“As empresas precisam investir em diversidade. As empresas precisam ser inclusivas. As empresas precisam ter igualdade de gênero e de oportunidades.”
Atualmente, orientações como as pontuadas no parágrafo acima fazem parte do repertório de especialistas em marketing e negócios, afinal, pesquisas e estudos comprovam que mais do que ‘posicionamentos bonitos’, questões como igualdade, diversidade e inclusão fazem toda a diferença para a sustentabilidade organizacional e impactam em diversos aspectos – inclusive financeiros – para as empresas.
Porém, entre o discurso e a prática há um gap bem grande. E é pensando em pavimentar esse buraco entre a teoria e a realidade que a LATAM anunciou, recentemente, a jogadora Marta como líder global de diversidade e inclusão da marca.
Mais do que uma garota propaganda, a atleta deve contribuir para a criação de estratégias que permitam à LATAM promover uma transformação cultural para ser mais inclusiva e diversa em gênero, pessoas com deficiência e diversidade de profissionais.
Entenda a estratégia da empresa e de que forma a escolha da jogadora como embaixadora do Grupo LATAM pode ajudar a marca a decolar parte dos seus compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG).
Diversidade e inclusão: entre teoria e prática há muito mais do
que supõe nossa vã filosofia
Defender que uma empresa precisa oferecer igualdade de oportunidade para homens e mulheres, pessoas com deficiência, profissionais de diversas raças, culturas ou classes sociais pode soar cansativo para muitos gestores e empresários e até mesmo ser considerado um ato que faz parte de discurso bonito para ganhar likes nas redes sociais, com poucos resultados práticos. Quem segue essa linha de pensamento, aliás, precisa, definitivamente, rever seus conceitos.
Pesquisas comprovam que diversidade e inclusão são capazes de tornar a saúde organizacional mais sólida, estimular a inovação e a criatividade dentro da empresa, colaborar para a retenção de talentos e, também, melhorar a performance financeira.
Os resultados da pesquisa Diversity Matters: América Latina, publicada em 2020 pela McKinsey & Company, são um exemplo e comprovam a interconexão da diversidade com práticas de negócios positivas, comportamentos eficazes de liderança, saúde organizacional e performance do negócio.
O estudo destaca, entre outros fatores, que empresas que adotam a diversidade têm níveis mais altos de colaboração e inovação, equipes confiáveis e de alta performance, além de funcionários mais felizes e motivados.
Além disso, o estudo da McKinsey revela que empresas percebidas pelos funcionários como tendo diversidade de gênero têm probabilidade 93% maior de superar a performance financeira de concorrentes de mercado.
Porém, tirar a diversidade e a inclusão do papel é mais difícil do que parece. Uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento especializado Robert Half, por exemplo, mostra que, apesar de 76% das empresas reconhecerem a importância da diversidade para o sucesso organizacional, 62% delas não têm políticas específicas para aumentar a participação de mulheres em cargos de liderança.
Marta: muito mais do que um rostinho bonito
Implementar políticas de diversidade e inclusão envolve, muitas vezes, uma remodelação completa da cultura organizacional. Foi a essa conclusão que o Grupo LATAM chegou quando decidiu propor à Marta, jogadora de futebol eleita a melhor do mundo por seis vezes, uma parceria para atuar como Líder Global de Diversidade e Inclusão da marca.
Marta, além de famosa mundialmente por seus talentos esportivos, também é reconhecida pelas causas que abraça. Defensora dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e Embaixadora Global da ONU Mulheres, a jogadora vem recusando patrocínios e premiações de empresas que não atuam na promoção de igualdade de gêneros, chegando, inclusive, a entrar em campo com chuteiras pretas e uniforme sem nenhuma marca.
“A Marta representa muita coisa, a começar por sua vontade de romper barreiras: ela passou de uma criança no interior do Alagoas que queria jogar futebol, mas não era aceita à melhor do mundo, a ponto de recusar patrocínio. Além disso, ela representa mulheres, negras e traz várias outras representações. Por isso, acreditamos que – mais do que ser uma garota propaganda – a Marta tem muito a nos ensinar e pode nos ajudar nesse processo de transformação cultural”, explica Diogo Elias, diretor de vendas e marketing da LATAM Airlines Brasil.
O contrato feito com a jogadora é de longo prazo e prevê reuniões online e presenciais para discutir a estratégia da empresa em relação à diversidade e inclusão de pessoas – um dos pilares dos compromissos ESG que a companhia aérea firmou recentemente.
“Quando fomos falar com ela tivemos que apresentar quais eram as propostas da LATAM como companhia. É um relacionamento genuíno que vai bem além de preços. Não chegamos para ela e falamos: ‘olha só, vamos pagar tanto e você vai fazer isso aqui’. Chamamos a Marta para nos ajudar na transformação cultural, não apenas para ser garota propaganda. Essa é nossa primeira premissa, não o contrário. Vamos construir juntos”, detalha Diogo Elias.
A ideia de buscar ajuda de um famoso engajado com causas de diversidade e inclusão partiu da empresa após uma reflexão e entendimento da necessidade e das dificuldades de estabelecer um plano neste sentido.
“A LATAM está não só no Brasil, mas também em outros países da América do Sul. Além disso, voamos e atendemos pessoas de múltiplas localidades. Então, precisamos entender qual é a diversidade que queremos e como de fato incluir pessoas diversas. Tem a ver com a diversidade que temos dentro, com a diversidade do discurso, nas ações, na forma como tratamos e lidamos com clientes, fornecedores, parceiros, governo… Estamos em muitas partes da jornada das pessoas na sociedade”, avalia o diretor de vendas e marketing da LATAM Airlines Brasil.
Diego Elias pontua ainda que, para a empresa, está superclaro o quanto a diversidade e a inclusão fazem diferença no negócio, não só porque as pessoas se sentem incluídas, mas também porque gera melhores resultados e discussões na companhia. “Isso se conecta com a sustentabilidade a longo prazo da empresa, se a gente não for diverso, vão ultrapassar a gente”, pondera.
Apesar do anúncio, a LATAM ainda não tem metas definidas e afirma que está em uma fase embrionária. “Estamos no começo e temos humildade em dizer isso. Estamos trazendo a Marta, que é uma pessoa que nos representa e que tem muito conhecimento de causa, é bastante ativa nisso, para que ela possa nos ajudar a não fazer besteira”, reconhece a companhia.
A decisão da companhia é tomada em um momento que pode não ser considerado o mais favorável para o negócio, afinal, a pandemia impactou fortemente as operações da empresa.
“Muitas pessoas podem questionar: será que eles estão no caminho certo, neste momento, pensando nisso? Será que não deviam estar pensando em ocupação do avião, melhores preços? Nós também estamos pensando em tudo isso, mas a gente sabe que a jornada para mudança cultural é longa e se não começarmos agora vamos ficar atrasados. E mais do que não ficar atrasados, queremos estar na vanguarda”, reforça Diogo Elias.