/
/
A neutralidade da internet está por um fio. Mas você sabe o que é isso?

A neutralidade da internet está por um fio. Mas você sabe o que é isso?

Na prática, isso significa que as operadoras podem cobrar um valor maior do consumidor por causa do uso do Netflix. Os pais da internet falaram sobre o assunto

No próximo dia 14 (quinta-feira), o Congresso norte-americano deve colocar em votação uma proposta que extingue a chamada neutralidade da internet em solo ianque – um dos princípios fundamentais de acesso à rede. Se não ouviu falar no assunto, deveria. Na prática, é justamente essa máxima que prevê o livre acesso a qualquer tipo de conteúdo na internet sem pagar mais (ou até mesmo) por isso. Em tese, caso a medida seja aprovada, serviços como o Netflix poderiam ser incluídos em pacotes mais caros de acesso à rede justamente por seu mais elevado  consumo de dados.

Confira a edição online da revista Consumidor Moderno!

No entanto, engana-se quem pensa que a discussão é apenas em solo americano. Se for decretado o fim da neutralidade nos EUA, fatalmente a discussão ganhará o mundo e, claro, chegará no Brasil. Aliás, alguns jornais brasileiros destacam que as operadoras de telecomunicações no Brasil acompanham o debate e estariam dispostos a comprar essa briga também no Brasil.

Por outro lado, há quem defenda a manutenção da neutralidade. E os defensores não poderiam ser outros senão os próprios criadores da World Wide Web. Eles produziram uma carta contra a medida. Veja o eles dizem sobre o assunto:

FCC: vocês não entendem como funciona a internet

Nós somos os pioneiros que criaram e operam a Internet, e, agora, assim como alguns dos inovadores e empresários, dependemos dela para o nosso sustento. Em função disso, convocamos respeitosamente o presidente da FCC (Federal Communication Commision, uma espécie de Anatel norte-americana), Ajit Pai, para cancelar a votação de 14 de dezembro sobre a Ordem de Libertação da Internet.

O pedido proposto revogou as principais proteções de neutralidade da rede, tais como a proibição de bloqueio de provedores de acesso à Internet a determinados conteúdos, sites e aplicativos, além de abrandar ou acelerar serviços ou classes de serviço. A medida também revoga o controle sobre outras discriminações e práticas não razoáveis? ??e também sobre a interconexão com os provedores de acesso à Internet. A Ordem proposta remove a supervisão de longa data da FCC sobre os provedores de acesso à Internet sem uma substituição adequada para proteger consumidores, mercados livres e inovação online.
É importante entender que a Ordem proposta da FCC é baseada em uma compreensão errônea e incorreta da tecnologia da Internet. Essas falhas e imprecisões foram documentadas em detalhes em um comentário conjunto de 43 páginas (texto em inglês), assinado por mais de 200 dos mais proeminentes pioneiros e engenheiros da Internet e submetido à FCC em 17 de julho de 2017.

Consumidor Ignorado

Apesar deste comentário, a FCC não corrigiu seus mal-entendidos. Em vez disso, a medida desmantela 15 anos de supervisões tanto de cadeiras republicanas e democratas da FCC. Em todos esses anos, os últimos comandos  entenderam os riscos e ameaças que os provedores de acesso à Internet poderiam representar ao pleitear a abertura de mercado na internet. O comentário dos especialistas não foi o único que a FCC ignorou. Mais de 23 milhões de comentários foram enviados por um público claramente apaixonado por proteger a internet. 

Na verdade, rompendo com a prática estabelecida, a FCC não realizou uma única reunião pública aberta para ouvir a opinião de cidadãos e especialistas sobre a Ordem proposta.

Além disso, o sistema de comentários online da FCC foi atormentado por grandes problemas que a entidade não teve tempo de investigar. Entre os problemas, há comentários gerados por robôs que se passaram por americanos, incluindo pessoas mortas e até mesmo uma interrupção inexplicada do sistema de comentários online da FCC, que, coincidentemente, ocorreu no momento em que o apresentador de TV, John Oliver, estava encorajando os americanos a enviar comentários ao sistema.

Atendendo a nossa preocupação, a FCC não respondeu aos pedidos da Lei de Liberdade de Informação sobre esses incidentes e não forneceu informações para a investigação do Procurador Geral do Estado de Nova York sobre esses problemas.

Por isso, pedimos que o presidente da FCC cancele o voto da entidade. Apressada e tecnicamente incorreta, a ordem para abolir as proteções da neutralidade da rede sem qualquer substituição é uma ameaça iminente para a Internet, que trabalhamos tão duro para criar. Ele deveria ser interrompido.

Quem assina?

Frederick J. Baker , presidente da IETF 1996-2001, presidente do conselho ISOC 2002-2006

Mitchell Baker , presidente executivo, Fundação Mozilla

Steven M. Bellovin , pioneiro da Internet, tecnólogo-chefe da FTC, 2012-2013

Tim Berners-Lee , inventor da World Wide Web e professor, MIT

John Borthwick , CEO, Betaworks

Scott O. Bradner , pioneiro da Internet

Vinton G. Cerf , pioneiro da Internet

Stephen D. Crocker , pioneiro da Internet

Whitfield Diffie, inventor da criptografia de chave pública

David J. Farber , pioneiro da Internet, tecnólogo-chefe da FCC 1999-2000

Dewayne Hendricks , CEO Tetherless Access

Martin E. Hellman , pioneiro em segurança na Internet

Brewster Kahle , pioneiro da Internet, fundador, Arquivo da Internet

Susan Landau , especialista em cibersegurança e professora, Tufts University

Theodor Holm Nelson , pioneiro em hipertexto

David P. Reed , pioneiro da Internet

Jennifer Rexford , presidente de informática, Universidade de Princeton

Ronald L. Rivest , co-inventor do algoritmo de criptografia de chave pública RSA

Paul Vixie , pioneiro da Internet

Stephen Wolff , pioneiro da Internet

Steve Wozniak , co-fundador, Apple Computer

Compartilhe essa notícia:

WhatsApp
X
LinkedIn
Facebook
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Recomendadas

MAIS MATÉRIAS

SUMÁRIO – Edição 291

A evolução do consumidor traz uma série de desafios inéditos, inclusive para os modelos de gestão corporativa. A Consumidor Moderno tornou-se especialista em entender essas mutações e identificar tendências. Como um ecossistema de conteúdo multiplataforma, temos o inabalável compromisso de traduzir essa expertise para o mundo empresarial assimilar a importância da inserção do consumidor no centro de suas decisões e estratégias.

A busca incansável da excelência e a inovação como essência fomentam nosso espírito questionador, movido pela adrenalina de desafiar e superar limites – sempre com integridade.

Esses são os valores que nos impulsionam a explorar continuamente as melhores práticas para o desenho de uma experiência do cliente fluida e memorável, no Brasil e no mundo.

A IA chega para acelerar e exponencializar os negócios e seus processos. Mas o CX é para sempre, e fará a diferença nas relações com os clientes.

CAPA: Camila Nascimento
IMAGEM: IA Generativa / Adobe Firefly


Publisher
Roberto Meir

Diretor-Executivo de Conhecimento
Jacques Meir
[email protected]

Diretora-Executiva
Lucimara Fiorin
[email protected]

COMERCIAL E PUBLICIDADE
Gerentes-Comerciais
Angela Souto
[email protected] 

Daniela Calvo
[email protected]

Elisabete Almeida
[email protected]

Érica Issa
[email protected]

Natalia Gouveia
[email protected]

NÚCLEO DE CONTEÚDO
Head de Conteúdo
Larissa Sant’Ana
[email protected]

Editor-assistente
Thiago Calil
[email protected]

Editora do Portal 
Júlia Fregonese
[email protected]

Produtores de Conteúdo
Bianca Alvarenga
Danielle Ruas 
Jéssica Chalegra
Marcelo Brandão
Nayara de Deus

Head de Arte
Camila Nascimento
[email protected]

Revisão
Elani Cardoso

COMUNICAÇÃO
Gerente de Comunicação e Cultura
Simone Gurgel

MARKETING
Gerente de Marketing
Ivan Junqueira

Coordenadora
Bárbara Cipriano

TECNOLOGIA
Gerente

Ricardo Domingues


CONSUMIDOR MODERNO
é uma publicação da Padrão Editorial Ltda.
www.gpadrao.com.br
Rua Ceará, 62 – Higienópolis
Brasil – São Paulo – SP – 01234-010
Telefone: +55 (11) 3125-2244
A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou nas matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte.
Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright,
sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos
publicados nesta revista, salvo expresso
consentimento dos seus editores.
Padrão Editorial Ltda.
Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

NA INTERNET
Acesse diariamente o portal
www.consumidormoderno.com.br
e tenha acesso a um conteúdo multiformato
sempre original, instigante e provocador
sobre todos os assuntos relativos ao
comportamento do consumidor e à inteligência
relacional, incluindo tendências, experiência,
jornada do cliente, tecnologias, defesa do
consumidor, nova consciência, gestão e inovação.

PUBLICIDADE
Anuncie na Consumidor Moderno e tenha
o melhor retorno de leitores qualificados
e informados do Brasil.

PARA INFORMAÇÕES SOBRE ORÇAMENTOS:
[email protected]