Um dos processos mais delicados na vida de uma mulher é ser mãe. Desde a decisão, ou o supetão, há inúmeras expectativas que cercam a gravidez e a maternidade. Mas para algumas mulheres as dúvidas e indefinições começam antes da concepção. Em um mundo com muitos avanços tecnológicos e comportamentais, os recursos para a realização do sonho de ser mãe se aprimoraram e se expandiram muito. Contudo, continuam a não ser simples ou fáceis.
A ginecologista Leila Lamas, especializada em reprodução assistida, o tratamento de fertilização in vitro (FIV) tem aproximadamente 45% de sucesso. “No entanto, esse percentual pode variar devido a diversos fatores, desde a qualidade do sêmen do pai aos níveis hormonais da mulher. Temos que avaliar todos os fatores que interferem nesse processo que podem jogar essa porcentagem para mais ou para menos”, explica.
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Essas variações trazem ansiedade para as futuras mães, chamadas de tentantes, que muitas vezes ficam restritas à pesquisas na internet e às informações técnicas médicas – e seus jargões.
“A mulher precisa entender que a jornada dela é a jornada dela, não é igual a de nenhuma. É realmente função do médico fazer com que a paciente enxergue dentro do processo dos tratamentos de fertilização qual é o percentual médio de sucesso’, recomenda a Dra Leila Lamas.
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Apoio é fundamental para enfrentar processo
Há pouco mais de um ano, Marianna Peretti, de 38 anos, decidiu se tornar mãe, e depois de algumas tentativas, decidiu recorrer ao método de fertilização in vitro (FIV). Durante o processo, repleta de dúvidas, emoções e altos e baixos, buscou informações sobre clínicas, custos, etapas, o que fazer, o que não fazer, o que evitar e como proceder. “Era um turbilhão de incertezas e emoções”, conta Marianna.
“No meio do processo me deparei com um grupo de WhatsApp de tentantes de FIV e percebi que não estava sozinha, que muitas mulheres passavam pelo mesmo processo que eu e com vontade de compartilhar suas histórias e experiências. No grupo encontrei apoio, acolhimento e informação que me ajudam a navegar por este momento”, explica Marianna Peretti.
Em meio às tentativas de engravidar de Marianna ela criou a Fiva, plataforma que reúne conteúdo e depoimentos sobre as opções de tratamento, clínicas e desafios vividos pelas mulheres tentantes. A rede de apoio começou a funcionar pelo WhatsApp e agora pelo site, lançado recentemente.
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“É um caminho que fortalece, traz muita fé e esperança. Eu tive um aborto espontâneo no início do ano, e o grupo me trouxe muito apoio emocional, de mulheres que já tinham passado por esse processo, me ajudou a processar o luto e me preparar para uma nova tentativa”, revela Marianna Peretti.
Além desse suporte, a Fiva tem coletado informações de clínicas, protocolos e técnicas, a partir das experiências das tentantes. A dúvida sobre como funcionam os diferentes procedimentos de reprodução assistida são muito comuns, ressalta a Dra Leila Lamas. “São dúvidas muito recorrentes sobre como funciona cada etapa da fertilização, o significado dos exames, mas também muito individuais, porque cada mulher tem um ciclo, características reprodutivas e expectativas com a gravidez”.
Apoio psicológico
Na Fiva, as pessoas podem contar suas histórias, inclusive de forma anônima, avaliar suas experiências com as clínicas, que podem ser pesquisadas por cidades ou fatores de complicação – e acompanhar o processo de outras tentantes, que em muitos casos se tornam amigas.
Leila Lamas recomenda e encoraja aos casais se cercarem de apoio antes e durante o tratamento. “Na clínica temos uma psicóloga que faz esse acompanhamento com nossos casais é porque é um processo desgastante, é caro financeiramente, é custoso psicologicamente, então se você não tiver um apoio, uma rede de apoio, um suporte terapêutico profissional essa caminhada que é o tratamento fica muito mais difícil”, enfatiza a ginecologista.
O projeto da Fiva é também incluir uma rede de suporte psicológico especializado para acompanhar essas mulheres, que se unem na esperança de se tornarem mães. Enquanto isso, basta fazer um cadastro e ter acesso aos conteúdos compartilhados na plataforma, que é gratuita.
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