Inovação e novas tecnologias estão no radar de diversos setores da economia e a saúde não foge à regra. Esse é o ponto de partida de um encontro que vai reunir médicos, planos de saúde, hospitais e outros atores da saúde: o V Fórum Internacional ASAP (Aliança para Saúde Populacional) – Gestão de Saúde Populacional, que acontece no dia 11 de junho.
Este ano, o impacto das healthtechs deve movimentar as rodas de conversa do encontro. A Consumidor Moderno falou com Ricardo Ramos, médico, vice-presidente da Funcional Health Analytics e novo presidente da ASAP, sobre os gargalos e a inovação dentro da área da saúde – inclusive qual área tem atraído o maior número de startups. Confira:
Consumidor Moderno – Como você analisa o cenário da healthtechs no Brasil? Quais segmentos têm prosperado atualmente?
Ricardo Ramos – As healthtechs estão explodindo em quantidade nos últimos anos no Brasil e no mundo, não somente através de startups, incubadoras e aceleradoras, mas também em companhias de maior porte que têm investindo muita energia e dinheiro nesse setor. Hoje, existem três grandes frentes de atuação das healthtechs: aquelas que desenvolvem soluções para o usuário ou paciente; aquelas que contribuem com médicos na sua condição clínica e; aquelas que visam ajudar a sustentabilidade financeira do setor de saúde, buscando melhorar a sua eficiência assistencial.
CM – Ainda falando sobre healthtech, quais setores mais prosperam fora do País? Parece-me que bem-estar seria o grande assunto desse setor?
R.R – As frentes que possuem maiores investimentos e visibilidade são aquelas que desenvolvem soluções para as pessoas físicas e portanto têm maior abrangência e volumetria, como soluções de wellness, ou bem-estar como você colocou, assim como desenvolvimento de devices e equipamentos que agilizam diagnósticos rapidamente e sem necessidade de estruturas de alta complexidade, com a coleta e realização da análise em casa mesmo, através de gotas de sangue, da expiração, de saliva etc. Essa tendência de empoderar o paciente é que deve guiar o desenvolvimento das healthtechs nos próximos anos.
CM – Healthtech, assim como outros setores de tecnologia, se aproveitam dos gargalos deixados pela velha economia. Quais os gargalos brasileiros na sua opinião?
R.R – O principal gargalo é de inovação e regulação. Além de estarmos bastante atrasados sobre as tecnologias disruptivas que estão guiando esse avanço, nossa legislação sobre os equipamentos está ainda mais atrasada, fazendo com que também demoremos muito para colocar essas inovações na casa das pessoas.
CM – Falam que a saúde privada no País tem sérios problemas de gestão, o que tem levado a prejuízos e até fraudes reclamadas por planos de saúdes. O que você pensa sobre o assunto?
R.R – Há um consenso sobre isso, e para esse tema existem as healthtechs especializadas em buscar a sustentabilidade no setor de saúde através de machine learning e inteligência artificial, integrando informações e aplicando metodologias inovadoras que garantem aos gestores do setor uma ampla possibilidade de ações que até então não existiam. Portanto, a tendência é muito positiva, desde que o setor consiga absorver essa tecnologia que já está disponível.
CM – O 5G é a grande aposta do mundo tech sobre diversos aspectos. Ele será importantíssimo para carros autônomos, internet das coisas e, claro, a telemedicina. O senhor tem acompanhado essas discussões? Quais as possibilidades?
R.R – O 5G vai abrir caminho para que a Internet das Coisas domine totalmente nossas vidas, no sentido de estar em quase tudo que fazemos. A disponibilidade dessa tecnologia, associada com sua velocidade de troca de dados, vai impulsionar em muito a implantação de inovações que ainda estão sendo incubadas e com certeza trarão oportunidades de soluções que nem imaginamos ainda.
Serviço
V Fórum Internacional ASAP – Gestão de Saúde Populacional: Um Convite à Prática
Data: 11 de junho
Horário: 7h20 às 18h30
Informações: http://www.asapsaude.org.br/