Uma reportagem do Washinton Post, com base em documentos da empresa, revela que o Facebook, por três anos, fomentou a raiva e a exibição de conteúdos tóxicos, muitos deles fake news, para aumentar o engajamento na rede social. O curioso é como a empresa descobriu essa informação: a interação de usuários com os emojis “amor”, “haha”, “uau”, “triste” e “zangado”. E principalmente o ‘zangado”.
Os emojis foram inseridos na plataforma foi há cinco anos e, aparentemente, ele surgiu justamente com o objetivo de estimular as emoções nos usuários, inclusive a exposição da raiva. “Nos bastidores, o Facebook programou o algoritmo que decide o que as pessoas veem em seus feeds de notícias para usar o emoji de reação como sinais para empurrar um conteúdo mais emocional e provocativo – incluindo conteúdo que pode deixá-las irritadas”, afirma a reportagem.
A partir de 2017, o algoritmo de classificação do Facebook tratou as reações dos emojis como cinco vezes mais valiosas do que “curtidas”, segundo apontam documentos internos.
E por que isso?
A teoria era simples: postagens que tinham muitos emojis tendiam a manter os usuários mais engajados – justamente a chave para os negócios do Facebook.
De acordo com a reportagem, pesquisadores do Facebook passaram a suspeitar, já em 2017, que o favorecimento de postagens “polêmicas” – incluindo aquelas que irritam os usuários – poderia abrir “a porta para mais spam / abuso / clickbait inadvertidamente”, escreveu um funcionário do Facebook em uma troca de mensagem com um colega e que incluída no documento obtido pela reportagem. Na mesma troca de mensagem, o colega de responde: “É possível”.
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Em 2019, o que era uma hipótese teria sido confirmada. Cientistas de dados da empresa confirmaram que as postagens que desencadearam uma reação de raiva emoji tinham uma probabilidade desproporcional de incluir desinformação, toxicidade e notícias de baixa qualidade.
“Isso significa que o Facebook, por três anos, sistematicamente ampliou algumas das piores características de sua plataforma, tornando-o mais proeminente nos feeds dos usuários e espalhando-o para um público muito mais amplo. O poder da promoção algorítmica minou os esforços dos moderadores de conteúdo do Facebook e equipes de integridade, que estavam lutando uma batalha árdua contra conteúdo tóxico e prejudicial”.
A informação coincide com o relato de Frances Haugen, ex-gestora do Facebook e que recentemente esteve no Congresso dos EUA e deu detalhes assombrosos sobre o negócio da empresa.
Na última segunda-feira, Haugen esteve no Parlamento britânico e afirmou que o ódio alimentaria o engajamento da plataforma. “Raiva e ódio são a maneira mais fácil de crescer no Facebook”, disse Haugen.