A circulação de especiarias pelo mundo não tem uma data definida. Há centenas de anos, as grandes navegações feitas em busca de novas rotas de comércio já movimentavam o mercado de grãos mundial. Ervas, sementes, misturas… Elementos que dão um toque diferenciado a pratos, sobremesas e até a bebidas – uma diversão para os apaixonados pela cozinha. Foram esses elementos que fizeram a diferença na história de um empreendedor brasileiro. Marcelo Nastari, fundador da Grão-Vizir Masalas & Especiarias, é um advogado que via a gastronomia como hobby. Um dia, porém, teve contato com as masalas indianas e tudo mudou.
Como muitos empreendedores, Nastari chegou a aquele momento de repensar a vida. No início, as masalas (termo indiano que designa uma mistura de especiarias) foram elementos utilizados em suas experimentações gastronômicas, mas acabaram se tornando uma inspiração para um novo negócio. Foram cinco anos divididos entre o escritório e a cozinha para então conseguir manter-se com seu novo empreendimento. “Em 2009, comprei o espaço onde hoje fica a loja, que abriu efetivamente em 2010. A ideia inicial era apenas produzir ali, mas no meio do caminho resolvi abrir também um showroom”, conta.
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Os passos foram cautelosos. O capital inicial para fundar efetivamente a marca foi próprio – e por alguns anos o empreendimento não se pagava sozinho. Nesse sentido, o empreendedor explica que a intenção nunca foi crescer com velocidade. Isso porque sua nova fase de vida demandava bastante conhecimento sobre um mundo que ele amava, mas não dominava. “Todas as fases de aprendizado foram fundamentais. No início, para definir as misturas, eu levava os temperos para as pessoas experimentarem”, lembra. “O desenvolvimento dos produtos foi feito muito mais de forma empírica do que técnica”.
Amor oriental
Assim como grande parte dos produtos, a inspiração para o nome da marca também vem da Ásia. Grão-Vizir era o nome que se dava para uma espécie de primeiro ministro do Império Turco-otomano (dominante da Região da Ásia Menor entre 1299 e 1922). A loja na Vila Romana, em São Paulo, tem um ar rústico e já conta com um grande portfólio de produtos além dos temperos, como porcelanas e outros utensílios de cozinha.
Além das masalas tradicionais indianas, como o clássico Tchai (uma mistura à base de canela, cardamomo, cravo, erva doce, gengibre e pimenta do reino geralmente degustada com leite e chá preto), Nastari também comercializa ervas e especiarias mais conhecidas dos brasileiros (alecrim, cravo, anis estrelado), chás e diferentes tipos de café. A maioria dos produtos utilizados é importada.
Atualmente, o empreendedor tem uma média de faturamento anual em torno de R$ 240 mil. Seu movimento vem da loja física, do e-commerce, além dos 40 revendedores espalhados pelo Brasil, de participações da marca em feiras e bazares e da confecção de brindes corporativos especiais. “Procuro trabalhar com mercados menores; não tenho a intenção de ir para grandes redes”, detalha o fundador.
Diversificação
Nastari tem muitas ideias para sua atuação no ramo de especiarias. Por mergulhar cada vez mais nas possibilidades dos temperos e manter viagens pelo mundo para conhecer diversos tipos de temperos, as ideias são muitas. Em 2016, por exemplo, o empreendedor lançou uma linha de masalas ligadas ao Ayurveda (método medicinal indiano), com combinações especiais para cada dosha (perfil biológico dos indivíduos, de acordo com a visão ayurvedica) – Vata, Pitta ou Kapha. A produção foi realizada em parceria com uma nutricionista especializada na linha védica.
Já em 2017, o empreendedor saiu um pouco do comércio e começou a facilitar cursos e oficinas sobre as especiarias, com experimentações e outras experiências sensoriais em parceria com uma bióloga. Ele também escreveu um livro “Grão-Vizir: a alquimia das ervas, especiarias e masalas”. “Quero trabalhar mais esse lado educacional, montar um calendário para o ano que vem, estabelecer grupos e pensar até em vivências para o mercado corporativo”, conta entusiasmado.
Para o ano que vem, uma parceria com um novo distribuidor fora de São Paulo também pode dar voos mais altos para a Grão-Vizir e o amor de seu criador. As possibilidades são muitas – e Nastari quer abraçá-las.
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*Texto originalmente publicado na revista NOVAREJO