O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), analisado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), caiu 2%, em março, após avançar 0,5% entre janeiro e fevereiro. Ao mesmo tempo, as vendas parceladas obtiveram o pior resultado desde 2012, com retração de 1,83% frente ao mesmo período de 2013, segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
O ICF atingiu 122,9 pontos, no mês passado. Se comparado a 2013, o índice teve uma queda ainda maior, cerca de 5,2%. Para a FecomercioSP, a redução do interesse de compra é justificada pelo término do período de promoções de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, no começo do ano.
De acordo com a área econômica da entidade paulista, a permanência da inflação em níveis elevados está comprometendo o orçamento das famílias para novas aquisições de produtos e contratação de serviços. O item Renda Atual recuou 6,2% de fevereiro para março. Fora isso, Perspectiva Profissional e Emprego Atual -0,7% também variaram negativamente, com -1% e -0,7%, respectivamente. Os resultados de Perspectiva de Consumo (0,4%), Acesso ao Crédito (0,6%), bem como Nível de Consumo Atual (5%), impediram que a queda fosse ainda maior.
Com relação às compras a prazo, a comparação mensal apresentou alta de 4,18%. Apesar de positivo, o resultado foi o menor crescimento registrado pelo SPC desde 2012, quando o levantamento começou a ser realizado. Os líderes da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) veem uma tendência de desaceleração na atividade varejista ? iniciada em março de 2013. A alta na inflação e o baixo crescimento da renda dos consumidores aparecem, novamente, como influência, acompanhados da escalada dos juros.
Segundo o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o carnaval teve um forte influência no período, já que paralisa o comércio, movimentando apenas segmentos específicos. ?Mas mesmo descontando esse efeito do carnaval, foi um trimestre fraco de vendas?, complementa.
O cenário dos próximos meses, na visão da Federação do Comércio, continuará complicado devido à pressão dos preços e juros em alta. A tendência do ICF seguirá negativa, podendo alcançar a menor pontuação histórica de 120,3 pontos (registrada em agosto de 2009).