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Diversidade não é pauta, é prática

Diversidade não é pauta, é prática

A especialista Vitor Martins fala sobre o que, de fato, contribui com a inclusão, impactando a sociedade positivamente.

Você já deve ter ouvido e visto nos últimos tempos muito sobre a importância da diversidade e inclusão. Propagandas e produtos que contemplam essa questão se tornaram mote de campanhas e passaram a ser vistos com olhar de evolução pela sociedade. Outra abordagem é as palestras e discursos que as empresas promovem sobre o assunto. Mas será que isso faz parte da responsabilidade social sobre a evolução do tema?

É a respeito dessa questão que a mentora, palestrante e especialista em diversidade, Vitor Martins, expõe em um dos painéis do Conarec 2022. Como mulher trans, a palestrante se debruçou no assunto durante sua vida profissional e acadêmica. O primeiro ponto que ela explora é entender que as bases teóricas possuem relevância. Mas o principal é “começar a refletir sobre como nós podemos ir além da pauta, além dos discursos e pensar como, de fato, diversidade e inclusão podem mover os ponteiros organizacionais e obviamente impactar a sociedade”, introduz a mentora.

Acompanhe a cobertura completa do Conarec 2022

Diversidade é prática

A sociedade é composta por indivíduos e instituições (de escolas, hospitais a organizações privadas), e elas também têm uma função social, seja servindo ou produzindo algo. Desse modo, nós e as organizações temos responsabilidades, sendo que se a sociedade progride, as organizações prosperam. E o contrário também é verdadeiro.

Assim, de acordo com Vitor Martins, pensar nesse processo mostra que não dá mais para só discutir. As organizações devem praticar a diversidade e inclusão, ou seja, exercer uma prática sobre a temática, já que é uma função social pela qual essas organizações também são responsáveis.

A mentora sugere deslocarmos a ideia de pensar nossos papeis individuais para pensarmos as responsabilidades institucionais e coletivas. “Eu, enquanto pessoa, consigo fazer uma coisa; eu, enquanto instituição, eu consigo fazer outra coisa e, talvez, com um impacto ainda maior do que eu, enquanto indivíduo, consiga fazer sozinho”, explica a especialista. Desse modo, percebe-se a relevância das marcas em agir genuinamente nas causas sociais.

Entendendo as diferenças

É sabido a diferença social, no mercado de trabalho e de papéis entre gênero, raça e classes sociais. Da mesma maneira, quando olhamos para as gerações mais antigas, percebemos uma certa evolução ao que tange acesso à saúde, educação e outros núcleos que colaboram com a dignidade humana, apesar de ainda existir uma forte desigualdade no Brasil.

Nessa linha, a média de vida do brasileiro tem aumentado nos últimos anos. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida em 2010 era 73,8; atualmente é 77,2 anos. Ou seja, tivemos um aumento de mais de três anos. No entanto, esse crescimento não se aplica, por exemplo, à classe das pessoas trans. Conforme o dossiê “Assassinatos e violências contra pessoas Trans em 2021”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a expectativa de vida das pessoas trans no Brasil, quando são brancas e médias, é de 35 anos. Já quando são negras, a esperança cai para 28 anos de idade. “Isso significa que a estrutura da sociedade funciona para que nós, pessoas trans, tenham uma expectativa de vida inferior à maioria da população”, destaca Vitor Martins. Além disso, a questão racial é relevante, o que demonstra a necessidade de se praticar políticas direcionadas.

A especialista em diversidade aponta que se as instituições (sistema de saúde, universidades, escolas, empresas…) não se reconhecem no papel de se comprometer ou de acreditar que há uma responsabilidade sobre este impacto que ocorre com pessoas trans, significa que esses indivíduos vão continuar tendo uma expectativa de vida baixa. Isso porque eles, por si mesmos, não são capazes de prolongar suas vidas. É necessário ter um sistema de saúde que funcione para essas pessoas, escolas inclusivas e que evitem a evasão, além de empresas que pratiquem a diversidade, ou seja, contratem-nas. “Então, perceba que não há possibilidade de pensar nossa sociedade de forma separada”, sustenta Vitor Martins.

Para aclarar ainda mais, a mentora parte da abordagem sistêmica da Psicologia, entendendo que somos percebidos como sujeitos em relação. Sendo assim, da mesma forma que uma pessoa afeta o mundo, o mundo a afeta da mesma forma; como uma bola arremessada à parede. “Se todos somos sujeitos em relação significa que o impacto que uma determinada empresa faz na sociedade, não impacta só ela, mas também todos os stakeholders”, reflete a especialista.

Pauta e prática

Além do discurso sobre diversidade, pensar práticas dentro das instituições das organizações é aceitar as responsabilidades e assumir à frente de quais são as necessidades da sociedade. E isso não faz as empresas perderem o objetivo final, que é a geração de lucro. Uma organização privada pode, sim, conquistar vantagens financeiras conjuntamente promovendo impacto positivo na comunidade, seja com a disponibilização de seus produtos ou serviços, programas afirmativos para pessoas com deficiência, de formação para mulheres, de aceleração de carreira, ou investimento em microempreendedores negros, por exemplo.

“Infelizmente ainda não estamos nesse estágio, a qual todas as organizações já assumiram o compromisso de tornar a diversidade não só um discurso, mas uma prática”, revela Vitor Martins. Diversity washing é um termo antigo que vem se popularizando e mostra exatamente o que muitas marcas fazem: mascarar a diversidade. Criar campanhas e comerciais sobre diversidade são exemplos dessa prática. No entanto, essas ações não trazem benefícios para a sociedade, apenas se tornam uma forma de autopromoção e branding, já que cada vez mais o mundo observa a questão como importante.

Para sair do discurso e diversity washing faz-se necessário mover os ponteiros da questão, seja transformando dentro das instituições, com programas de contratação ou incentivos; ou promovendo benefícios sociais, que tenham um impacto maior que se um único indivíduo atuasse. Vitor Martins conclui sua fala com motivação: “O importante não é por onde começar, mas começar. Quando vocês começarem, perceberão que haverá milhares de caminhos a serem trilhados”, finaliza.


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