A geração dos “trintões” brasileiros está bem frustrada. Pesquisa da startup Pesquiseria mostra que 52% dos jovens das classes A e B e 54% dos jovens da classe C tinham o desejo de atuar em uma profissão que os realizasse. Porém, para 80% essa não é uma realidade.
O resultado é parte do Projeto 30, que está sendo conduzido com pesquisas quantitativas e qualitativas. Na qualitativa, foi feita uma abordagem de 24 grupos de discussão formados por homens e mulheres de 30 anos, residentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre. Na abordagem quantitativa foram entrevistados mil jovens das mesmas praças.
Dentre muitas frustrações dessa geração, a profissional é uma das que tem maior peso. “Os brasileiros dessa faixa etária estão insatisfeitos com o rumo que suas vidas tomou, principalmente no âmbito profissional. Como consequência, muitos adultos têm voltado a estudar; têm buscado novos caminhos de realização pessoal”, analisou Dennis Giacometti, coordenador do estudo e presidente da Giacometti Comunicação, empresa onde a startup está sendo acelerada.
Na avaliação de Tiago Faria, coordenador do estudo e sócio-diretor da Pesquiseria, é importante salientar que o desencanto do jovem de 30 anos não é resultado apenas da crise econômica. “O entendimento é muito mais complexo e advém, sobretudo, de uma geração de jovens que possui alta expectativa e nenhum planejamento concreto. Para a maioria deles, existia um futuro prometido que não chegou. A frustração vem como uma autocobrança e um acerto de contas com o questionamento sobre quem se tornaram”, afirma Faria.
O estudo identificou o tamanho da dissonância entre as expectativas desses jovens e a realidade: apenas 15% dos entrevistados estão plenamente satisfeitos com as conquistas.
Aos 30 anos, 34% dos entrevistados das classes A e B gostariam de ter concluído cursos para aprimorar o aprendizado, uma realidade para 28%. Para os da classe C, essa era a expectativa de 40%, mas somente 24% conseguiram concretizar.
A questão de poucas oportunidades para correr atrás dos sonhos foi apontada por 9% dos “trintões” das classes A e B e 8% dos jovens da classe C, enquanto “passamos muito tempo correndo atrás e parece que não foi suficiente“ foi identificado, igualmente, por 7% das classes A, B e C.
Segundo Dennis Giacometti, as percepções são muito semelhantes entre os jovens de diferentes classes sociais – mesmo quando se fala de oportunidades e condições para executar os planos. “A pesquisa mostra que os jovens egressos aos 30 anos têm sentimentos semelhantes, partilham o mesmo desencanto e frustração”, afirma.