Você sabia que a mulher negra recebe menos da metade do salário de um homem branco? E que ela fez parte de menos de 7% das contratações em São Paulo no ano de 2020? A pesquisa, realizada pela Box1824, em conjunto com o Indique uma Preta, coloca em evidência um dos grandes problemas no mundo dos negócios: a falta de diversidade.
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E esse é justamente o tema de uma das rodas de conversa do Conarec 2021, que trouxe à tona a seguinte questão: “por que a diversidade faz bem para os negócios?”. Para discorrer sobre o assunto, contamos com a presença da fundadora da Confraria Mulheres Inspiradoras, Geovana Quadros, da líder de comitê de inclusão e diversidade KPMG no Brasil, Patrícia Molino, do diretor corporativo de crescimento compartilhado da AMBEV, Carlos Pignatari, do presidente do Icom libras, Cid Torquato e da head de cultura, diversidade, equidade e inclusão recursos humanos da General Motors, Adriana Quintas.
Ausência de representatividade é evidente no país
Imagine uma grande empresa que conhece ou trabalha! Agora tente contar quantas pessoas com deficiência trabalham neste local! Repita o mesmo processo e contabilize o número de negros, LGBTQIA+ e mulheres, por exemplo. Provavelmente deve ter percebido que estes grupos são a minoria ou nem fazem parte das grandes corporações, não é mesmo?
Tal situação foi vivenciada de perto por Cid Torquato, que antes de estar à frente da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (PCD) de São Paulo, percebeu que, dos 70 funcionários do órgão, somente 5 eram realmente pessoas com algum tipo de deficiência. A situação, entretanto, foi alterada após a adoção de ações inclusivas e, ao final da gestão do palestrante, houve um aumento de quase 40% do número de PCD.
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“Embora existam muitas leis com relação a esses grupos, muito pouco é colocado em prática. Precisamos ver essas pessoas como cidadãos. A deficiência deve ser incluída no discurso da diversidade humana”, explica o presidente do Icom libras.
De acordo com um estudo realizado em 2018 pelo RAIS e divulgado pelo Ministério da Economia, entre os 46,6 milhões de empregos formais no Brasil, menos de 420 mil eram ocupados por pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa um aumento de 3,79% se comparado aos dados acumulados desde 2015.
A diversidade na prática e a introdução de ações afirmativas no ambiente de trabalho
Essencial para promoção de um ambiente de trabalho saudável e para o incentivo das trocas de experiência entre diferentes perfis profissionais, a diversidade nas empresas faz parte da Agenda ESG e pode ser considerada como uma importante estratégia de negócio.
Segundo um estudo realizado pela McKinsey & Company, as empresas com diversidade étnica e de gênero possuem, respectivamente, 33% e 21% de chance de serem mais lucrativas, já que contratam profissionais que geram identificação durante o atendimento ao cliente.
Além disso, as ações inclusivas geram um sentimento de pertencimento nos funcionários, o que contribui para a melhora do clima organizacional, gera mais flexibilidade entre as equipes e diminui a rotatividade de funcionários. Com mais espaço e liberdade de fala, os colaboradores passam a vestir a camisa da empresa e, consequentemente, melhoram suas produções e impactam, de forma positiva, no crescimento da organização e na melhora da experiência do cliente.
Muitas grandes corporações vêm adotando ações inclusivas para ampliar a diversidade empresarial, como é o caso da cervejaria AMBEV, que encabeçou uma série de projetos voltados para o incentivo à pluralidade de pessoas na composição da equipe.
Através de parcerias com a ONU e com várias empresas voltadas para os direitos LGBTs, a cervejaria passou a criar vários grupos internos para incentivar a autenticidade no ambiente e evitar que os colaboradores sofram qualquer tipo de preconceito.
“A AMBEV só vai crescer se o Brasil também crescer. Então quais são os tipos de ações para que isso ocorra de forma diversa? Por meio deste raciocínio, passamos a elaborar estratégias que ampliam o ecossistema de pessoas negras, não só internamente, mas com relação aos fornecedores, por exemplo”, afirma o diretor corporativo de crescimento compartilhado da AMBEV, Carlos Pignatari.
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Na mesma linha de raciocínio está a KPMG, que deu vida ao projeto “Impulse”, um programa de capacitação para jovens negros que desejam estudar inglês e informática. Além disso, a organização desenvolve outras ações afirmativas voltadas para a inclusão dos grupos de LGBTQIA+, mulheres negras e de pessoas deficientes no ambiente organizacional.
“Pensando no processo de diversidade, acho que é bem importante falarmos na questão da equidade e de como é possível incluir as pessoas a partir das suas histórias. É nessa direção que podemos trabalhar o conceito de ação afirmativa, que é uma das maneiras que temos para transformarmos o espaço das diferenças com relação à oportunidade e reconhecimento entre os diversos grupos e indivíduos”, explica Patrícia Molino, líder do comitê de inclusão e diversidade KPMG no Brasil.
Geovana Quadros, fundadora da Confraria Mulheres Inspiradoras, também expõe as visões e projetos desde grupo com relação ao tema diversidade. “Muitas empresas globais fazem propagandas voltadas para este assunto, mas a questão é: ‘de que maneira conseguimos incluir as ações dentro de uma estrutura já montada?’
Falando em equidade, no Mulheres Inspiradoras fizemos um projeto para incentivar as garotas de 18 a 25 anos a conquistarem seus espaços na alta liderança de uma empresa”, aponta a palestrante.
Ainda com relação aos projetos voltados para a ocupação de cargos de liderança por mulheres, a General Motors elabora ações destinadas a este fim e, desde 2021, garante que os processos seletivos para contratação sejam compostos por 50% de mulheres. Os resultados têm sido positivos, já que somente no primeiro semestre de 2021 foram observados que de todas as contratações, 53% foram do sexo feminino.
“Estamos em pró de uma sociedade justa, inclusiva e sustentável. Para isso, a GM deseja se tornar a empresa mais inclusiva do mundo e abrir portas para diversas áreas de atuação, desde a operação até a liderança”, finaliza a head de cultura, diversidade, equidade e inclusão de recursos humanos da General Motors, Adriana Quintas.
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