Bryony Cole é a CEO da Future of Sex, uma organização que investiga a convergência entre sexo, tecnologia e bem-estar. No SXSW 2021, ela revelou como a indústria de sextech cresceu durante uma pandemia e o que podemos esperar dessa tendência no pós-pandemia.
Desde a invenção de próteses genitais baseadas em aplicativos até o aperfeiçoamento da tecnologia de silêncio inteligente, há um imenso grupo de profissionais de inovação em todo o mundo produzindo descoberta após descoberta nestes meses de isolamento. São produtos que prometem transformar a maneira como pensamos sobre a conexão humana e o sexo. Vale a pena entender um pouco mais sobre uma indústria multifacetada que abrange educação sexual, bem-estar, identidade de gênero, medicina, estigmas sociais e muito mais.
Propósito maior
Sextech, ao contrário do que se pode imaginar, não está exatamente relacionado ao uso de robôs e IAs com finalidades sexuais. Está associada à busca de companheirismo, redução de carências e da solidão, extremamente agravadas pela pandemia. “Qual é a qualidade da intimidade que temos atualmente e de que forma podemos melhorar essa necessidade tão fundamental?”, questiona Bryony. Para ela, a visão geral da sextech é de uma distopia, que teve origens há cerca de 10 anos com o lançamento do Tinder e o uso de algoritmos para viabilizar relacionamentos.
A CEO diz que é necessário se livrar desses preconceitos e julgamentos para entender a ascensão dessa indústria. Bryony sempre recorre a um exemplo simples: pedir para que as pessoas se toquem e sintam o que suas mãos sugerem em termos de intimidade, energia e afeto. E então, a executiva indaga: essas sensações estão disponíveis para pessoas que têm problemas motores? De que forma elas podem recuperar a sensação do toque tão essencial para a nossa intimidade?
A evolução da Sextech permitiu o desenvolvimento de próteses e outros artefatos para quem necessita de alternativas para se reconectar com a própria sexualidade. Por essa perspectiva, sextech também significa o uso de tecnologias baseadas em apps que ensinam, motivam, estimulam e permitem redimensionar a vida sexual de indivíduos e casais.
A especialista mostrou uma inacreditável coleção de dispositivos, wearables, tecnologias que expandem os horizontes sexuais para muito além da imaginação. Ela afirma que a convergência de sexualidade e tecnologia implica em pensar em tudo o que nos permite atingir um objetivo básico: a melhoria da nossa experiência de intimidade.
Novo olhar
Curiosamente, essa convergência existe desde a pré-história. Não são poucos os “utensílios sexuais” criados pela humanidade na busca por uma vida sexual mais plena. Mas é claro, o sexo sempre foi um assunto incômodo, muitas vezes visto como desvio e por isso, as referências dessa busca pela qualidade sexual foram sendo relegadas à obscuridade ao longo da história.
Recentemente, apesar da Sextech ser um tema recorrente da indústria cultural, em séries como Grace and Frankie, 50 tons de Cinza, a perspectiva é sempre de excentricidade, humor, sem necessariamente refletir a ansiedade das pessoas em romper tabus e bloqueios que inibem um comportamento sexual mais saudável. Influenciadores no Instagram, nesse contexto, estão fazendo um trabalho mais inclusivo e representativo, discutindo comportamento sexual, aceitação, relacionamento e comportamento individual de forma saudável. Os influenciadores fazem parte de uma indústria que movimenta US$ 122 bilhões atualmente.
Os investimentos em tecnologia para essa indústria de sextech estão em franca e acelerada evolução, atraindo milhares de empreendedores que produzem inovação de forma contínua. Um negócio promissor que facilita a educação, melhora o acesso à informação e auxilia sensivelmente muitas e muitas pessoas a desenvolverem melhores noções de afeto, respeito e compreensão das próprias emoções.
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