Nos últimos anos, muito se discutiu sobre o real impacto econômico de empresas como Uber e 99 no mercado que sempre foi ocupado pelo transporte público. No início desta semana, a Comissão de Viação e Transporte, da Câmara dos Deputados, exibiu alguns números que mostram um pouco sobre o cenário do jogo da mobilidade urbana no País.
De acordo com estudo feito pelo Gaesi, um grupo de pesquisadores sobre automação em mobilidade e outras áreas da Universidade de São Paulo, quase a metade das viagens (ou 49%) feitas pelo serviço Uber Juntos (serviço de carro compartilhado) custam o mesmo ou até menos que duas tarifas de ônibus municipal. Um carro pode pode levar até quatro pessoas.
O que chama a atenção é que o valor, superior àquele cobrado por um ônibus, não é um empecilho para os aplicativos. A mesma pesquisa mostra que 62% dos usuários do aplicativo eram “clientes” do transporte público, mas migraram para esse modelo. Os pesquisadores apontam ainda que há uma tendência de alta para a adesão de novos clientes, pois o índice de reclamação é baixo, a média de ocupação é menor que duas pessoas e o mais importante: consumidores se sentem mais confortável.
Ameaça
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Otávio da Cunha Filho, disse não ser contrário ao transporte oferecido pelos aplicativos, mas questionou a modalidade de viagem compartilhada.
“Não é uma questão de se colocar contra um serviço individual, de utilidade pública, que pode ser ofertado à sociedade, obedecer às regras de mercado, de livre oferta, de livre iniciativa. Agora o compartilhado, efetivamente, é predatório com relação ao serviço público de transporte e precisa ser reavaliado”, disse.
Aplicativos devem pagar tributo?
O presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos em Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello, defendeu que as empresas de aplicativos contribuem pelo menos para manter a infraestrutura urbana que utilizam.
“Se cada corrida de aplicativo em Porto Alegre contribuísse com R$ 1 para custear o transporte público, e isso entrasse como uma receita acessória, a nossa tarifa cairia de R$ 4,70 para R$ 4,30. “
O encontro em Brasília contou com a participação do prefeito de São José dos Campos (SP), Felício Ramuth. Segundo ele, os aplicativos de transporte têm dois anos e meio de regulamentação no município e chegaram a um faturamento mensal de R$ 14 milhões. O total, segundo ele, é apenas um milhão menor que o arrecadado pelas 13 empresas de transporte da cidade.
Limite da cobrança do motorista
O Uber também foi assunto em outra comissão, desta vez ocorrida na Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.
Os parlamentares rejeitaram o projeto de lei (PL 448/19), que limitava a taxa cobrada dos motoristas pelos aplicativos de transporte individual, como a Uber e Cabify, a 10% do valor da corrida realizada. Dezoito deputados votaram pela rejeição da matéria e seis, pela aprovação. Houve duas abstenções.
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