As startups, em sua concepção, são empresas inovadoras, escaláveis, tecnológicas. De alguma forma, impactam e renovam estruturas antes vistas como convencionais. Muitas delas, atualmente, se preocupam com um tema bastante pertinente ao consumidor: o impacto social. “Hoje, desde grandes corporações até novas startups estão engajados com esse tipo de propósito, demonstram essa preocupação”, lembra Jacques Meir, diretor de conhecimento e plataformas de conteúdo do Grupo Padrão.
Para Ana Julia, fundadora e CEO da Abellha, esta não pode ser apenas uma questão externa, tem que fazer parte da essência das organizações. “A empresa tem que fazer o que faz com um meio de impacto social, gerando valor para as pessoas pelo seu produto, desenvolvendo seu time”, aponta. A plataforma criada pela empreendedora é um ecossistema exatamente para iniciativas que gerem oportunidades para as camadas C, D e E da sociedade.
Esse também é um forte negócio, apesar de não ser enxergado pela maioria das pessoas dessa maneira. “O negócio social tem que ser visto como mercado. As vezes ele não se desenvolve como deveria exatamente porque não é visto assim. Mais de R$ 4 bilhões são investidos no Brasil todo ano nesse segmento”, destaca Bruno Barroso, sócio-fundador do Prosas, uma plataforma que conecta iniciativas sociais com o terceiro setor.
Atendimento digital
O SAC das empresas, nos dias atuais, precisa cada vez mais se adaptar ao modelo digital, aponta Meir, o que forma outro relacionamento entre marcas e consumidores. Nesse sentido, Talita Lombardi, fundadora da Me Content, destaca que hoje quem decide em que canal vai ser abordado é o cliente – se por aplicativo, telefone, redes sociais. Ao mesmo tempo, aponta que o mercado B2B ainda está mais “offline”, o que é uma grande oportunidade.
O time
Uma das dificuldades que as startups enfrentam é recrutar novas pessoas para a equipe. Alguns postos mais técnicos, como o de programador, estão com o mercado bastante aquecido, o que por vezes torna complicado para a nova empresa competir com o salário oferecido.
Fora isso, é preciso encontrar os perfis alinhados com a organização. “A gente tem que formatar a cultura da startup, assim conseguimos contratar as pessoas certas e as deixamos à vontade com nossos valores”, acredita Fernanda Zerbin, CEO da Unifica. “No dia a dia, você precisa ser transparente, deixar que o time enxergue que está todo no mesmo barco, com autonomia para ficar confortável com os objetivos da empresa”.
Ghirello reforça que quando está clara a razão pela qual a startup existe, o que ela gera de bom para o mundo, as pessoas que se envolvem acreditam nesse propósito. “Isso cria contexto para o papel de cada um”, complementa.
Isso traz outro tipo de envolvimento com o negócio, torna-se uma grande paixão. “É um sentimento difícil de explicar, uma emoção. Você fica 24 horas pensando naquilo, trazendo boas pessoas para o seu lado. Para mim, é minha primeira casa, passo o dia todo com meu time”, conta Bruno Felix, founder e CCO do RankMyApp.
Nova percepção
“O que falta para os brasileiros serem empreendedores melhores?”, provoca Meir. Lombardi entende que precisamos parar de achar que é fácil empreender por conta de tantos casos de sucesso que aparecem na mídia. “As pessoas precisam levar a sério mesmo pensando em resultados e não em faturamento. Precisamos tirar o glamour e colocar foco”.
Para Barroso, algo muito incômodo é essa percepção de que uma startup só deu certo depois que captou o primeiro investimento. O próprio Prosas, os empreendedores decidiram que iriam crescer de forma orgânica para só depois pensar nos investidores – e a operação está plenamente ativa.