As mudanças nas regras da lei do cadastro positivo promete causar uma reviravolta na composição do chamado “Credit Score” (conjunto de informações usados na concessão de empréstimos) usado por bancos e demais negócios do setor financeiro. A mudança foi aprovada pelo Senado e deverá ser sancionada em breve pelo presidente Jair Bolsonaro.
O cadastro positivo foi aprovado em 2011 e é um banco de dados com informações sobre o histórico de crédito dos consumidores (pessoas físicas e jurídicas), com pontuações para quem mantém as contas em dia. Esse banco de dados inclui o histórico de pagamento das conta de luz, água, telefone e outros. Pelo texto vigente, a inclusão no cadastro positivo é voluntária, ou seja, depende do consumidor. A nova lei prevê a inclusão automática dos brasileiro nessa base de dados. Quem não quiser fazer parte precisará se manifestar sobre o assunto.
O cadastro positivo foi tema da palestra Ricardo Thomaziello, diretor executivo de dados do Quod, durante o Data Driven Business 2019, evento anual da empresa Neoway. Ele comparou os modelos de análise de crédito dos EUA e do Brasil.
Segundo ele, o mercado de bureau de crédito (caso do Serasa e Quod) estima que o credit score brasileiro é composto por aproximadamente 55% de informações negativas. Um dos dados negativos mais relevantes para o mercado é a chamada negativação vigente, que sozinho corresponde a uma relevância de 35% sobre o total. Depois, aparecem histórico de negativos (10%) e tempo inadimplente (10%).
“Nos EUA, a relevância mais alta em histórico de pagamentos, volume de crédito tomado e volume de informações disponíveis. O Brasil utiliza dados negativos e limita a oferta de crédito”, disse Thomaziello.
Histórico de pagamento
Já nos EUA, a situação é diferente. Hoje, a informação mais relevante do mercado americano é o histórico de pagamento. Thomaziello usou como exemplo a composição da FICO, uma empresa de software analítico de tomada de decisões de crédito. Hoje, a companhia o histórico de pagamento corresponde por 35% do total. Em seguida aparecem o volume de crédito tomado (30%) e o tamanho do histórico de crédito (ou seja, todo o passado de tomada de crédito). Sobre esse percentual, a Fico afirma: “Essas porcentagens são baseadas na importância das cinco categorias para a população em geral. No entanto, a importância dessas categorias pode variar de uma pessoa para outra”, diz a companhia.
“Estimamos que 20 milhões de pessoas terão acesso ao crédito a partir do cadastro positivo. Nós estamos falando de R$ 1 trilhão que poderá ser injetado na nossa economia”, disse.