Esta é a quarta de uma série de cinco reportagens sobre Millennials. Veja todos os capítulos publicados
A busca por um bem maior e comum também reflete em outros pensamentos dos Millennials. Eles estão buscando propósito em tudo o que fazem e defendem com unhas e dentes.
Quando são questionados a respeito da criação ou manutenção dos direitos de minorias sociais, como dos LGBTs, negros e imigrantes, 66,4% dos Millennials concordam com a questão, seja de maneira total, seja parcial.
Levantar bandeiras a respeito de problemas sociais e realizar ações para diminuir desigualdades pode colocar empresas em outro patamar para os Millennials.
Confira a edição online da revista Consumidor Moderno!
Inclusive, as tornarem cobiçadas. Não é por acaso, portanto, que empresas do porte de Bayer, Carrefour, SAP e IBM vêm investindo alto na criação de comitês de diversidade. Isso dá resultado, de acordo com a pesquisa. Segundo o estudo da MindMiners e do CIP, 76,7% dos jovens gostariam de trabalhar em uma companhia com política de inclusão social.
Independentemente de idade, gênero, raça e orientação sexual, os Millennials também possuem as suas incongruências. A questão da reforma trabalhista é uma delas.
Mesmo prezando por ter flexibilidade de horários e realizar trabalhos de casa, 62,3% se declaram contra as mudanças propostas pelo governo do presidente Michel Temer.
Ou seja, apesar da maioria querer empreender e apenas 30% dos entrevistados serem contratados pelo regime CLT, mudanças nos direitos básicos do trabalhador são totalmente descartadas.
“Há um incômodo na geração que recebeu um maior acesso ao estudo, mas não vê tais avanços se concretizarem em uma situação de maior segurança, facilidade do emprego ou aumento salarial”, afirma Aline Tobal, gerente do CIP.
Para Danielle Almeida, da MindMiners, o resultado pode mostrar um descontentamento com alguns pontos da reforma, mas não com ela na integralidade. “É contraditório, mas é uma geração que tem valores e culturas diferentes”, diz ela. “E são jovens que têm a influência dos pais, que sempre pregaram por segurança e estabilidade”.
Disrupção e tradição podem caminhar juntas
Virou um chavão do meio corporativo dizer que os jovens querem tudo para ontem. Isso não pode ser considerado uma verdade completa. De fato, os Millennials têm um ritmo mais acelerado, porém não é necessariamente para ganhos financeiros ou promoções. Neles, há uma cobrança interna por uma busca de aprimoramento diário.
Eles querem apresentar melhores resultados do que ontem. Para cumprirem esse objetivo, no entanto, precisam do acompanhamento e do feedback das gerações anteriores.
Uma metáfora pode ser utilizada para explicar essa situação. Os Millennials gostam de voar, mas os mais velhos precisam ajudá-los (e até mesmo ensiná-los) a pousar.
Logo, a participação dos Baby Boomers e dos integrantes da Geração X nesse processo é fundamental. Dessa forma, é possível aproveitar o potencial gigantesco que esses jovens podem trazer.
Conflito é coisa do passado
A expressão “conflito de gerações” precisa ser abolida do vocabulário corporativo o mais rapidamente possível. A palavra convergência deve assumir a posição de destaque. A troca de ideias e a experiências é benéfica tanto para profissionais mais maduros quanto para aqueles em começo de carreira.
“Esse conflito tem de acabar, e as pessoas precisam começar a trabalhar juntas”, afirma Tallis Gomes, da Easy e da Singu. “Com a economia em frangalhos, precisamos nos unir e tirar o País do buraco o quanto antes”.
Como mostra o estudo do Ipsos, há muitas similaridades entre as gerações. Millennials trabalham tanto quanto os funcionários de outras épocas.
Eles também têm as suas desconfianças quanto a governos e políticos, mas sabem da importância de possuir instituições fortes. Os jovens, assim como os mais velhos, querem e pensam que é possível viver em um mundo melhor e mais justo.
É uma geração com seus paradoxos e dificuldades, com seus medos e dúvidas, assim como os mais experientes. Mas, como dissemos aqui, o seu ritmo acelerado faz com que eles pensem em fazer a diferença hoje. E isso não pode ser visto como algo negativo.