Após o sucesso estrondoso e agora já comedido da Netflix e a chegada em avalanche de novas opções de plataformas ao consumidor, a novidade no mundo dos streamings são as movimentações das companhias em busca de modelos cada vez mais rentáveis.
A última delas foi o anúncio da Warner Bros. Discovery que suas plataformas HBO Max e Discovery+ serão unificadas em um novo serviço. Ainda sem nome, ele será lançado em 2023, com previsão de chegada na América Latina e Brasil entre os meses de setembro e dezembro.
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Neste meio tempo, os preparativos para a fusão já trouxeram alguns impactos para os usuários. Em agosto, a HBO Max avisou que irá remover mais 36 séries de seu catálogo, já em uma segunda leva de remoções. Outra polêmica envolveu o cancelamento do filme Batgirl mesmo após a conclusão das filmagens. A expectativa era que ele estrearia na plataforma no fim deste ano.
Com tantos novos players nesta guerra dos streamings, afinal, como fica o consumidor?
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O caso HBO Max e os impactos para o consumidor
A Warner Bros. Discovery surgiu com a fusão de duas já gigantes do setor audiovisual: Discovery e WarnerMedia (antiga AT&T). Com a junção, a nova companhia acumulou produtos de peso, como CNN, Cartoon Network, o universo DC, Eurosport, Food Network, TNT, New Line Cinema, Oprah Winfrey Network, entre muitos outros, incluindo os canais Discovery e HBO.
Desde abril deste ano, quando ocorreu a fusão, investidores e público em geral já estavam em modo de espera sobre quais seriam as medidas em relação aos streamings da companhia. A expectativa em torno de mudanças na HBO Max, em específico, eram uma das maiores.
No processo, os primeiros sinais de modificações vieram com a saída de dirigentes do alto escalão da Warner, inclusive o CEO Jason Kilar, que ficou famoso como um dos grandes defensores de lançamentos simultâneos no streaming e nos cinemas.
A nova administração acabou também revendo suas políticas de lançamento. O caso mais emblemático foi o cancelamento de Batgirl, cujas filmagens concluídas já haviam custado em torno de U$ 90 milhões. A justificativa para o sinal vermelho é que o filme não havia sido pensado como um produto para os cinemas, o que não condiz com os planos atuais da empresa de levar longas de super-heróis da DC primeiro para as telonas. O novo budget para produções exclusivas para streamings seria de, no máximo, U$ 35 milhões.
Agora, com o anúncio da fusão dos streamings HBO Max e Discovery+, o que o consumidor mais sentiu foi a onda de retiradas de séries e filmes do catálogo. A Warner Bros. Discovery já afirmou que isso continuará acontecendo até a chegada do novo serviço unificado, uma vez que o catálogo de ambos os streamings atuais deve passar por adaptações de acordo com as novas diretrizes da empresa.
Enquanto vai perdendo as opções do que assistir, o assinante ainda não sabe qual será o preço nem o que estará incluso no novo serviço que chega em 2023.
O que esperar da guerra dos streamings
Para a professora da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em marketing social, Claudia Acevedo, geralmente competição traz vantagem para o consumidor em termos de preço e qualidade em qualquer mercado. Ela, que pesquisa comportamento do consumidor e, em artigo publicado em 2021, estudou os hábitos de consumo dos usuários de streamings, vê esta movimentação ocorrendo no setor.
Alguns dados comprovam o cenário. Recentemente, a Netflix perdeu a longa dianteira em número de assinantes para a Disney. Enquanto a empresa do Mickey Mouse confirmou um total de 221,1 milhões de assinantes globais, em uma curva ascendente constante, a Netflix conta hoje com 220,7 milhões. No primeiro trimestre deste ano, pela primeira vez ela registrou queda, perdendo 200 mil clientes.
“A concorrência com certeza é um fator para essa diminuição. Mas também podemos citar a saída da Rússia, o fim da pandemia e o compartilhamento de senhas”, fala a pesquisadora, que lista Netflix, Prime Video (da Amazon), Disney Plus e Globoplay como os canais mais assinados no Brasil.
Ela completa que, com a guerra de preços, o consumidor poderá assinar mais plataformas ou escolher a opção mais barata. “No geral, ele espera preço baixo, qualidade, variedade e acesso amigável”, diz, lembrando que o usuário deste tipo de serviço também valoriza comodidade e o vê como fonte de lazer.
Além disso, algumas tendências apresentadas pelas empresas podem afetar o comportamento do público:
Planos com publicidade
Junto com o anúncio do novo streaming, a Warner Bros. Discovery também revelou que irá lançar uma nova plataforma de streaming grátis, financiada por publicidade. A opção deve se assemelhar a uma TV a cabo.
A Netflix também planeja lançar um plano mais barato com propagandas. Além das interrupções no meio dos filmes e séries, outras diferenças é que ele não contará com todo o catálogo da plataforma nem permitirá downloads.
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Taxa para compartilhamento de conta
A Netflix está testando limitar o compartilhamento de contas entre usuários que não moram no mesmo endereço. A estratégia vai contra o comportamento usual do brasileiro, constatado pela pesquisadora Claudia Acevedo. Segundo seus estudos, a maioria divide o preço do serviço com vários membros da família.
Superproduções e exclusividade
Dois lançamentos em datas próximas este ano podem dar o tom do que esperar em termos de superproduções e grandes orçamentos nos streamings. House of the Dragon, spin-off de Game of Thrones, da HBO que estreou no último dia 21, e Os Anéis do Poder, série derivada de O Senhor dos Anéis, na Prime Video, com estreia prevista para 2 de setembro.
Já a Globoplay foi bem-sucedida no lançamento de Rensga Hits!, série exclusiva para a plataforma de streaming. “O consumidor valoriza muito o conteúdo original”, fala a especialista em marketing social.
Streamings agregados
Uma última tendência que pode afetar as escolhas do público é a oferta de assinaturas agregadas a planos de televisão fechada.
Além da facilidade, alguns combinados têm preços mais atrativos. Na Claro TV Mais, por exemplo, enquanto o Disney Plus custa R$ 20,90 e o Star Plus custa R$ 25 nos 12 primeiros meses, o Combo Plus que oferece os dois serviços cai para R$ 35.
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