Até onde é importante conhecer as finanças do cônjuge? Há quem acredite que cada um ganha seu dinheiro e faz com ele o que bem entende. No entanto, quando duas pessoas decidem dividir mais do que um lar, há que se tomar um pouco mais de cuidado. Afinal, um acaba sendo responsável por ajudar o outro, caso alguma coisa saia do controle e o desequilíbrio de um pode afetar a todos.
Assim, o diálogo entre todos os membros da família acaba sendo fundamental quando o assunto é dinheiro do lar. “O assunto precisa ser encarado como algo necessário, já que todos são afetados pelo modo como o dinheiro da família é administrado dentro de casa”, afirma José Vignoli, educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e do portal Meu Bolso Feliz.
Não faz diferença se uma pessoa é responsável sozinha pelas contas ou se elas são divididas por igual. O diálogo é fundamental. Não se trata de contar cada gasto para seu par, mas de encontrar um equilíbrio entre prestar conta dos gastos pessoais e esconder o que gasta. “Despesas omitidas podem prejudicar o equilíbrio do orçamento familiar, mesmo no curto prazo, ocasionando problemas graves para toda a família. O ideal é reservar uma parte do orçamento para que cada um possa arcar com itens pessoais”, adverte a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
No entanto, esse diálogo ainda é falho em muitos lares brasileiros, como mostrou uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) para avaliar o comportamento financeiro dos casais brasileiros. Segundo o estudo, três em cada dez brasileiros (29,2%) não sabe ao certo o valor do salário do companheiro(a) e apenas 38,9% das famílias brasileiras conversam abertamente sobre os gastos e as receitas da casa todos os meses, sendo que 18,1% apenas o fazem quando a situação financeira está ruim.
A pesquisa mostra ainda que em 43,9% das famílias há ao menos um morador que prejudica o equilíbrio financeiro do domicílio e em 56,1% dos lares ninguém gasta mais que o combinado. Para Marcela Kawauti, basta uma única pessoa agindo de forma irresponsável para comprometer as finanças de toda a família. “Compras não planejadas, compromissos de longo prazo assumidos sem o devido respaldo financeiro ou gastos além da conta corrigidos pelos juros do cartão de crédito ou do cheque especial podem, rapidamente, deixar as contas no vermelho”, alerta a economista.
Confira no infográfico abaixo mais alguns números da pesquisa:
As estratégias mais utilizadas pelos entrevistados para esconder as compras são: pagar com dinheiro, não deixar o cônjuge ver a fatura do cartão de crédito e/ou extrato da conta corrente e chegar em casa antes do cônjuge para guardar as compras sem que ele veja. Entre os que não contam sobre tudo o que compraram, 41,5% dizem que não expõem todas as compras para evitar brigas.
Além da falta de transparência, percebe-se que mesmo quando há um projeto de vida em comum, nem sempre ele é posto em prática: 76,6% dos entrevistados têm algum plano para os próximos dez anos com o cônjuge, mas entre esses pouco mais da metade (54,4%) faz algo de concreto para realizá-los. Em relação às aplicações e investimentos dos entrevistados, 85,2% dos cônjuges têm conhecimento, entre esses, 23,0% não sabem o valor.