Certamente a Geração Z é a que mais tem impactado as relações entre marcas e consumidores nos últimos tempos. Se no passado o jovem consumidor era atraído por uma marca simplesmente por ela ser descolada, colorida, ou que tivesse alguma personalidade atrelada a ela, hoje os novos consumidores buscam outros atributos para se relacionar e consumir com uma determinada marca.
Essa geração é a que vem construindo ou destruindo a reputação de uma marca hoje. Tudo porque seus valores estão à frente de boas ofertas. Prova disso é a pesquisa “Geração Z Pelas Lentes Latinas”, realizada pelo Grupo Consumoteca.
50% da geração Z já deixaram de consumir
ou boicotaram alguma marca
O estudo da Consumoteca, realizado com 2 mil jovens com idades de 17 a 24 anos, que moram no Brasil, Argentina, Colômbia e México, pertencentes às classes A, B e C, apontou que 50% desses jovens já deixaram de consumir ou boicotaram alguma marca por conta de algum escândalo.
Segundo Mariana Roale, head de pesquisas do Grupo Consumoteca, “essa Geração Z constrói uma relação horizontal com as marcas e as olha de maneira humanizada”. Para a especialista, “isso facilita a proximidade e o diálogo sobre desejos e demandas dessa geração, mas, por outro, “existe a cobrança de uma postura humana quando essas empresas erram”.
“Os Zs não esperam perfeição por parte das marcas e até duvidam quando sentem que uma empresa projeta uma imagem de perfeita. O que eles mais esperam é uma postura transparente de quem assume suas falhas e busca evolução constante”, disse Mariana em nota à imprensa.
Geração Z precisa ser compreendida pelas marcas
Segundo o estudo da Consumoteca, apesar de muito atentos e críticos, os consumidores da geração Z também são flexíveis à mudança de opinião.
O levantamento apontou que entre aqueles jovens que deixaram de consumir alguma marca por algum motivo que não condiz com seus valores, 20% disseram que esse “cancelamento” foi temporário. Já 30% preferiram quebrar as relações com aquelas empresas definitivamente.
30% preferiram quebrar as relações com empresas definitivamente.
Estes números deveriam ao menos levar as marcas a repensarem suas estratégias, já que um terço desse público não voltará a se relacionar com ela. Pode até parecer pouco para alguns gigantes do mercado, mas a probabilidade de haver um crescimento dessa postura pelas futuras gerações de consumidores já deveria ser o bastante para disparar o alarme dentro de qualquer companhia.
A pesquisa também apontou o lado reflexivo dessa geração de consumidores. Dos jovens pesquisados, 56% acham importante se posicionar de acordo com o contexto em que vivem. Ou seja, essa geração não está apenas atrás de bons produtos ou boas ofertas, elas estão atentas ao que uma marca hoje projeta dentro da sociedade e quais são os seus impactos.
Mais do que consumidores, os zoomers
são porta-vozes de uma marca
Já apontamos em diversos conteúdos em nosso portal as diferentes características que fazem da Geração Z o principal foco das marcas que desejam se relacionar com um público autêntico e engajado. Uma geração mais pragmática e menos individualista, que foge de uma definição em todos os âmbitos e gosta de ter uma identidade livre.
Mais do que se posicionar como uma marca voltada para esse público, as lideranças precisam entendê-lo – de fato – e enxergá-los como porta-vozes de suas marcas. Além disso, as marcas precisam voltar seu olhar internamente e reavaliar estratégias nessa jornada mais ampla, radial e sensível com esses consumidores.
Muito mais que um bom desempenho de mercado, o futuro dos negócios dependerá desse entendimento e valor. Tudo porque o cenário onde a esfera do consumo habita hoje tem no social um peso considerável na decisão de compra e no relacionamento com as marcas.
Além de digital, compartilhado, o consumo agora busca fazer parte de um momento de reflexão e de posicionamento.
Além de digital, compartilhado, o consumo agora busca fazer parte de um momento de reflexão e de posicionamento. As marcas devem deixar de apenas “existir” para “ser”, enfim, devem projetar esforços para algo mais profundo e com mais significado. O lucro é essencial, sim. Mas o legado agora também passa a ser.
É preciso entender que a Geração Z se tornou tão decisória para essa restruturação quanto a digitalização foi para a própria sobrevivência das marcas nos últimos tempos. Obviamente o mercado está repleto de exemplos que trazem esse entendimento e essa busca em realizar algo impactante com essa geração. Mas há muito mais exemplos de quando esse distanciamento acontece. Talvez seja pelo fato de que aquilo que é ruim é mais compartilhado? Está na hora de reavaliarmos esse filtro também.
Por fim, fica uma reflexão sobre o poder da Geração Z e seu impacto na relação com as marcas. Uma faísca para seguirmos observando, avaliando e entendendo que o embate dessa geração com as marcas hoje é uma missão para aquilo que os jovens realmente esperam do futuro do consumo: uma contribuição econômica e social.
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