Foi-se o tempo em que pensar em operadora de telecomunicações se limitava à telefonia móvel e internet em casa. Com a alta dos dispositivos IoT (internet das coisas) e disseminação das tecnologias, o papel dos stakeholders de telecom está evoluindo para protagonismos inéditos nas mais diversas áreas produtivas.
A velocidade da Indústria 4.0 depende das telecom.
No contexto de vertiginosa reformulação das redes de suprimentos do Brasil e do mundo, o setor de infraestrutura pede cada vez mais internet para funcionamento de serviços automatizados e automação industrial. Já quanto à sociedade da informação, sua construção demanda cada vez mais conexão, mais capilaridade geográfica e conexão 5G para uma internet literalmente de todas as coisas.
“Acreditamos que o 5G atenda aos principais motivadores socioeconômicos da sociedade, como saúde, energia, logística, agricultura, manufatura, segurança, tecnologia de informação e comunicação e economia criativa”, comenta Alberto Griselli, chief revenue officer da Tim Brasil.
Para isso, as operadoras precisam estar prontas para atuar em diversas frentes com o 5G, indo desde a oferta de soluções que habilitam a transformação digital nas empresas até condições que permitam o uso maciço de aplicações de IoT. “A habilitação do IoT de forma massiva, de altíssima velocidade e soluções de baixa latência, será o grande diferencial do 5G e aumentará a popularização e evolução dos dispositivos IoT”, enfatiza o executivo.
Centros urbanos e zonas rurais
O segmento de IoT atende verticais como mobilidade, agronegócio, serviços de utilidade pública, mineração e outras áreas que demandam a colaboração de todo um ecossistema de parceiros técnicos e negócios se associando em prol de uma cadeia de valor. A Vivo, por exemplo, trabalha com parceiros desde 2017 em seu Open IoT Lab para desenvolver soluções comerciais em IoT com o baixo consumo de energia, alta cobertura e a maior possibilidade de conexão com os objetos que a tecnologia NB-IoT traz ao B2B.
Nos últimos anos, o maior protagonismo das operadoras de telecomunicações se acelerou e tornou real aplicações há pouco quase inimagináveis.
“Hoje, temos uma série de iniciativas voltadas para a gestão de soluções urbanas e mobilidade que já estão disponíveis e rodando com rede 4G. Com o uso da tecnologia NB-IoT, é possível viabilizar sistemas de iluminação pública inteligente, com recursos de telemetria, que permitem transmitir a leitura do consumo de energia ou aumentar e diminuir a intensidade de uma luminária. É possível fazer a gestão remota de uma série destes equipamentos, com manutenção preventiva e mais agilidade na detecção e resolução de problemas”, conta Griselli.
As operadoras de telecomunicação não estão apenas nos postes das ruas. Elas atendem o setor de transporte com conexão, rastreamento e gestão de veículos em todo território nacional. “Nos últimos anos, com o uso da tecnologia 4G LTE, a Tim iniciou seu desenvolvimento de soluções IoT em diferentes segmentos da indústria e toda cadeia produtiva do país se conecta através do sistema logístico”, explica o executivo.
Hoje, as grandes operadoras no Brasil têm parcerias com montadoras para oferecer internet nos carros. Tim, Claro e Vivo chegam a oferecer conectividade nativa a veículos na faixa dos 40 GB mensais de dados, que além de roteador sem fio, trazem funcionalidades como sistema de diagnóstico do automóvel e localização.
As operadoras também estão nos campos. A conectividade no agronegócio cobre milhões de hectares com 4G facilitando a vida do produtor ao possibilitar o funcionamento de plataformas de monitoramento de lavouras e gestão de equipe, procedimentos à distância em áreas de risco e acompanhamento de mercadorias até o centro de distribuição.
Casas inteligentes
Seja na cidade ou no campo, uma residência média já exige boa conexão à internet – seja para trabalho ou para entretenimento. Com a pandemia, as pessoas se voltaram ao conforto e segurança de seus lares, em um movimento que despertou a atenção das operadoras a novas demandas. De olho no sonho da casa conectada, as operadoras começaram a oferecer promoções e promover ideias de casas conceito em suas lojas no intuito de aproximar os clientes das novas tecnologias.
E as operadoras buscam se adiantar ao movimento uma vez que detectam tal tendência.
“Atualmente, os serviços mais procurados são para a área de segurança residencial – como monitoramento por vídeo -, energia elétrica e entretenimento, smart TVs, equipamentos de áudio e assistentes virtuais. Por estes aparelhos se tornarem cada vez mais populares, a demanda por ultra banda larga também vai aumentar, a partir da ativação do 5G e a massificação do IoT no Brasil”, alerta Griselli.
Mas, e os que ficaram para trás?
Enquanto testam seus protagonismos na solução de desafios sociais junto a governos e organizações, as operadoras têm seus serviços consumidos nas mais variadas faixas econômicas, e reconhecem seu papel no avanço da inclusão digital brasileira por meio da telefonia móvel.
“De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE, o celular é o principal meio de acesso à internet no País, com 98,1% das pessoas navegando pelo smartphone. Temos um papel relevante na inclusão da sociedade, principalmente nesse cenário de pandemia, no qual a conectividade passou a ser essencial”, diz o CRO da Tim.
O barateamento de aparelhos para uma experiência de uso avançada tem levado as operadoras a focar em promoções de modelos “de entrada” que tenham acessibilidade o bastante para compras online e internet banking etc. “Hoje, por exemplo, temos ofertas com conteúdos de streaming inclusos”, observa Griselli. “A digitalização da sociedade é uma realidade e as empresas precisam acompanhar essa evolução. Principalmente em um mercado como o Brasil, que é o segundo do mundo em consumo de internet em geral e mídias sociais.”
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