/
/
Lixo eletrônico: oportunidade para transformar e crescer

Lixo eletrônico: oportunidade para transformar e crescer

Os efeitos da inovação na vida das pessoas chama a atenção. A tecnologia está presente em quase tudo o que utilizamos em nosso cotidiano
 
Segundo a consultoria IDC (International Data Corporation), de janeiro a dezembro de 2014, os brasileiros compraram cerca de 54,5 milhões em smartphones, 10,3 milhões de computadores e 9,5 milhões de tablets. Dada a crise de 2015, o mercado estima apenas a manutenção desses números. Junte a esse montante os eletrodomésticos, televisores, aparelhos de DVD, geladeiras, micro-ondas e outros consumíveis. 

Por um lado, a demanda por aparelhos é importante do ponto de vista econômico, pois auxilia no fortalecimento da cadeia de negócios. Por outro, o rápido descarte de equipamentos antigos produz milhões de toneladas de lixo eletrônico.

No Brasil, estima-se que menos de 5% dos resíduos eletrônicos são devidamente descartados. O restante fica armazenado em depósitos ou são abandonados no meio ambiente. 

Em 1965, Gordon Earl Moore, um dos fundadores da Intel, definiu um conceito chamado de ?Lei de Moore?, tendo em sua essência a ideia de que o poder computacional deveria dobrar a cada 18 meses. Para a informática, essa ?lei? ainda tem se mostrado válida. De certo modo, isso também influencia o restante da indústria e se tornou um acelerador do descarte precoce de equipamentos. 

Somos hoje um dos maiores produtores de lixo eletrônico, com mais de 1,4 milhões de toneladas produzidas anualmente, o que representa cerca de 7 kg por habitante. De acordo com a ONU, estamos na dianteira daqueles que fazem o descarte na natureza.  Os Estados Unidos, Europa e Japão, por sua vez, reciclam 30% de seus resíduos, sendo que um percentual é exportado para outros países, como a China, Índia e Paquistão, com a justificativa de estimular a ?inclusão digital? por meio do reuso.

A reciclagem é uma saída inteligente, pois há mais ouro em uma tonelada de computadores, do que em 17 toneladas de minério. 

No entanto, os aparelhos também contêm metais pesados como o chumbo, cádmio, berílio e mercúrio, que são muito nocivos à saúde e responsáveis por doenças do sistema nervoso, além do câncer. Em países pobres, a montanha de lixo eletrônico é manipulada de forma inadequada, sem proteção ou controle, normalmente por famílias com pouca orientação, incluindo crianças e idosos, tornando-se um problema social importante.

Em 2010, foi sancionada no Brasil a Lei nº 12.305, instituindo a política nacional de resíduos sólidos, em que se previa que em 2014 o descarte de lixo eletrônico não seria mais permitido em aterros ou lixões, e que os fabricantes seriam responsáveis por dar um destino correto aos materiais que os mesmos produzem. 

Porém, a regra ainda não funciona de maneira integral e tal atraso no cumprimento da legislação é visível: os comerciantes de lojas de celulares não recolhem o antigo aparelho na venda de um novo. Da mesma forma, não é fácil encontrar o contato para requisitar ao fabricante a retirada do descarte de uma geladeira antiga e as secretarias municipais de meio ambiente não possuem programa de coleta seletiva dos resíduos.

Segundo o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, o governo estima que a reciclagem do lixo eletrônico possui o potencial de gerar dez mil empregos e injetar R$700 milhões na economia brasileira.  O que falta para que isso aconteça, então? 

Primeiro: é preciso mudar a cultura na busca de um consumo consciente e sustentável e avaliar a necessidade da troca do aparelho tecnológico. Quando for inevitável, é importante buscar ou exigir um modo adequado de descarte ou reaproveitar o recurso. Segundo: é importante demandar do poder público a definição de políticas efetivas e aumentar o apoio das ações de reciclagem especializada, como as cooperativas de reciclagem e indústrias de transformação de materiais. Afinal, que herança queremos deixar para as futuras gerações? Pense. Mude. Faça.
 
***
Emerson Henrique da Silva é e coordenador do curso de Ciência da Computação da Faculdade Anhanguera de Cascavel e especialista em Tecnologia da Informação.
 

Compartilhe essa notícia:

WhatsApp
X
LinkedIn
Facebook
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 291

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: IA Generativa / Adobe Firefly


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

Natalia Gouveia
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editor-assistente
Thiago Calil
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Revisão
Elani Cardoso

COMUNICAÇÃO
Gerente de Comunicação e Cultura
Simone Gurgel

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Bárbara Cipriano

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Ltda.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]