Ao fim do segundo dia de Whow! Festival de Inovação 2018, aconteceu uma Visita Criativa que ampliou horizontes. A ampla paisagem do 24º andar do Rochaverá Corporate Towers é um detalhe perto da dimensão da visão de Cássio Azevedo, cofundador e sócio da AeC, e do conhecimento do cientista, matemático e especialista em tecnologia Fábio Gandour.
Na ocasião, dentro do escritório do Robbyson, tecnologia desenvolvida pela AeC que alterou a perspectiva da gestão de pessoas, Azevedo contou sobre desafios e vitórias vividas junto ao cofundador da empresa, Antônio Guilherme. “Quando começamos nosso negócio, ter uma empresa de ‘informática’ era coisa do futuro”, diz.
Como ele reforça, a inovação esteve sempre em momentos históricos, desafiando o presente. Em outros momentos, a internet, a corrida para o espaço e outras muitas novidades surpreenderam o mundo. Da mesma forma, durante muito tempo houve empresas que precisaram atuar em áreas específicas – como tecnologia, relacionamento com clientes, hotelaria, transporte, etc.
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Porém, o tempo e as inovações trouxeram negócios que desafiaram a segmentação pura e simples – como Uber, Amazon e Netflix. O grande negócio dessas empresas, na verdade, é a coleta de dados. Eles permitem melhorias garantidas e assertivas, uma atuação direcionada para o que realmente é esperado.
O uso de dados foi, inclusive, o que baseou a criação do Robbyson: ferramenta de gestão que permite, por meio da gamificação, que colaboradores, gestores e até mesmo o board da AeC tenham acesso a detalhes de cada operação e desempenho. “Ampliamos a visão e a comunicação do gestor exponencialmente, ajudando a melhorar os resultados da empresa”, diz.
Feita essa explicação, Azevedo cedeu a palavra à Fábio Gandour. O executivo, que fez parte da equipe da IBM e se tornou cientista-chefe da empresa, foi estudante de medicina e, posteriormente, um apaixonado por matemática, ciência e, posteriormente, tecnologia.
Em uma apresentação envolvente e curiosamente encadeada – fazendo conexões entre temas variados, usando metáforas e exemplos diversos –, Gandour contou sobre pontos de vista que desenvolveu ao longo da carreira.
Como afirmou Azevedo, hoje, “os dados são o novo petróleo”. Quando o mundo dos dados começou a fazer parte da realidade, porém, essa percepção não existia e as pessoas tinham medo deles e, por isso, os coletavam. “O preço do armazenamento foi caindo e a indústria tinha que pensar em algo para fazer com eles”, diz Gandour. E foi nesse contexto que surgiu o Big Data.
Não foi à toa, porém, que esse medo surgiu entre as pessoas: a tecnologia e os dados realmente têm grande impacto, ao ponto que tem transformado conceitos com os quais a humanidade já está acostumada. Um exemplo é a ideia de serviços, que nunca teve uma definição conceitual definitiva, mas obteve algum esclarecimento pela indústria de Call Center, na Califórnia.
Gandour explica, porém, que um serviço é uma “interface entre um usuário e um sistema usável”. Historicamente, a interface entre o consumidor e tal sistema tem sido o humano. Mesmo isso, porém, tem mudado. A tecnologia criou a possibilidade de serviços serem prestados por máquinas, excluindo aquele que sempre fez parte do processo essencial de tal negociação.
Esse é um fato que tenderá a atingir outros contextos. O humano, cuja evolução remonta à milhões de anos, tende a se unir à tecnologia, criando o que Gandour chama de “transhumano” ou “humanoide”. “Quando estudamos uma espécie, estudamos especialmente a alimentação, e o ser humano comia de tudo. Hoje, por conta da intervenção da tecnológica, ele consome especialmente informação: se se tornou um infornívero”, afirma. “A tecnologia está impactando o comportamento humano”.
Dentro dessa argumentação, ele apresenta a Pirâmide de Maslow, desenvolvida por Abraham Maslow, que apresenta a hierarquia de necessidades humanas. Como Gandour explica, porém, a tecnologia alterou as necessidades básicas, alterando itens como “bateria” e “Wi-FI”. Parece piada, mas é isso o que vivemos atualmente.
“Tive a oportunidade de estar com Stephen Hawkins e, na ocasião, ele afirmou que o século XXI seria marcado pela complexidade”, conta. “Na ocasião, eu obviamente respeitei a opinião dele, mas não acreditei. Hoje, porém, sei que ele tinha toda a razão”, diz.
Quem manda em quem?
Gandour defende que é preciso tomar cuidado com “achados casuais” no uso de dados, pois coincidências podem ser confundidas com padrões. Como exemplo, ele cria a hipótese de que uma loja percebe que a venda de sapatos amarelos aumenta durante a lua cheia. E passa a basear a montagem da vitrine dessa ideia. Consequentemente, o número de sapatos amarelos vendidos nessa fase lunar realmente aumenta. Assim, é criada uma falsa realidade.
“A análise de dados tem que feita com metodologia científica: hipóteses, testes para, enfim, obter uma confirmação”, defende. Apenas dessa forma, na visão de Gandour, é possível garantir insights e decisões assertivas a partir dos dados. O mesmo vale para a Inteligência Artificial: para que ela construa seus próprios raciocínios é preciso que tenha “valores”, regras às quais obedecer, alinhadas à estratégia empresarial, pelo menos.
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