O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou, em agosto, a segunda alta consecutiva atingindo 66,3 pontos. Houve aumento de 2% na comparação com julho, no entanto, o índice ficou 5,3% inferior ao apurado em agosto do ano passado.
O ICF é um indicador mensal apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e varia de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de 100 pontos significa insatisfação e acima de 100, satisfação em relação às condições de consumo.
De acordo com a Federação, os dois destaques positivos estão relacionados à expectativa de melhora nas condições profissionais e de consumo que são os dois únicos itens que apresentaram crescimento na comparação anual. O item Perspectiva Profissional é o único subíndice na área positiva, com 102,9 pontos, a alta mensal foi de 1,7% e a anual de 14,1%. Já o índice de Perspectiva de Consumo atingiu 53,4 pontos, crescimento de 1,3% no comparativo mensal e 6,8% em relação a agosto de 2015.
Para a assessoria econômica da FecomercioSP, os paulistanos estão acreditando em uma melhora no emprego nos próximos seis meses e estão retomando, aos poucos, o estímulo de consumo futuro. A Entidade reforça que, por mais que ainda esteja abaixo dos 100 pontos, já é a terceira alta mensal seguida da Perspectiva de Consumo.
Mesmo com essa melhora das expectativas, o sentimento dos empresários do comércio, no curto prazo, ainda é de cautela, porque o índice do Nível de Consumo Atual retraiu 1,6% em relação a julho e passou a 36,3 pontos, amargando a pior posição de avaliação do ICF no mês. Já o item Emprego Atual, por sua vez, apresentou melhora mensal de 1,3%, mas ainda se posiciona no grau de insatisfação com os 92,8 pontos, o que demostra que a maioria dos paulistanos continua insegura quanto ao atual trabalho.
Por outro lado, o item Renda Atual foi o destaque positivo entre os componentes do ICF no mês, em termos de ganho de pontuação, e passou dos 72 pontos em julho para 74,4 pontos em agosto, alta de 3,3%. Segundo a Entidade, pode-se creditar a segunda alta consecutiva na casa dos 3% à tendência descendente da inflação. O IPCA da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 8,5% no acumulado de 12 meses até julho deste ano, muito abaixo dos 11,1% registrados no ano passado. A inflação ainda está longe da meta determinada pelo governo, mas essa redução alivia, mesmo que de maneira leve, a pressão sobre o orçamento das famílias.
Outro item subiu em agosto foi o Acesso ao Crédito: 2,3 pontos, chegando aos 64,5 pontos no mês, alta mensal de 3,8%. Segundo a Federação, tal crescimento pode ser visto muito mais como um ajuste de satisfação, do que uma recuperação em si, uma vez que este item era o único que vinha com uma sequência de seis quedas consecutivas.
A Entidade ressalta que os juros ao consumidor estão elevados, em média de 71% ao ano (13 pontos porcentuais maior que no ano passado, segundo o Banco Central) e o sistema financeiro ainda mantêm uma política mais seletiva na oferta de crédito.
Por fim, o item Momento para Duráveis alcançou os 40 pontos, registando aumento de 3,4% em relação a julho. Segundo a FecomercioSP, ainda é cedo para projetar uma retomada no consumo de bens como geladeira, fogão e TV, cujo valor agregado é maior e em grande parte são adquiridos por meio de parcelamento, mas dada a melhora das perspectivas de emprego é natural que o consumidor planeje e se sinta mais seguro em comprometer a sua renda futura na compra desses bens.
Na análise da Federação, seis, dos sete itens que compõem o indicador, ainda estão abaixo dos 100 pontos. Por mais que a maioria dos itens tenha subido, é importante ressaltar que o quadro está muito mais para uma saída do fundo do poço do que para uma retomada importante da intenção de consumo. De qualquer maneira, mesmo que os ganhos sejam pequenos, o que vale é a alteração da tendência.