Todo ano, na terceira quinta-feira de maio, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização sobre Acessibilidade (Global Accessibility Awareness Day – GAAD, em inglês). Mais do que um lembrete comemorativo, a data reune ativistas, pesquisadores, sociedade civil e pessoas com deficiência para discutir o acesso às tecnologias digitais e à internet. Em novembro de 2011, o desenvolvedor Joe Devon, de Los Angeles, nos Estados Unidos, escreveu um post argumentando que havia poucas fontes de informação sobre acessibilidade digital no mundo.
O conceito, presente na Lei Brasileira de Inclusão, se refere à possibilidade de que todas as pessoas, independente de suas habilidades físicas, sensoriais ou intelectuais, utilizem a internet e seus dispositivos de acesso.
O post de Devon questionando a falta de informações sobre o assunto chamou a atenção de outro especialista, Jennison Asuncion, do Canadá. Juntos, os dois resolveram criar essa data simbólica, que foi bem recebida pela comunidade com deficiência, para aumentar a visibilidade dos problemas e das soluções.
“O propósito deste dia é de falar, pensar e aprender sobre acessibilidade digital (web, software, portáteis, etc.) e os diferentes tipos de usuários, incluindo pessoas com deficiências”, escreveram os dois em um manifesto.
“A audiência que queremos atrair para o GAAD são as comunidades de design, desenvolvimento, usabilidade, e também os que criam, apoiam financeiramente e influenciam a indústria de tecnologia e seu uso”.
Essa falta de conhecimento de empresas sobre acessibilidade pode prejudicar clientes com deficiência. Em 2020, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br) calculou que apenas 36,8% de pessoas com deficiência acessavam a internet no Brasil, número bem abaixo do grupo sem deficiência, com quase 60%.
Dentre os fatores elencados pelo Nic.br, além de questões de custo de internet e habilidade digital, estava a falta de acessibilidade de sites e aplicações. Muitas empresas constroem websites e aplicativos sem levar em conta as peculiaridades e habilidades de pessoas com deficiência. Por exemplo, cegos precisam que imagens do sites sejam descritas para que consigam entender o que a foto quer dizer. Já para pessoas com deficiência intelectual, uma versão em texto simplificado ajuda no entendimento de um post ou de informações mais densas.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem cerca de 12 milhões de pessoas com deficiência. O número deve aumentar nos dados do censo de 2022, segundo projeções do envelhecimento da população feito pela Organização Mundial da Saúde.
Há, assim, um grande número de clientes que acabam ficando fora do planejamento por falta de acessibilidade nas aplicações digitais.
Segundo a Lei Brasileira de Inclusão, no artigo 63, empresas com sede no Brasil precisam oferecer sites acessíveis para pessoas com deficiência. Mas um dos problemas da legislação é a fiscalização e e a falta de conhecimento técnico sobre o tema.
Fontes de informação
No espírito de aumentar as informações sobre a acessibilidade, um grupo de pesquisadores brasileiros escreveu um livro com dicas para melhorar esse tema na comunicação.
Gratuito, o e-book “Comunicação e Acessibilidades: um guia para práticas hospitaleiras”, organizado por Sônia Pessoa, Camila Mantovani, Angela Marques e Phellipy Jácome, traz aplicações práticas sobre acessibilidade e hospitalidade em discursos, produtos midiáticos, audiodescrição, eventos, ambientes digitais, além de direito à Comunicação e à Acessibilidade.
“Acreditamos que pode ser uma fonte de consulta útil para estudantes, professores, profissionais de Comunicação e de mídias digitais, além de pessoas interessadas em promover uma sociedade mais inclusiva em seus negócios e atividades profissionais”, disse Sônia Pessoa, doutora em Estudos Linguísticos e professora da UFMG.
Outras boas fontes de informações são as diretrizes de conteúdo acessível da W3C, treinamentos da ONG Web para Todos e consultorias da empresa da Tudo é Acessibilidade.