagens;
• Uso de leitores de tela.

O Guia WCAG (Web Content Accessibility Guidelines) é uma excelente referência para adotar as melhores práticas na construção de conteúdos digitais acessíveis.

Diversidade e inclusão nas campanhas de marketing

Incorporar diversidade e inclusão nas campanhas de marketing deve ser feito de forma autêntica para evitar o tokenismo, que ocorre quando a diversidade é usada apenas como uma fachada.

Ana Celina ressalta que parte da cultura e dos valores da empresa, só se concretiza aquilo que é verdadeiro. Ela observa que é comum ver campanhas que tentam “parecer” inclusivas, mas falham por não serem genuínas.

Para ser autêntico, as empresas devem realmente abraçar a diversidade em todos os aspectos de suas operações, desde a contratação até a criação de produtos e serviços. Ouvir o feedback do público e buscar continuamente melhorias é fundamental para manter a coerência e autenticidade.

Um exemplo notável de marketing inclusivo é a campanha “Dove pela Beleza Real”. Esta campanha desafiou os padrões de beleza tradicionais ao apresentar mulheres de diferentes idades, tamanhos e etnias, promovendo uma imagem mais realista e inclusiva da beleza feminina.

“O mundo do marketing resgatou a sigla DEI, que significa diversidade, equidade e inclusão. A sociedade pauta o mercado com o avanço de novos comportamentos e essa realidade vai para a comunicação”, comenta Bueno.

Outra iniciativa louvável é a adoção do braille em embalagens de produtos por marcas, como Minalba, Sadia, Nestlé e Melitta, demonstrando um compromisso com a inclusão de pessoas com deficiência visual.

Ferramentas e desafios de implementação

Para empresas que desejam melhorar a acessibilidade de seus ativos digitais, a especialista recomenda várias ferramentas e recursos.

Entre eles estão o Inclusive Design Toolkit e o Web Accessibility In Mind, que oferecem capacitação, assessoria e testes. Além disso, plataformas como o Teams da Microsoft possuem recursos para melhorar a experiência de reuniões online, promovendo a inclusão.

Implementar estratégias de personalização e inclusão não é isento de desafios. A profissional alerta que o principal desafio é evitar o excesso de opções, que pode dificultar o processo decisório do consumidor.

“Ao invés de ter a facilidade da personalização, o consumidor se sente confuso e perdido, chegando em um ponto que degrada a experiência ao invés de melhorá-la”, frisa.

Educação e capacitação

Ana Celina Irulegui Bueno enfatiza a importância da inclusão da temática de acessibilidade e inclusão na formação dos profissionais. “Eles precisam sair dos cursos universitários não só com a consciência alargada, mas também com domínio de técnicas e ferramentas que os ajudem e balizem no fazer inclusivo”, salienta.

Incorporar marketing inclusivo e acessibilidade digital nas estratégias de negócios não é apenas uma questão de ética, mas uma decisão inteligente e lucrativa. Ao adotar práticas inclusivas e acessíveis, as empresas não apenas melhoram a percepção da marca e aumentam o engajamento do consumidor, mas também promovem uma sociedade mais justa e igualitária.

A implementação dessas estratégias requer um compromisso genuíno com a diversidade e a inclusão, além do uso de ferramentas e recursos adequados para garantir que todos os aspectos da experiência do cliente sejam acessíveis. Ao fazer isso, as empresas podem não apenas atender, mas exceder as expectativas de um público diversificado, construindo relacionamentos mais fortes e duradouros com seus clientes.

A adoção de práticas inclusivas e acessíveis é uma jornada contínua que exige dedicação e esforço. No entanto, os benefícios de criar um ambiente mais inclusivo e acessível para todos são imensos, tanto em termos de impacto social quanto de sucesso comercial.

“É fundamental entender quais atributos são primordiais e, a partir disso, verificar que tipo de tecnologia pode ajudar e que tipo de jornada pode fazer sentido”, diz a especialista. Em resumo, o marketing inclusivo e a acessibilidade digital são pilares essenciais para qualquer negócio que deseja prosperar no mercado moderno.

Ao ouvir atentamente as necessidades e expectativas de um público diversificado e ao utilizar as ferramentas e recursos disponíveis, as empresas podem criar experiências de cliente que são verdadeiramente inclusivas e acessíveis, garantindo um futuro mais equitativo e próspero para todos.

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