Pela primeira vez nos últimos oito anos, o consumidor brasileiro demonstra intenção de ampliar seus gastos. Outro dado positivo é que os consumidores estão mais conscientes e buscam canais e ofertas que permitam a recuperação de sua estabilidade financeira. Os números são da pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) “Consumer Sentiment 2019 – Consumo pós-crise: o comportamento do consumidor em 2019”, realizada com 2 mil consumidores em todo o território nacional.
Para 71% dos entrevistados, a economia vai melhorar nos próximos seis meses, visão em sintonia com outros indicadores do mercado: crescimento significativo no mercado de ações (valorização de 12% na comparação entre fevereiro de 2019 e novembro de 2018), confiança da indústria (aumento de 7p.p. em 2018) e receita nominal no último Natal (ampliação de 4% em comparação a 2017, segundo a pesquisa mensal de comércio – IBGE).
Consumo represado
Segundo o estudo, 39% dos entrevistados pretendem comprar itens adiados nos últimos anos (índice 13 pontos percentuais acima do verificado em 2017), 21% declaram que gastarão mais por estarem cansados da crise (8 pontos percentuais acima do levantamento anterior) e 17% alegam que irão gastar mais pelo fato de que poupar já não seria mais uma decisão segura (6 pontos percentuais acima).
Produtos premium
A pesquisa mostra ainda que o índice de consumidores que pretendem adquirir produtos e serviços mais caros é o maior dos últimos cinco anos, 28% em 2018 contra 17% no ano anterior. “Há oportunidades também para marcas e categorias premium nos segmentos automobilístico, de eletroeletrônicos, eletrodomésticos, smartphones, bebidas e cosméticos. Porém, o consumidor exige maior qualidade e durabilidade e entrega de resultados com um preço justo”, afirma o sócio Daniel Azevedo, líder da prática de Consumo do BCG no Brasil.
Varejo
Os dados do Índice Cielo do Varejo Ampliado reforçam o levantamento feito pelo BCG. O varejo brasileiro iniciou 2019 com um crescimento nominal de 7%, mesmo ritmo de crescimento dos últimos meses de 2018. Este patamar de crescimento não ocorria desde o início de 2015, antes do aprofundamento da crise econômica, o que demonstra a tendência de retomada da economia.
Ainda segundo o ICVA, em 2018 foi observada uma nova tendência entre o consumidor brasileiro, que priorizou as compras nas principais datas comemorativas do ano, como Dia das Mães, Dia dos Pais, Black Friday e Natal, que tiveram crescimento acima do ritmo de seus respectivos meses.
Entre os hábitos de consumo também se observa o crescimento de receitas de vendas de e-commerce bem acima do varejo tradicional. A média de crescimento das compras online nos últimos 5 anos foi de 15%, 2,8 vezes maior que nas lojas físicas.
O ICVA mede a variação ano contra ano da receita nominal de vendas no comércio varejista brasileiro. O índice parte da base toda de clientes (varejistas) da Cielo, que totalizam mais de 1 milhão de pontos de venda ativos e que representam aproximadamente 60% dos varejistas do país, bem distribuídos por região, setor e porte das empresas. Por meio de modelos estatísticos, são eliminados os efeitos de relação de market share da empresa e também a de participação de pagamentos por meios eletrônicos. Assim, o ICVA representa de fato a dinâmica com varejo como um todo, independente da performance da Cielo e independente da variação da participação de cartões no comércio.