Receitas milagrosas para emagrecer ou ganhar peso existem aos milhões na internet. No entanto, há sempre aquela recomendação: “Procure um médico e depois um nutricionista”. No entanto, essa recomendação foi colocada em xeque pelo Proteste (Associação de Consumidores) – e sobrou para quem é o especialista em alimentação.
Um recente estudo realizado pela PROTESTE verificou na prática o que foi “prescrito” às pessoas e o resultado foi assustado. Segundo o órgão, 45% dos nutricionistas consultados prescreveram dietas desequilibradas, algumas de baixo valor calórico mesmo para quem não precisava emagrecer, e com restrição de grupos alimentares importantes, como carboidratos.
A qualidade da informação deixou a desejar em muitos casos, sem a prescrição de dieta adequada. Em um dos casos identificados pela Proteste, uma pessoa de baixo peso recebeu uma dieta semelhante prescrita para uma obesa. Detalhe: por três nutricionistas.
Cerca de 30% dos nutricionistas procurados por pessoas magras prescreveram dietas hipocalóricas – uma especialista recomendou apenas quatro refeições por dia. Para os obesos, foram constatados erros comuns, como a indicação de perda de peso imediata.
Para o estudo, a Proteste considerou dois perfis extremos: um de pessoas obesas (IMC acima de 25) e outro de pouco peso (IMC 17). Eles foram a 40 consultas, sendo metade em São Paulo, e metade no Rio de Janeiro. As mesmas nutricionistas foram procuradas pelo grupo que queria perder até 10 quilos e também pelo que estava abaixo do peso. Considera-se, em geral, um índice de massa corporal (IMC) satisfatório entre 18,5 e 24,9.
Entre os pontos negativos verificados destacam-se:
Histórico insuficiente: Questões sobre histórico familiar e hábitos alimentares foram insuficientes para traçar o perfil. Em sete visitas, as perguntas sobre a saúde foram insuficientes para se ter uma história clínica, e foram avaliadas negativamente.
Prazo expirado: Dieta encaminhada por e-mail fora do prazo fornecido na consulta e somente após solicitação por telefone.
Exame sem base científica: Após análise clínica, houve proposta de restrição de grupos alimentares importantes.
Suplemento: Prescrição e solicitação de suplemento a uma farmácia de manipulação sem consentimento da paciente.
Sem aferição: Peso e altura não foram conferidos por três nutricionistas, que consideraram apenas os valores informados pela paciente.
Jejum extenso: Proposta de jejum de seis horas entre café da manhã e almoço.
Consultas curtas: Duração entre 10 e 20 minutos, com pouca coleta de dados e entrega de dieta pronta.
Análise paga: Exame para avaliação da massa magra (bioimpedância) deveria ser pago à parte, mas isso só foi informado à paciente na hora da consulta.
Atividade física não foi estimulada: Não houve recomendação de exercício físico em nove visitas.
A orientação da PROTESTE após as conclusões é que não há uma fórmula milagrosa para a perda de peso, isso deve ser feito de forma progressiva, combinando um plano alimentar de reeducação e hábitos mais saudáveis como a prática de atividade física.
As dietas devem considerar a realidade de cada paciente (hábitos, histórico, preferências, etc) de forma a atender suas necessidades e prolongar sua adesão ao plano alimentar proposto. Pois ao se eliminar a dieta sugerida, mantendo os antigos hábitos alimentares (e físicos), tudo volta como antes.