Não é de hoje que o Google vem sofrendo retaliações por suposto abuso na demonstração de notícias nos cards do Google News. E o mesmo pode acontecer também no Brasil. O assunto começou a dar pano para manga na Austrália. O país criou um manual de boas práticas que determina que grandes plataformas de tecnologia, como Google e Facebook, paguem as editoras por notícias exibidas no buscador.
Em fevereiro, o Google fechou um acordo com a empresa australiana de notícias Nine Entertainment, no valor de US$ 30 milhões segundo o jornal australiano The Sydney Morning. Além da Nine Entertainment, o Google também concluiu negociações com pelo menos outras duas grandes empresas de jornalismo para poder continuar veiculando notícias na Austrália, a News Corp e a Seven West Media.
Após o exemplo australiano, a União Europeia resolveu entrar no jogo. Na União Europeia e no Reino Unido, a publicação e o compartilhamento de notícias também podem começar a ter um custo para as gigantes da tecnologia. Além disso, as gigantes tecnológicas poderão ser obrigadas ser mais transparentes na maneira como classificam as notícias nas suas plataformas. Deste modo, cada alteração ao algoritmo passará a ser comunicado aos órgãos de comunicação social.
O que pode acontecer no Brasil?
As negociações reverberaram no Brasil, e as queixas são semelhantes à da Austrália. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) pediu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para incluir mais informações em um processo administrativo aberto contra o Google em 2019, alegando que a big tech estaria abusando de sua posição de poder ao exibir trechos no Google News.
Segundo a associação, esses snippets desestimulam o clique dos internautas, fazendo com que o Google “roube” tempo de engajamento por meio de conteúdo de terceiros. A ANJ pede, então, que a gigante de tecnologia remunere os publishers.
Em resposta, a gigante da tecnologia disse que está cooperando com as investigações, mas argumenta que todos os sites decidem se querem ou não aparecer na opção “Google Notícias”. Segundo o Google, a ferramenta ajuda a direcionar mais de 24 bilhões de acessos todos os meses a sites jornalísticos, além de ter adicionado uma ferramenta “Assine com o Google”, que facilita a assinatura em jornais.
Já a ANJ, afirma que as medidas não são suficientes, e alega que “o valor pago é meramente simbólico”. A Associação estuda uma legislação que determina a obrigatoriedade da remuneração de empresas de notícias pelas big techs, de modo que todos os veículos sejam pagos de forma igualitária e que a Google haja com mais “transparência e objetividade nas negociações”. A pauta, porém, teria que passar pelo Congresso.
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