Ontem, o Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano. E as entidades de varejo aprovaram a decisão, embora ainda acreditam que o percentual está alto.
“Consideramos acertada a decisão do Banco Central: não haveria nenhuma razão para o aumento da taxa Selic, diante da recessão em que se encontra o Brasil”, disse em nota Alencar Burti, presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo).
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A expecativa da associação é de que o BC comece a reduzir a taxa, “o que vai permitir que o País se estabilize e dê início a uma retomada gradual. Mas, para essa recuperação, é preciso que o Governo realize – efetivamente – o ajuste fiscal. E que esse ajuste seja feito pelo lado do Governo, via corte de gastos, e não por meio de mais aumento de tributação”, disse.
Segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), a decisão do Banco Central foi influenciada pelo aumento do desemprego e a retração acentuada da atividade econômica. “Na balança do Banco Central prevaleceu o bom senso. Afinal, diante de uma queda cada vez mais intensa da atividade econômica e da deterioração acelerada do mercado de trabalho, novas altas da taxa Selic tenderiam apenas a agravar o cenário econômico ao encarecer o crédito para endividados e aumentar ainda mais o custo da dívida pública e, consequentemente, o esforço fiscal necessário para estabilizá-la”, disse a Federação em nota.
Para a FecomercioSP, o BC já foi até onde podia com a taxa de juros. “Apesar do agravamento da crise, o Governo ainda não conseguiu, porém, articular e apresentar um plano consistente de ajuste das contas públicas”, comentou.
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Já a Apas (Associação Paulista de Supermercados) aposta em um movimento de queda na taxa de juros a partir de agora. ?Para 2016, a expectativa é de redução da taxa básica, que deve encerrar o período em 13% ao ano, o que ainda é elevado diante da necessidade de impulsionar a atividade econômica em busca da retomada do crescimento?, disse em nota o economista Rodrigo Mariano, gerente do departamento de Economia e Pesquisa da APAS.
Para a associação, se por um lado há a tentativa de reduzir os riscos de uma inflação mais elevada ao longo de 2016, por outro, compromete a retomada da atividade econômica ao elevar a taxa básica de juros.
?o cenário ainda é preocupante, pois a inflação vem demonstrando resistência para queda”, disse em nota o professor de macroeconomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian. “Com uma inflação próxima de 10% em 2015 e praticamente no teto da meta em 2016, espera-se que a convergência dos preços para o centro da meta venha a ocorrer somente em 2017, em um cenário de baixo crescimento econômico?, diz.
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