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O futuro não é para ser previsto. É para ser criado 

O futuro não é para ser previsto. É para ser criado 

No mês em que a Consumidor Moderno completa 30 anos explorando o futuro, vale a pena conhecer a visão do futurista que inventou o Innovation Lab do Google: Frederik Pferdt.

Em um mundo onde 98% das previsões falham, insistir em tentar adivinhar o futuro é uma armadilha muito previsível. Mas e se, em vez de esperar pelo que está por vir, pudéssemos criar ativamente o futuro que desejamos? Essa é a provocação que Frederik G. Pferdt, ex-Chief Innovation Evangelist do Google e fundador do Google Innovation Lab, trouxe ao SXSW 2025. Autor do livro What’s Next Is Now: How to Live Future Ready, Pferdt defende que a chave para navegar em tempos de incerteza não está em prever tendências (até porque o próprio conceito de tendências está contaminado pela confusão com modismos passageiros), mas em desenvolver um “future-ready mindstate” — uma forma dinâmica de experimentar o presente que transforma ansiedade em ação e incerteza em possibilidade. 

Em uma palestra provocadora, Frederik convidou o público a repensar sua relação com o futuro para se tornar protagonista na construção do que vem pela frente. Essa sempre foi a inspiração que norteou a Consumidor Moderno desde o início, há 30 anos.

“Todos adoram falar sobre o futuro. Nossa mente chega a pensar mais de 10 mil vezes ao dia sobre o que virá a seguir”, observou Frederik. Ele diz que é comum em qualquer evento, em qualquer trilha, em qualquer painel, vermos apenas previsões. Mas o fato é que a grande maioria das previsões falha miseravelmente. Seu objetivo não é nos manter apaixonados pelo futuro e sim criar uma relação diferente com o que virá. Será que podemos nos apaixonar e ter uma relação envolvente e “amorosa” com o futuro?

Frederik G. Pferdt, ex-Chief Innovation Evangelist do Google e fundador do Google Innovation Lab no SXSW 2025.

O futuro será terrível, quente, agora, meu, bonito, lendário. Frederik fez uma dinâmica convidando todos os presentes a imaginarem seus próprios futuros, para que criassem um retrato de seu próprio amanhã. Segundo ele, ao fazermos esse exercício, podemos ter um controle maior sobre a incerteza, trazendo para nossa mente uma nova habilidade: a de pensar um futuro do qual fazemos parte, e não necessariamente vinculado a tudo o que não sabemos e que é visto como incerto. Qual é a diferença entre imaginar um futuro que é previsto de modo impessoal – fatos que irão acontecer, tendências que estão no horizonte – e aquele que imaginamos para nós mesmos? Todos temos conhecimento do poder da nossa mente, mas não nos dedicamos a promover a expansão da capacidade de nossa mente para reordenar valores, pressupostos, perspectivas.

A mente pronta para o futuro, para o caminho sobre o qual podemos ter influência, nosso próprio desenvolvimento inclui “otimismo radical”, abertura sem reservas, curiosidade compulsiva, experimentação perpétua, empatia expansiva e uma nova dimensão. 

Pontos de vista

Quantas vezes procuramos reenquadrar o que vemos para enxergar o mundo como ele é e, por um ângulo diferente, como queremos vê-lo e como queremos fazer parte dele?Nada é impossível para pessoas radicalmente otimistas”, defende o futurista. Expandir a visão para além do que vemos, e como vemos, pode ser um exercício diário e fascinante. Em outros termos, Frederik poderia ser um guru, mas seu trabalho procura criar conexões com o que somos para não perdermos a habilidade de ver oportunidades que estão diante de nós. 

Shunryu Suzuki diz que nossa mente deve estar sempre aberta para as possibilidades da vida. Mas em um mundo de overload cognitivo, devemos, sempre que possível, praticar o “esvaziamento da mente”, para que ela possa estar aberta a novas perspectivas e não se deixar desesperar diante da incerteza. “Como devemos nos sentir no futuro? Que emoções devemos projetar para o nosso futuro?” Seus exercícios e propostas para reimaginar o futuro são simples, mas criam efeitos poderosos. A plateia, durante as dinâmicas se mostrou surpreendentemente memorizada (por falta de palavra melhor).

Curiosidade compulsiva

Quantos de nós perderam a capacidade de perguntar, de exercitar a curiosidade tão natural de todo ser humano? Queremos sempre exibir certezas, como provas de confiança. Não gostamos de desafiar o status quo, e, por isso, estamos sempre em busca de respostas prontas. Mas elas existem? E qual a serventia delas se, como sabemos, nossas previsões são falhas e nossas decisões são limitadas e insuficientes? Nós temos receio de mostrar uma suposta fragilidade quando nos esquivamos de mostrar nossa curiosidade. E a curiosidade tem relação com coragem e com a nossa busca por evolução.

Quando investigamos o futuro, queremos que ele nos chegue pronto para consumo, de acordo com o mundo como o vemos, sem curiosidade. Mas a beleza do futuro não está nas respostas, mas nas perguntas novas que podemos fazer. Nos locais de trabalho, queremos sempre demonstrar o que sabemos, mas não seria positivo revelar o que não sabemos?

Empatia começa dentro de cada um

O futuro pode nos tornar pessoas melhores? Para Frederik, empatia é uma habilidade fundamental para que possamos nos aperfeiçoar. Só que, em sua visão, nós não podemos ser empáticos com os outros sem sermos antes conosco. É uma ideia contraintuitiva: como entender e nos colocar no lugar de nós mesmos? A ideia é simples: nos colocar em situações difíceis e nos imaginar reagindo a elas. Seremos severos, sentiremos culpa, seremos determinados e rudes? O futuro acontece a cada novo minuto e podemos sim, torná-lo mais próximo do que queremos para nós. 

Em um mundo tão repleto de modismos, a visão e as práticas de Frederik Pferdt criam uma base sólida de exploração do potencial criativo e de construção de um amanhã mais promissor e menos sujeito ao derrotismo midiático.

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