A provável próxima luta de Jackie Chan, o ator chinês especialista em artes marciais e nova cara da Shopee, será contra um adversário, no mínimo, curioso: o Procon São Paulo.
Explicamos. Nesta segunda-feira, o Procon-SP notificou a Shopee (empresa cujo garoto propaganda é o justamente Jackie Chan) pedindo explicações sobre a autenticidade e origem dos produtos oferecidos aos consumidores no seu site e aplicativo. Ou seja, se a experiência do cliente tem sido elogiada pelos consumidores, ainda pairam dúvidas sobre a procedência de produtos, como um tênis Nike vendido a menos de R$ 40.
De acordo com o comunicado do Procon SP, a empresa deverá comprovar a obtenção, validade e regularidade da aquisição dos itens e demonstrar o processo utilizado para garantir a qualidade e segurança dos produtos entregues, como condições de uso, inviolabilidade de embalagens, prazos de validade compatíveis e outros.
Além disso, a companha deverá também enviar documentação atestando a regularidade comercial, fiscal e tributária das empresas parceiras cadastradas em sua plataforma, bem como demonstrar os critérios de verificação, regularidade, autenticidade e segurança utilizados pelos seus dirigentes e diretores.
“A plataforma deverá explicar sobre eventuais produtos contrabandeados ou falsificados que foram vendidos aos consumidores. A partir dessa notificação eles ficam cientes de que é possível que eles sejam responsabilizados como participantes da venda desse tipo de produto”, avisa o diretor do Procon-SP, Fernando Capez.
O Procon-SP também quer que a empresa demonstre quais os critérios promocionais, de política de cupons e de frete (com a indicação dos prazos aplicáveis e de como disponibilizam essas informações para o consumidor) e comprove o funcionamento dos canais de atendimento aos consumidores para recebimento, tratamento e solução de suas demandas, demonstrando horário de funcionamento e tempo médio de solução.
Também deverão ser explicados a forma de acesso ao conteúdo do site e aplicativo (quais dados são necessários à realização do cadastro e se a conexão é condicionada à utilização de login e senha pessoais e intransferíveis) e a forma de tratamento e armazenamento dos dados pessoais dos consumidores cadastrados, bem como o procedimento utilizado para atualizações ou correções.
O outro lado
Em nota enviada a Consumidor Moderno, a Shopee se manifestou sobre o assunto.
“A Shopee cumpre as regulamentações locais em todos os mercados em que opera e exige que os vendedores estejam em conformidade com as regras brasileiras e as políticas rigorosas do marketplace. Na Shopee, todos os vendedores devem concordar com a Política de Produtos Proibidos e Restritos, que expressa claramente a posição da empresa quanto à comercialização de produtos falsificados, ilegais e restritos ou que violem a Propriedade Intelectual de terceiros. A Shopee disponibiliza um canal de denúncias que é utilizado constantemente por diversas marcas, que permite a exclusão de anúncios irregulares e que, também, podem levar à suspensão da conta do vendedor, além de mecanismos de segurança com o uso de inteligência artificial”.
Shopee capta US$ 6 bilhões
A Shopee faz parte de um conglomerado de Singapura chamado Sea, que reúne ainda outros e-commerces. Outro empreendimento bem sucedido, porém pouco conhecido no Brasil, é a Garena, distribuidora de jogos como League of Legends, FIFA Online e Free Fire.
No Brasil, a Shopee opera desde 2019. Recentemente, o aplicativo se tornou o mais baixado na categoria e-commerce no País após a intensa campanha publicitária na TV e nos canais digitais – e que virou febre pela discutível qualidade como dançarino de Jackie Chan no comercial.
Nos últimos meses, além do noticiário de defesa do consumidor, a empresa se tornou presença constante nas reportagens sobre finanças e empreendedorismo ao redor do mundo.
A mais recente notícia aconteceu na última semana, quando a Sea informou ter levantando cerca de US$ 6 bilhões em uma operação de venda de ações e títulos conversíveis. De acordo com a Refinitiv, essa foi a maior captação de recursos já vista no Sudeste Asiático.
Segundo a Reuters, a Sea vendeu 11 milhões de American Depository Receipts (ADR), os recibos de ações de empresas não americanas negociados nos Estados Unidos, a US$ 318 dólares cada. Também emitiu US$ 2,5 bilhões em títulos conversíveis.
Se um lote excedente for exercido na venda de ações e emissão dos títulos, a quantia levantada pode subir para US$ 6,9 bilhões de dólares, ainda segundo a agência de notícias Reuters.
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