O caminho para minha casa não é longo. Mas é demorado. Mais do que qualquer coisa porque, como todo paulistano, enfrento um trânsito descomunal. Justamente por não ter paciência com isso, há alguns anos parei de dirigir. Ficar quase parada, alternado a primeira e a segunda marchas, definitivamente não era a minha praia.
Claro, sempre há a possibilidade de um táxi de vez em quando. Mas a verdade é que a tarifa sempre foi desanimadora. Até que surge o Uber. E muda tudo. Com tarifas muito mais acessíveis, já torna possível trocar o castigo no transporte público por uma ou outra corrida de carro.
Não bastasse ser inovadora de nascença, lança a UberPOOL, modalidade em que é possível dividir o carro com outros passageiros, pagando um valor mais barato. Só por isso, já vale a pena apostar em mais corridas.
É bom mencionar que, correndo atrás por conta da concorrência, os aplicativos de táxi também apostaram em situações de desconto, em diversas modalidades de pagamento. Ou seja, está cada vez mais fácil andar de carro sem precisar ser o dono do veículo.
Essa semana, a Uber fez algo incrível: corridas a R$ 6. Isso mesmo: SEIS reais. Achei que seria bom demais para ser verdade e, claro, desconfiei. Resolvi testar a novidade. Dei sorte, minha casa está na área de cobertura da oferta. Assim, na primeira noite da promoção, voltei para casa em exatos 43 minutos por quase o mesmo valor que pago andando de transporte.
Para efeito de comparação, eu pego um ônibus, metrô e outro ônibus. Quando dou sorte dos dois ônibus saírem no horário certo – e este horário casar com os meus – e os metrôs não estarem com problemas, consigo chegar em casa em 40 minutos. Ao custo de R$5,92. Por meros OITO centavos, garanto meu conforto em um carro com ar condicionado. Uma das corridas que fiz levou pouco mais de uma hora. Deixei duas pessoas pelo caminho. Não importa, saí da porta do trabalho e cheguei na porta de casa. O nome disso? Conforto.
Preocupações
Desconfiei que a promoção me causaria algumas dores de cabeça. A primeira, que o carro demoraria a chegar. Nada, esperei oito minutos em uma corrida e seis nas outras duas. Segunda: meu caminho seria desviado por várias paradas para dividir o valor. Imaginei alguma coisa meio lotação, sabe? Me enganei completamente. Claro que o movimento será maior, mas o número máximo de pessoas no carro são 4, e o caminho não pode ser desviado.
Resolvida esta questão, veio outra desconfiança… como isso valeria a pena para o motorista? O que ele ganharia em uma viagem como essas? Eu não queria ser cúmplice de um possível trabalho escravo, né?
Intrigada com esta dúvida, perguntei ao motorista. E ao outro. E ao outro. O primeiro me esclareceu: a promoção, de fato, é da Uber. Eles recebem como corrida normal. Os outros confirmaram a informação. Então, meus motoristas não ganharam menos de 12 reais. Isso faz com que a ideia seja fantástica. Infelizmente, a promoção é por tempo limitado. Mas, certamente, fará com que o mercado se movimente mais uma vez. Afinal, quem quer andar de ônibus assim?