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Desfrutar de tudo sem ter nada

Desfrutar de tudo sem ter nada

As pessoas querem usufruir dos serviços, das coisas, das inovações, mas não necessariamente tê-las. A sua empresa está preparada para essa realidade?

De todas as sísmicas mudanças que impactam os diferentes mercados e segmentos de atividade – com intensidade ainda maior no varejo – talvez a mais relevante seja aquela manifestada pelas novas gerações de consumidores, substituindo a necessidade da posse pelo acesso puro e simples.

Devagar e sempre, essa tendência vem encontrando espaço e afetando diversas empresas, sorrateiramente. Apresente-se o executivo que não cedeu à tentação de trocar a aquisição de licenças de software pela assinatura mensal, semestral ou anual. Ou quem não percebeu o quão cômodo é assistir à uma programação de vídeos, filmes, séries e documentos via streaming sob demanda (o serviço mais popular é o quase onipresente Netflix)?

Uma parcela de consumidores – principalmente os mais jovens, Millennials e até mesmo integrantes da Geração Z – são consumidores habituais de serviços de “motorista particular” e também de “hospedagem residencial”. Por onde vemos que empresas como o Uber oferecem mais viagens em diversas cidades do mundo sem ter uma frota (ou mesmo um carro) e o AirBnb tem mais locais disponíveis para acomodação sem ter um só hotel ou quarto.

Mas o que exatamente esses novos negócios representam? A ideia geral é que estamos entrando na fase da “economia compartilhada” ou “anarcoeconomia”, segundo definição do Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS). Segundo os futuristas, a tendência marcante e que se estabelecerá de forma intensa reflete a substituição da posse pelo acesso. Em resumo: as pessoas querem usufruir dos serviços, das coisas, das inovações, mas não necessariamente tê-las como propriedade.

Uma ideia defendida por Walter Longo, Presidente-executivo do Grupo Abril, é que estamos diante de um contingente de consumidores que quer “aproveitar o melhor de tudo e não comprar nada”. Os impactos dessa tendência serão extremos em diversos segmentos da economia – construção civil, automóveis, restaurantes, varejo. Em contraponto à lógica industrial, onde a produção era incrementada por meio de inovação ou aperfeiçoamento de produtos – que seria desejados e, portanto, possuídos – a ideia geral agora é produzir menos para mais pessoas.

Pois bem: esse modelo é sustentável? Ele irá destruir empregos, vagas de trabalho? Em tese, a economia compartilhada prevê um uso mais eficiente das “coisas”, dos produtos e serviços, na medida em que mais pessoas usarão esses artigos com menor ociosidade. Ao mesmo tempo, menos artigos serão necessários, na medida em que todos serão submetidos a um “rodízio” de uso. Talvez isso não seja tão evidente quando pensamos em produtos perecíveis – a comida que alimenta um não alimenta outro em rodízio – mas roupas.

Dê uma busca rápida na internet e encontre sites e negócios voltados para o reuso de moda. Com o Uber e a ascensão dos carros autônomos e compartilhados, menos carros serão necessários nas ruas e menos vagas para estacionamento ficarão disponíveis. O custo dos seguros de automóveis, com cobertura para acidentes será reduzido dramaticamente. Televisores, celulares, aparelhos de som, furadeiras, móveis, quartos, residências poderão ser compartilhados, aumentando o uso medido em horas/dia e reduzindo a busca por novas unidades. Isso irá implicar em reduzir vendas das lojas? Como ficarão os estoques? Em tese, tudo poderá ser consumido sob demanda. Os “Dash buttons” da Amazon talvez se tornem onipresentes, facilitando a reposição de artigos diversos com apenas um toque de botão e eliminando a compra de estoques nas residências.

A geração que quer desfrutar de tudo sem ter nada ainda conta com um argumento poderoso em seu favor: a economia de recursos, a eficiência no uso das mercadorias, em linha com a necessidade de sermos mais conscientes com o planeta e o meio-ambiente.

A sua empresa está preparada para essa realidade? Contemplou esse cenário na visão dos próximos 5 ou 10 anos? Como se pensa em um negócio feito para “vender menos”? E como se “vende” para sistemas de Inteligência Artificial que, hipoteticamente, podem já predefinir os padrões de consumo dos clientes?

Talvez as forças que impulsionam a “economia compartilhada” não sejam tão intensas. Talvez ela tenha efeitos localizados. Mas de algum modo, essa tendência irá afetar negócios diversos e condicionar mudanças no varejo.

O futuro acena para mais um item na agenda de esforço das empresas de varejo: além de ajustar continuamente a operação e criar experiências gratificantes para os consumidores, elas deverão mostrar por que comprar e ter faz sentido para pessoas que se acostumarão a alugar e usufruir.

*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.

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