O mercado financeiro persegue obsessivamente maneiras únicas e permanentes de criar valor e consolidar vantagens competitivas. Com a chegada das Inteligências Artificiais (IA) generativas, os bancos viram aí uma oportunidade excepcional para ganhar qualidade, escala e produtividade a partir de aplicações inovadoras em IA, com foco no atendimento e na satisfação do cliente.
Será que a exploração do ecossistema de IA por meio de alianças estratégicas com fornecedores e parceiros fortalece esses esforços essenciais na melhoria da experiência e retenção do cliente? Com milhares de potenciais parceiros de tecnologia disponíveis para oferecer suporte, quais os caminhos para priorizar, avaliar e engajar efetivamente essas empresas e acelerar a forma como as companhias usam IA para ajudar seus clientes?
São inquietações que permearam todo o line up de conteúdos do Money 20/20, como, por exemplo, o painel “’Vamos precisar de um bairro inteiro’ – por que ecossistemas são o formato mais poderoso da inovação em IA?”. Esse painel trouxe uma conversa profunda sobre a construção de ecossistemas como premissa para o sucesso da implementação de IA, reunindo Malcolm de Mayo, VP de Serviços Financeiros Globais da NVDIA, Daragh Morrissey, diretor de IA da Microsoft, Kate Lybarger, head de Inovação de Pagamentos da Discover Global Network, e Kelly Wen, líder de tesouraria e consultoria do cliente do Bank of New York (BNY). A conversa entre essas lideranças mostrou que compartilhar importantes alianças pode melhorar os esforços de comercialização e abrir novas oportunidades de crescimento.
A importância da colaboração
Se hoje ficamos impressionados ao ver o crescimento espantoso da NVIDIA, é porque nunca olhamos de perto como a empresa costurou parcerias ao longo de sua evolução. Hoje, a empresa é uma usuária intensiva de copilots que a ajudam a criar novas plataformas e inovações todos os anos. E tudo isso nasceu a partir da predisposição de construir parcerias produtivas ao longo de sua trajetória. Kate Lybarger, da Discover, empresa de meios de pagamento, enxerga nas parcerias a melhor forma de lidar com a complexidade e de pilotar projetos pequenos que reduzem riscos. Parcerias trazem aprendizados mútuos, que podem ser compartilhados para melhorar a capacidade de predição e dar mais insights para a tomada de decisão.
Malcolm de Mayo afirma que a parceria com a OpenAI foi “tremendamente valiosa” e ajudou a aprimorar a qualidade e a performance dos chips da companhia. Para Kelly Wen, do BNY, a colaboração com empresas como Microsoft e OpenAI tornou a instituição mais eficiente e mais capaz de lidar com o cenário de mudança intensa e profunda. O uso de IA permite ao banco projetar a rentabilidade possível por cliente, criar cenários de rentabilidade por produto e melhorar o score da concessão de crédito. Mas a executiva alerta: “comece pequeno, sempre considere um copilot no projeto, analise dados com cuidado antes de sair adotando Inteligência Artificial em massa”.
A velocidade de evolução e os múltiplos campos de aplicação da IA são definitivamente um grande desafio para as empresas. No mercado financeiro, por mais que a regulação procure estar informada, está simplesmente defasada em relação à forma pela qual essa se dissemina. Por isso, a metodologia baseada em adoção reduzida, limitada na escala, focada no aprendizado, parece ser a melhor aposta para extrair valor da adoção dessa tecnologia. E esse processo fica mais seguro quando as empresas conseguem pensar colaborativamente sobre objetivos, melhores práticas e ganhos de escala.
O formato de ecossistemas veio para ficar e vale destacar que a própria Inteligência Artificial permite acelerar a colaboração e cooperação em diferentes níveis, otimizando processos e tornando-os mais fluidos e eficientes.