Por muitos anos, o comércio de dados pessoais parecia a única forma de monetização por meio do Big Data. Felizmente, o tempo mostrou que existem outras formas de ganhar dinheiro usando informações sem precisar recorrer a práticas, no mínimo, imorais.
Um recente levantamento feito pela consultoria KPMG apontou oito formas de monetização a partir de dados pessoais. A lista tem desde práticas como aprimorar o atendimento ao cliente até a criação de um negócio totalmente novo a partir de dados usando a própria atividade original da companhia. Veja:
Fuga de receita
Dados são insumos para a produção de radiografia precisa de todos os processos de uma companhia. A partir disso, é possível identificar gargalos e até prejuízo de tempo e/ou dinheiro. Seria uma extensão da área de revenue assurance de uma empresa.
Inferir a satisfação do cliente
A área de atendimento ao cliente de uma companhia é um verdadeiro oceano de informações sobre o consumidor. Lá, é possível verificar as queixas, sugestões e elogios sobre produtos e serviços.
Ou seja, o SAC não é apenas um lugar para obter dados estruturados (algo mais numérico), mas, sobretudo, é um espaço para obter justamente o não estruturado ou a emoção – justamente o dado mais precioso nos dias de hoje.
Novos modelos de receitas
Sim, é possível criar uma receita dentro o seu negócio a partir dos dados. A Siemens oferece sistemas de gestão de trânsito. Essas soluções geram dados para a empresa, que abriu uma espécie de consultoria que monta estratégias para garantir o tráfego de veículos.
Outro exemplo (este não citado pelo KPMG, mas uma sugestão da CM) é o Pornhub. Trata-se de um site de pornografia que há alguns anos inaugurou outra página da internet, este sem qualquer relação com a exibição de pornografia. Em linhas gerais, a ideia do outro website é exibir estudos e insights sobre o que as pessoas procuram no site pornográfico. A proposta é ser um espaço de estudo de comportamento.
Em outras palavras, olhar o seu negócio e encontrar inteligência de comportamento pode ser um diferencial no seu negócio.
Detectar fraude e pirataria
É cada dia aumenta a quantidade e o nível de sofisticação dos golpes virtuais praticados na internet.
No entanto, já existem inteligências artificiais capazes de identificar a incidência de fraudes a partir do comportamento de pagamento de uma pessoa. Se um consumidor possui um determinado comportamento de compra e isso muda repentinamente, há bancos que possuem tecnologia que bloqueiam imediatamente a compra. Isso evita que o cliente e o banco tenham prejuízo a partir da ação de golpistas.
Retenção de cliente
Ainda não é possível ler os pensamentos do seu consumidor, mas a leitura de dados já permite prever quando um cliente sairá da sua base de clientes.
Big Data permite enriquecer os projetos de churn ou retenção de clientes a partir da escuta de informações externas ou mesmo entender o tom nos canais de atendimento. Essa modalidade é chamada de survival analytics. Há startups especializadas, caso da Churner.ai.
Melhorar o Roi de marketing
Esse é possivelmente o exemplo mais conhecido em tempos de marketing digital. É possível aprimorar as campanhas de aquisição de clientes por meio da compreensão do cliente que navegam na internet ou por meio de outras fontes de dados.
Além de campanhas publicitárias mais assertivas, é possível manter um relacionamento com o cliente por meio de outros canais digitais, caso do e-mail, redes sociais, entre outros.
Novos modelos negócios
Existem empresas que possuem um grande volume de dados armazenados e que poderiam servir de insumos para a abertura de um novo negócio. Hoje, por exemplo, empresas de telecomunicações brasileiras já concorrem com os birôs de crédito, caso do Serasa Experian, na oferta de um score de crédito produzido a partir da análise do comportamento de pagamento do consumidor de uma companhia de telecomunicações.
Repensar a definição de valor
O valor do consumidor mudou a partir da transformação digital. Hoje, os dados digitais permitem aprimorar e até criar perfis de consumidores com potencial para consumir produtos ou contratar serviços.
Hoje, existem fintechs que são capazes de identificar mais de 35 grupos da população – o que ainda é impossível para alguns bancos tradicionais.
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